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No dia 10 de Junho, Lídia Jorge discursou.
Só ouvi até aos cinco minutos e tal porque estava à procura de confirmar a citação que fazia de um sobrinho meu e respectivo contexto, de resto, discursos deste tipo não são, de maneira geral, coisa a que dedique a minha atenção.
Já o que escreve João Pedro Marques interessa-me e foi por ele que fiquei a saber que Lídia Jorge terá feito umas afirmações alinhadas com o ar do tempo, sem grande rigor histórico, como resulta do ar do tempo, mas também sem importância excessiva (embora eu perceba perfeitamente a insistência de João Pedro Marques em corrigir estas coisas que se dizem porque está na moda dizer).
Este ar do tempo é o que faz uma activista como Joana Gorjão Henriques escrever o que escreve no Público, escolhendo quem quer para dizer o que ela quer, como faz a propósito de uma agressão a um actor que terá sido feita por neo-nazis (como se uma agressão feita por neo-nazis fosse diferente de outra agressão qualquer, especialmente para o agredido, nunca percebi esta coisa de procurar adoçar o comportamente de arruaceiros ligando as suas arruaças a justificações gerais, sejam elas quais forem).
Há sempre alguém que vem explicar aos pobres de espírito que somos todos nós que o Chega ter 60 deputados veio legitimar o discurso de ódio e normalizar o racismo, de maneira que deixou de haver vergonha em ser racista e outras estupidezes do mesmo tipo que uma parte da academia insiste em repetir.
É aqui que, neste post, entram as declarações racistas de Mamadou Ba.
"Mamadou Ba escreveu nas redes sociais que “é conhecida a história de linchamentos, torturas e assassinatos de pessoas negras na indústria carcerária, a nível global”.
“Tenho sempre muitas dificuldades em acreditar em ‘mortes naturais’ e, muito menos, em ‘suicídios’ de pessoas negras nas prisões. A minha convicção é que a probabilidade de serem mortas pela violência dos guardas prisionais é mais alta do que qualquer outra possibilidade de morte natural ou suicídio”".
Mamadou Ba há muitos anos, muito antes do Chega existir, não tem vergonha nenhuma de ser manifestamente racista, fazendo afirmações completamente tontas do género das que citei.
O sindicato dos guardas prisionais não gostou de generalização que Mamadou Ba, que o faz chamar assassinos aos guardas prisionais, e pôs uma acção em que pede quatro milhões de euros de indemnização (mil euros por cada um dos cerca de quatro mil guardas prisionais, que tenciona entregar às alas pediátricas dos Instituto Português de Oncologia, se ganhar a causa).
Eu acho que o sindicato fez uma grande asneira, não se processam racistas por fazerem afirmações racistas, Mamadou Ba, enquanto não passar aos actos (e não há nada no seu comportamento que sugira que tenciona fazer mais que declarações estupidamente racistas), tem todo o direito a fazer afirmações idiotas, que inclusivamente são contraproducentes em relação ao que supostamente defende (que não consigo perceber bem o que seja, parece que defende a discriminação positiva de algumas pessoas em função da sua cor, embora eu nunca tenha reparado que estenda a defesa desse ponto de vista explicitamente aos chineses e paquistaneses, mas posso estar enganado, não ligo assim tanto ao que diz e faz Mamadou Ba).
O direito à asneira é sagrado e a liberdade de dizer coisas tem uma amplitude e extensão que não deve ser limitada por decisões judiciais, a não ser em casos muito, muito específicos.
Para além disso, nem percebo a ideia de que qualquer um dos quatro mil guardas prisionais possa ter ficado ofendido, convenhamos que é preciso ser muito sensível para se ofender com as parvoíces de Mamadou Ba e não acredito que seja o caso da generalidade das pessoas.
Isto é apenas o ar do tempo, um manifesto racista como Mamadou Ba é tratado como activista anti-racista, a generalidade dos portugueses comuns são tratados como esclavagistas, apesar de no país não haver escravatura há mais de cem anos e não haver hoje um único português que tenha conhecido escravatura legal no país.
Na verdade, nem um discurso do dez de Junho, nem uma declaração de Mamadou Ba têm grande importância e, no entanto, cá estou a escrever sobre isso: é o ar do tempo.
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