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Madeira, fogo, botânicos e Darwin

por henrique pereira dos santos, em 25.08.24

Uma das coisas interessantes (para mim e talvez mais outras três pessoas) dos comentários à volta do fogo na Madeira é a reacção de uma parte relevante da elite da botânica nacional.

Naturalmente, uma das linhas mestras é a ideia de que estamos à beira (ou para lá da beira) de uma tragédia do ponto de vista da conservação da flora e da vegetação (à boleia ainda temos uns outros a falar da extinção da freira da madeira, mas enfim, sobre isso nem vale a pena perder tempo, está ao nível do outro que veio falar da primeira extinção documentada que resultava das alterações climáticas, porque numa visita viu um troço de um ribeiro temporário seco e concluiu que uma espécie que vive nesse ribeiro há milhares de anos desta vez se tinha extinguido).

Por causa desta ideia, uma parte da comunidade dos botânicos partiu à desfilada para o ataque à ecologia do fogo, partindo, como é habitual nestas coisas, da deturpação do ponto de vista de que não gostam, o de que a ecologia do fogo se baseia na ideia ingénua de que tudo recupera depois do fogo.

Outra parte (pode haver sobreposição), resolveu defender uma ideia que demorou décadas a ser destruída no continente, mas que agora, com as décadas de atraso da discussão sobre a gestão do fogo na Madeira, é retomada como se fosse uma grande coisa: Portugal sem fogos depende de todos, que é como quem diz, somos um povo de pirómanos e o que temos é de reduzir ignições e extinguir todos os fogos no ataque inicial, que a gestão do fogo fica resolvida.

Que a laurissilva evoluiu sem o padrão de fogo do continente, estando por isso muito menos adaptada e sendo muito mais afectada por fogos, penso que é uma ideia que ninguém contesta (muito menos as pessoas que sabem alguma coisa de ecologia do fogo).

Que um fogo como o que houve na Madeira levanta problemas sérios de gestão à conservação da laurissilva, é também uma ideia que ninguém contesta (muito menos as pessoas que sabem alguma coisa da ecologia do fogo).

Que a forma como se olha para a herbivoria na Madeira, como instrumento de gestão do fogo, não pode ser igual à forma como se olha no continente, penso que é uma ideia que também ninguém contesta (muito menos as pessoas que sabem alguma coisa da ecologia do fogo).

O problema é que, somando isto tudo, a resposta genérica da elite da botânica tem sido claramente inconsistente e largamente anti-darwinista.

Na verdade, como é frequente na conservação, a comunidade da botânica pretende conservar um valor (a laurissilva) mas, não tendo soluções a propor para a gestão do fogo, adere ao pensamento mágico e propõe evitar que o fogo atinja a laurissilva, argumentando que as perdas são incalculáveis.

Para isso referem o facto da laurissilva não co-evoluiu com a herbivoria (o que é verdade), mas esquecem que o fogo (que é um processo natural, com um papel ecológico determinante) sempre terá estado presente.

Os que são mais sensatos, reconhecem a presença do fogo (como poderia ser de outra maneira e manter a credibilidade científica?), mas chamam a atenção para a extinção de numerosas espécies com a humanização da paisagem das ilhas, assente no fogo e na herbivoria.

Sim, isso é verdade, mas acontece que essa humanização tem 500 anos, tempo mais que suficiente para que tenham sido provocadas alterações profundas na paisagem, das quais resultaram extinções de muitas espécies, sem dúvida, mas a sobrevivência das mais aptas a essas novas condições.

Eu sei que se argumenta que as evoluções biológicas são processos lentos de milhares ou milhões de anos, mas acontece que essa ideia, bastante intuitiva, está demonstradamente errada (ler "o bico do tentilhão", por exemplo, para deixar de ter qualquer dúvida sobre como as adaptações podem ser rapidíssimas).

Argumentar com o que sucedeu há quinhentos anos para tirar conclusões sobre o que acontece com um fogo como o que existiu este ano na Madeira, não tem qualquer base científica.

Não sei o suficiente sobre a história da Madeira para saber se há alterações relevantes do padrão de fogo nas últimas décadas, mas sei o suficiente sobre evolução biológica para saber que nos últimos 500 anos o fogo e a herbivoria estiveram presentes na Madeira.

Parece-me lógico que o processo de abandono agrícola tenha chegado à Madeira, o que significa um aumento de disponibilidade de combustíveis (e, já agora, uma diminuição das ignições), portanto parece-me lógico que na Madeira se assista a um processo com semelhanças (e diferenças) com o do continente, com a progressiva diminuição da frequência dos fogos, mas com aumento de dimensão e intensidade dos fogos.

E chegamos à questão central, para a qual é útil contar com a ecologia do fogo em vez de utilizar episódios dramáticos para puxar pelas emoções que fazem com que um país inteiro ache normal mandar dois canadairs inúteis para resolver a gestão de uma situação complicada: se assim é, e se a laurissilva se dá mal com o fogo, o que fazer?, como perguntaria Lenine.

É nesse ponto que me parece estranho ver tantos botânicos que têm "um coração muito grande, cheio de fúria e de amor" a contribuir para agudizar as dificuldades de gestão do problema, excluindo da equação a ecologia do fogo e aderindo soluções que são filhas de pensamento mágico, quando bastaria voltar a Darwin para perceber que, sendo verdade que existem dificuldades grandes de gestão, não é possível pretender que o resultado final não seja a sobrevivência dos mais aptos.

Não, não estou a defender uma atitude passiva face ao gravíssimo problema das invasoras, o que estou a dizer é que soluções cujo objectivo seja a exclusão do fogo, são soluções que nunca serão soluções válidas (aqui aplica-se o princípio de que para qualquer problema complexo há sempre inúmeras soluções simples e evidentes, mas têm o problema de normalmente serem profundamente erradas).

Admitindo que todos concordamos que nem o fogo frequente, nem a herbivoria nos ajudam na gestão da laurissilva (não sei o suficiente para entrar nesta discussão e portanto tomo como boa a informação que vou coligindo), só resta concentrarmo-nos na gestão do interface entre a laurissilva e as áreas com 500 anos de humanização assente em fogo e herbivoria.

Rasgar as vestes e pintar como uma tragédia que nunca existiu, fruto da incompetência dos outros, garante tempo nos jornais e televisões, palmadinhas nas costas dos amigos, mas não resolve nada sobre a necessária discussão sobre a especificidade da gestão do fogo na Madeira.

Na verdade, o único resultado visível desta estratégia é liquidar qualquer racionalidade na discussão das soluções para a gestão da laurissilva e do fogo, e acabar tudo a discutir formas de combate e meios aéreos, sem qualquer efeito positivo real na conservação da laurissilva, embora com efeitos reais na sinalização de virtude de muitos conservacionistas.


17 comentários

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De IMPRONUNCIÁVEL a 25.08.2024 às 16:00

O fogo não é esse. 
Este fogo recente (que é filho de outro que, na Madeira, arde lentamente, sem se deixar ver) não começou com 2 aviões, propositadamente não pedidos a Portugal.
O verdadeiro fogo começou com o avião que aterrou na Madeira, enviado pela República Portuguesa através do Ministério Público.

O verdadeiro fogo foi a recusa da Madeira em aceitar que Portugal mande nela, e a lenta perpetração dum fogo, que esse avião português voltou a atiçar.
O fogo que aqui está em causa é a perda de independência e soberania dos países e nações europeias por efeito do Federalismo da «UE», que não mais do que o Estaline com a URSS, Hitler, Napoleão, e outros sempre almejaram.
A Madeira usa o fogo para atear outro, com muito maior dimensão.
Logo, discutir um fogo como se fosse um fogo é pura estultícia.
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De IMPRONUNCIÁVEL a 25.08.2024 às 17:11

Permita a assertividade (apenas para incendiar o debate, de modo lúdico), afirmando que este Post revela uma contradição e um erro.

 

--- Uma contradição, aliás, que revela bem a contradição generalizada dos ‘Ambientalistas’.

Afirma o autor do Post que: “Argumentar com o que sucedeu há quinhentos anos para tirar conclusões sobre o que acontece com um fogo como o que existiu este ano na Madeira, não tem qualquer base científica”.

Porém, nos parágrafos seguintes, usa a história da biologia (portanto esses 500, e muitos mais) para justificar os seus argumentos.

 

--- O erro do Post é aceitar o ‘erro do Darwin’. Concretamente: «A teoria não explica bem, como da ‘Selecção’ se passa à ‘Variação’, pois a ‘Adaptação’ por si só demora mais tempo do que a velocidade do aparecimento das novas espécies. E os Ambientes onde nascem não têm recursos suficientes para as alimentar, logo, para justificar que tenham aparecido por serem as mais aptas do ponto de vista ambiental».

 

E esse erro, de não estar apenas na ‘seleção dos mais aptos’ a causa das espécies, só pode ser percebido com o novo «Modelo do Comportamento dos Seres-Vivos» apresentado em 2020. Em que intervêem, não apenas as três variáveis propostas por Darwin (variação-adaptação-seleção), mas mais duas, relativas à «codificação da relevância em memória» e à «transmissão e inserção dessa relevância que está na memória nos novos ciclos comportamentais». 

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De João Távora a 25.08.2024 às 17:28

O Sr. é um chato. Acredita sinceramente que alguém o lê ou o tenta entender?
Venha sempre 
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De IMPRONUNCIÁVEL a 25.08.2024 às 17:59

E o que isso interessa, para o futuro da Humanidade, e para o entendimento? Se quem vier depois, já vem com todos os actuais leitores falecidos?


A ‘Variação’ (a dita “origem das espécies”) não é provocada apenas pela ‘Adaptação’. É também provocada pela «codificação interna, independente desse Ambiente exterior».

De tal modo que, na actualidade, a «codificação interna independente do Ambiente» permite criar bases-de-dados de todas as espécies, e em breve fazê-las nascer e renascer onde se quiser que seja na Terra (e daqui a uns anos até fora deste planeta).

Mas permite mais. Permite, através das técnicas actuais da bioquímica, construir novas espécies (criar ‘Variação’). Isto é, como aqui mostro, novas espécies de seres-vivos que não foram criadas por serem mais aptas, mas outrossim, pela capacidade dessa «codificação interna independente do Ambiente».

 

Em suma, a ‘Variação’ é insuficientemente explicada pela teoria da evolução de Darwin. 

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De Francisco Almeida a 26.08.2024 às 11:33

Não conheço nada de fogo a não ser no meu país(*). E isto porque. áreas florestais de minha compropriedade e envolventes da minha residência já arderam 10 ou 12 vezes durante a ninha vida.
Estou saturado de informação e opiniões sobre fogos que, de que já só leio títulos e headlines (Henrique Pereira dos Santos é a excepção que leio sempre).
O fogo na Madeira tão terá sido o pioneiro mas, no barulho mediático que desencadeou, mais do que qualquer outro (sem esquecer Pedrógão e o Pinhal de Leiria) avulta a intenção política de atacar ou defender o governo regional. Será o novo normal mas não consigo habituar-me.
(*) País, no sentido etimológico de paisagem, o que se vê onde vivemos e por onde habitualmente passamos.
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De Anónimo a 26.08.2024 às 14:42


O fogo na Madeira tão terá sido o pioneiro mas, no barulho mediático que desencadeou, mais do que qualquer outro (sem esquecer Pedrógão e o Pinhal de Leiria) avulta a intenção política de atacar ou defender o governo regional.



Isso há muitos anos que é verdade: os incêndios são utilizados pela oposição para criticar quem quer que esteja no governo. Atacar sem razão, quase sempre.
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De José Monteiro a 26.08.2024 às 22:41

Prezado Henrique.
Os Canadair como inúteis?
Água sobre tal fogo, inconveniente?
Pese uma costela de aeronauta, sff
Obrigado.
José BM


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De henrique pereira dos santos a 27.08.2024 às 07:48

Completamente inúteis, no caso.
Qual é a relevância de seis mil litros de água, de meia em meia hora, largados de uma altura que faz com que a água chegue ao fogo dispersa e metade tenha evaporado?
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De Anónimo a 27.08.2024 às 15:35


largados de uma altura que faz com que a água chegue ao fogo dispersa e metade tenha evaporado


Uma chuva miudinha é praticamente a mesma coisa, e no entanto apaga um incêndio com grande rapidez.


O efeito da água sobre o fogo é sugar a energia libertada pelo fogo, com o objetivo de fazer a água evaporar-se, dessa forma privando o fogo da energia necessária para se propagar a novos combustíveis. Nesse sentido, o facto de a água largada pelos aviões se evaporar antes de alcançar os combustíveis é irrelevante: essa evaporação fez-se à custa da extração de energia do incêndio. (Penso eu de que.)


Por exemplo: eu nos últimos dias fiz umas queimadas no meu jardim. A vegetação queimada, embora parecesse seca, não o estava bem. Como consequência, o fogo custou muito a pegar e a dar labareda. Porquê? Porque a energia do fogo era toda gasta a fazer evaporar a água contida na vegetação, e dessa forma sobrava ao fogo muito pouca energia para fazer a ignição de cada novo pedaço de vegetação.


Qualquer água deitada sobre um fogo, mesmo que em gotinhas pequeninas que rapidamente se evaporam, diminui drasticamente a velocidade de propagação desse fogo.
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De henrique pereira dos santos a 27.08.2024 às 18:01

Há poucas coisas mais irritantes que um ignorante num assunto que quer argumentar e, para isso, deturpa estupidamente o argumento que quer contestar.
"seis mil litros de água, de meia em meia hora, largados ... etc." não é uma chuva miudinha, como qualquer pessoa percebe.
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De Anónimo a 28.08.2024 às 10:21


seis mil litros de água não é uma chuva miudinha


Se os seis mil litros de água caírem uniformemente sobre um retângulo de 100 metros de comprido por 10 metros de largo (o que me parece simular bem uma frente de fogo), então são equivalentes, em quantidade total de água, a seis milímetros de chuva, isto é, a uma chuva miudinha que dure um par de horas. Isso em geral será suficiente para apagar o fogo nesse retângulo.
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De henrique pereira dos santos a 28.08.2024 às 10:49

Luís, para que é que insistes em argumentos formais tão estúpidos quando de estúpido não tens nada?
Portanto uma descarga feita em minutos, largados de uma altura tal que se dispersa por uma enorme superfície, da qual metade não chega ao fogo porque entretanto se evapora, que se repete meia hora depois (na verdade não é assim, em dois dias cada avião fez 13 descargas e entre cada descarga foi a Porto Santo abastecer o depósito durante meia hora, não voando de noite, mas deixemos isso) é equivalente a uma chuva contínua durante duas horas que, achas tu, que se ocorresse num retângulo de cem por dez metros, deixando o resto do incêndio a evoluir livremente, libertando energia e secando a água que caía no retângulo, resolveria todo o incêndio.
Qual é o teu interesse em escrever disparates deste tamanho?
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De Anónimo a 28.08.2024 às 11:38


entre cada descarga foi a Porto Santo abastecer o depósito


Poderia o Henrique esclarecer-me (se souber) por que motivo foram os aviões abastecer de água em Porto Santo. É algo que me deixa perplexo porque:


(1) Porto Santo tem falta de água de nascentes. A água que tem é dessalinizada. A água dessalinizada é caríssima e, portanto, fica muito caro apagar fogos com ela.


(2) A Madeira tem muita água do mar à sua volta. Dir-se-á que não convém atirar água salgada para cima dos campos, para não os salinizar: creio que concordo. Porém, eu já vi (por duas vezes) fazer isso mesmo em incêndios na zona de Sintra-Cascais: os aviões vão retirar água ao mar para a lançarem sobre o incêndio.
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De Anónimo a 28.08.2024 às 11:40


metade não chega ao fogo porque entretanto se evapora


O mesmo é verdade de uma chuva miudinha: metade da água dela evapora-se devido ao calor do incêndio, não chegando ao solo.


Porém essa metade é ainda assim útil, porque retira calor ao incêndio.
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De Anónimo a 28.08.2024 às 11:43


se ocorresse num retângulo de cem por dez metros, deixando o resto do incêndio a evoluir livremente


Não sou de forma nenhuma especialista, mas parece-me que uma frente de incêndio típica terá cem metros de comprimento por dez de largura.


Embora, é claro, haja frentes de incêndio muito mais largas, e outras muito mais estreitas.
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De G. Elias a 28.08.2024 às 11:45

Mesmo ignorando a parte da evaporação e admitindo que uma descarga de 6 mil litros consegue efectivamente apagar o fogo numa área de 10x100 metros ou seja 0,1 hectares e considerando um total de 13 descargas por dia, então isso significa que um avião conseguiria apagar 1,3 hectares de fogo por dia. Ao fim de 10 dias isto daria 13 hectares. Cinco aviões dariam assim para apagar 65 hectares.
Dado que a área ardida na Madeira foi de 6 mil ou 7 mil hectares, é fácil concluir que o valor acrescentado dos aviões é praticamente nulo, pois 5 aviões conseguiriam dominar 1% da área ardida.
Eu sei que isto são umas contas simples e baseadas em pressupostos que podem ser muito imprecisos, contudo acho que é sempre um exercício útil fazermos algumas contas para termos uma noção mais precisa do real impacto de certos factores.
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De Anonimo a 29.08.2024 às 10:12


Há poucas coisas mais irritantes que um ignorante num assunto que quer argumentar e, para isso, deturpa estupidamente o argumento que quer contestar.



:D

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