Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Nos Estados Unidos, uma questão de cama entre o Presidente e uma estagiária foi levada tão a sério que deu origem a um processo de destituição.
Foi por causa da questão de cama? Não exactamente, o problema é que o Presidente teria mentido sob juramento.
Na verdade a questão de fundo é a quebra das regras: há países onde quebrar as regras é mais importante que saber a relevância substancial dos factos.
Para alguns, quebrar as regras é sempre mau, seja por causa de uma caixa de fósforos, seja por causa de uma Caixa Geral de Depósitos, porque o império da lei é um bem comum em si mesmo e o fundamento de uma sociedade equilibrada.
Não é essa a nossa cultura: os nossos governantes, se apanhados a 200 Km/ hora numa autoestrada, não sofrem qualquer censura social por isso. Não é assim tão importante não cumprir o código da estrada, todos fazemos isso, não achamos que os governantes têm uma responsabilidade especial no cumprimento da lei, pelo contrário, achamos que se vai a 200 é porque tem razões de interesse público para isso.
Tal como não tem realmente grande importância pedir uns bilhetes para o futebol, ou receber um cabaz pelo Natal, ou fazer (ou pedir) um jeitinho de qualquer espécie, mesmo sem contrapartida material, só pelo gosto de agradar a um amigo, ou amigo do amigo.
Por isso tanta gente clama pela injustiça de condenar um homem bom como Lula, só por haver uma coisa esquisita com um apartamento que afinal nunca comprou: como é possível admitir que um homem como Lula se deixaria comprar por um apartamento?
Nós somos assim, para haver trafulhice, tem de ser em grande, como na Tecnoforma, isso sim, uma coisa a sério, agora bilhetes para o futebol?
O relevante é isto: quando Souto Moura tinha em mãos o assunto Casa Pia, até o Presidente da República discutia publicamente o assunto, Eduardo Prado Coelho escrevia cartas a despedir-se do gato, dando lições a Souto Moura sobre como conduzir uma investigação judicial.
O mesmo se passou quando Sócrates jogou a cartada da encenação da sua prisão em directo (que só falhou porque a polícia o conhecia de gingeira e lhe trocou as voltas à saída do avião), escandalizando tanta gente que garantia que o espectáculo da detenção tinha sido criado pela investigação a Sócrates.
O mesmo se passa agora, com as evidentes pressões sobre o ministério público por causa, ou melhor, a pretexto dos bilhetes de futebol.
Quando o assunto era a Tecnoforma, os vistos gold e outras coisas que tais, nunca Passos Coelho mandou recados ao Ministério Público ou disse que alguém não saía do seu governo, mesmo que fosse arguido.
Uns sabem que as regras são as regras, outros acham que as regras são uma coisa a avaliar caso a caso, não vale a pena aplicá-las em pequenas coisas.
E, no fim, porque a aplicação das regras deve ser avaliada caso a caso, acabam sempre a seguir o princípio geral da governação portuguesa há séculos: proteger os amigos, perseguir os inimigos e aplicar a lei aos restantes.
O único azar é que, aparentemente, Joana Marques Vidal tem a estranha panca de achar que "dura lex, sed lex".
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Uma forma de impedir que voltem a ocorrer incêndio...
Acho que ninguém de bom senso e total capacidade m...
Não é somente reduzir o CO2, mas também qualidade ...
Impressiona-me que, tendo aquele caminho de ferro ...
Em minha casa não se usa aspirador, por isso não e...