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O primarismo da discussão sobre o que se passa na Palestina, inevitavelmente, alimenta-se também da falta de cultura histórica.
A facilidade com que pessoas social e politicamente responsáveis tratam a questão da Palestina como se fosse uma ocupação colonial é assombrosa, face ao que é cristalino na factualidade histórica.
Antes da criação do Estado de Israel, e em paralelo com o crescimento da ideia sionista - o retorno do povo judeu à terra prometida, para simplificar - há um movimento migratório constante de judeus, de muitas proveniências, para a região da Palestina.
Insisto na ideia de que esse movimento migratório é anterior à criação do Estado de Israel, Telavive é fundada em 1909, à ilharga de Jafa (que mais tarde vai absorver) e, desde a sua fundação, pretendeu ser uma cidade de maioria judaica, num território envolvente de maioria árabe e muçulmana.
Não há, nesta fundação, qualquer acção militar: judeus compram terra e fundam uma cidade, em 1909, no contexto de um processo de imigração judaica para a Palestina, inicialmente pacífico, mas aumentando progressivamente de conflitualidade com as comunidades árabes (muçulmanas e crisãs) ali existentes.
No entanto, vale a pena realçar que esta imigração judaica para a Palestina, mesmo a anterior à criação do Estado de Israel, provém também, embora de forma relativamente ténue, de muitas comunidades judaicas do médio-oriente que estavam, há séculos, em países árabes (de maneira geral, com um estatuto de cidadania diminuído, embora com grande autonomia no auto-governo da comunidade e razoável liberdade religiosa, sempre contingente).
O crescimento progressivo das comunidades judaicas, incluindo através da criação dos kibutz, comunidades agrárias voluntárias e colectivizadas que eram instaladas em terra comprada por judeus, em grande parte a partir das perseguições aos judeus na Rússia czarista e, posteriormente, de quase toda a Europa de Leste, aumentou os conflitos com as comunidades instaladas, entre outras razões, porque umas pretendiam ser comunidades agrárias e outras comunidades de beduínos semi-nómadas, consequentemente, com noções de propriedade e direito de uso da terra substancialmente diferentes.
No entanto, este era apenas um dos aspectos das diferenças culturais entre comunidades em que se baseava a crescente hostilidade mútua.
O Estado de Israel é a resposta da comunidade internacional à autêntica guerra civil que grassava na Palestina, com massacres de parte a parte, e é uma resposta apoiada por todas as Nações Unidas (incluindo o bloco socialista, a União Soviética votou favoravelmente a resolução que permite a criação do Estado de Israel e é com apoio de equipamento militar checoslovaco que Israel se defende das primeiras agressões dos estados árabes vizinhos, que começaram literalmente no dia seguinte à proclamação do Estado de Israel) com a importante excepção de todos os Estados Árabes e da liga Árabe.
O resultado concreto da criação do Estado de Israel foi muito diferente do que pretendiam os seus promotores - a criação de uma terra segura para duas comunidades em guerra civil, através da criação de dois Estados independentes, para cada uma delas -, os estados Árabes invadem o Estado de Israel, perdem essa guerra, e Israel redesenha as suas fronteiras a cada nova invasão árabe, da qual resultaram sempre guerras começadas pelos países árabes, mas que Israel sempre ganhou.
A partir do momento da criação do Estado de Israel, as razões de Estado actuam sobre as dinâmicas sociais anteriores, com o Estado, como é característico dos estados, ao serviço das classes dominantes.
Da primeira invasão árabe resultam 600 mil refugiados palestinianos, que os países árabes se recusam a integrar nos seus países (Israel aceitou receber de volta 150 mil desses refugiados, mas a recusa do reconhecimento de Israel pelos estados árabes levou ao fracasso dessas negociações), sempre apoiados, até hoje, pela comunidade internacional, sendo os palestinianos os maiores recebedores de ajuda internacional per capita do mundo (o dobro do segundo lugar), financiada directamente pelos Estados e pelas Nações Unidas.
O que é igualmente relevante, e raramente mencionado, é que deste contexto resulta a expulsão das comunidades judaicas dos países de maioria árabe e islâmica (o Líbano, de maioria cristã, é uma excepção para onde, aliás, migram parte destes refugiados judeus), o que deu origem à expulsão ou fuga de cerca de 800 mil a um milhão de judeus desses países entre 1948 e 1970.
Muitos desses judeus foram para outras regiões do mundo, com destaque para os Estados Unidos, mas muitos outros foram para Israel (mesmo os que inicialmente tinham ido para o Líbano voltarem a migrar quando a situação se agravou nesse país), de tal forma que em 2002 os judeus provenientes (ou descendentes) dos países de maioria árabe islâmica seriam cerca de metade da população de Israel (sendo a população de origem árabe, cerca de 20% da população actual do Estado de Israel, percebe-se bem como as tentativas de equivaler a criação do Estado de Israel a um processo colonial são ridículas, do ponto de vista histórico).
Os países árabes restringiram fortemente os direitos dos refugiados palestinianos, não apenas do ponto de vista da concessão de nacionalidade, mas com proibições claras e xenófobas do exercício de uma extensa lista de profissões, dificultando ou mesmo impedindo a sua integração social, ao contrário do que aconteceu aos judeus expulsos dos países árabes que foram rapidamente integrados na sociedade israelita (com tensões, com certeza, como acontece em todos os processos migratórios de alguma amplitude).
O que hoje se passa na Palestina tem muitas razões, e uma delas são estes movimentos migratórios e a forma como os estados, e a comunidade internacional, lidam com eles.
O que é inegável é que se houve limpeza étnica eficaz, foi a dos países árabes, a de Israel parece não ter dado assim tanto resultado: hoje os judeus em países árabes de maioria muçulmana são residuais, enquanto 20% da população israelita é árabe e os seiscentos mil refugiados palestinianos iniciais são hoje cinco milhões.
E vergonha? Dizer mentiras não é uma ignominia?
Foi por causa destas mentiras, e de outras ignominias iguais cometidas pelos Judeus que o seu próprio Deus os expulsou da Palestina, e os fez vaguear pelos quatro cantos do mundo. Até conseguirem cumprir a Palavra do seu Deus e os mandamentos do seu Profeta.
Os Judeus foram sempre colonialistas da Palestina. Antes e agora.
Ora leiam: «A PALESTINA foi habitada por outros Povos, que Deus de lá expulsou para a dar aos judeus-israelitas, como sendo a Terra Prometida. Eram eles: filisteus, amorreus, heteus, perezeus, cananeus e heveus» (Êxodo, 23,28).
NINGUÉM ENTENDE, a decisão colonialista do Deus da facção judia-israelita. De, segundo o próprio, ter expulso esses Povos Palestinos do território que era deles ininterruptamente há mais de 3000 anos, para pôr lá os Judeus.
No mínimo, esse Deus é tão terrorista e conquistador dos Povos Palestinos como a facção judia-israelita que professa esse Deus. O que mostra bem a mistificação entre história e religião, como se fossem a mesma coisa no interesse e em causa própria.[Continuando o comentário anterior] Não é factual afirmar que existia uma guerra civil antes da criação de Israel, pois a maioria dos judeus não eram sequer nacionais, eram imigrantes (e muitos ilegais). Portanto, chacinas e conflitos sim, mas não guerra civil, e muito menos só entre judeus e palestinianos. Nesse período terroristas Judeus cometeram aquele que ainda hoje tem o record do atentado terrorista (em atentado singular) com mais vítimas deste conflito: o atentado à bomba do Hotel King David, sede das autoridades britânicas contra quem eles lutavam!
Já agora, relativo a isso continuando nos factos, o tal Estado de Israel referido pelo Henrique que foi criado pelas Nações Unidas (que entre outras coisas definia Jerusalém como zona internacional) também não era o que os próprios Judeus pretendiam e como tal nunca tal foi respeitado por eles. Se o problema eram os Árabes, então depois destes dramaticamente derrotados, pelo menos a parte de Jerusalém devia ter sido respeitada... nunca o foi. Nunca o seria.
Enfim. É evidente qual o seu julgamento moral, e que favorece um dos lados. Infelizmente, os factos e cultura histórica demonstram que a moralidade é algo que não abunda por aquelas terras…
Os Judeus-Israelitas ainda não perceberam qual foi a “Terra Prometida” a que se referiam o seu deus e profetas.
Ainda não perceberam porque o seu deus e profetas os expulsaram da Palestina.
A “Terra Prometida” é aquele sítio onde a convivência com os Outros será possível.
A “Terra Prometida” só acontecerá quando conseguirem coexistir com os Outros sem os quererem conquistar, evangelizar ou dominar.
Enquanto Israel estava no ‘modo de defesa’ concitava o apoio maioritário do mundo. Quando passou ao ‘modo de ataque’ perdeu o apoio mundial, e ficou isolado.
O mesmo se passou na região dita “Ucrânia”. Enquanto estiveram no modo de defesa e de aceitação da miscigenação, a Rússia não os atacou. Quando o «regime Zelensky» passou em 2014 (após o «Golpe Americano do Maidan») ao «modo de ataque» (aos civis do Donbass, à proibição da língua russa, e à destruição da miscigenação) a Rússia foi em defesa dos seus cidadãos.
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