De Francisco Almeida a 26.04.2023 às 16:31
A liberdade tem que ser hierarquizada depois da verdade e depois da justiça. Mesmo que o pão esteja assegurado, ninguém pode ser livre, se estiver a ser enganado e injustiçado. Nesse sentido o 25 de Abril ou, se quiserem, as suas sequelas até hoje, foram um retrocesso em relação ao regime anterior.
Vivi ambas as épocas e no final do marcelismo, a sensação de que o regime estava esgotado era avassaladora mas alguma esperança havia. Lia-se o Expresso, havia a SEDES e mesmo depois da trágica morte de Pinto Leite, via-se um grupo de políticos novos, competentes e que podiam alterar o rumo do regime.
Hoje a sensação de que o regime está esgotado não é menor mas não se vê alternativa que não seja mais uma intervenção estrangeira que, desta vez, será musculada. Já não havendo grande coisa para privatizar - há muito mas com pouco valor - serão mesmo cortes de salários, pensões e regalias. E dada a experiência anterior, penalizações draconianas em caso de reversões.
Basta avaliar os três "D" do 25 de Abril, Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, para a esperança. Mas, pior ainda, não há qualquer instituição que goze do respeito nacional. Esta política tudo corrompeu, de tribunais a forças armadas, de bombeiros a misericórdias e até a igreja católica, gerando um vazio que tende para o alheamento ou o desespero.
O que o 25 de Abril me ensinou é que, por muito má que uma situação se apresente, é sempre susceptível de piorar.
A "bolha" política não o admite mas a liberdade está mesmo ameaçada. Nada de drástico nem de violento mas, a pretexto de Covid e dos incêndios, direitos constitucionais foram negados por decisões governamentais e até administrativas. Por seu lado na UE, a Comissão - um orgão não eleito - tem ultrapassado clara e sucessivamente os poderes que tem, poderes esses aliás, alargados no Tratado de Lisboa que foi tudo menos democrático. Nem os assuntos foram postos em consulta às populações nem os signatários tinham representatividade eleitoral para esse fim.
As promessas anunciadas pelos promotores e executantes das politicas abrilistas (por parte dos partidos do regime) é a propaganda e a teoria, na prática temos visto, por várias vias, a perda de soberania e de coesão económica e social, o que nos leva a questionar: a quem realmente serviu a dita Revolução do 25 de abril(para além, claro,dos interesses ligados aos partidos e aos corruptos) ? Claramente aos poderes globalistas que concentram poder à custa da falência dos Estados.