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Em Outubro de 2015, imediatamente depois das eleições perdidas por António Costa, o Partido Socialista tinha a seguinte posição "António Costa frisou que os socialistas terão “sentido de responsabilidade, espírito de diálogo e de compromisso”, lembrando que o PS partirá para estas conversações com todos os partidos" (verificar aqui).
Com base nisto, António Costa aceitou participar numas reuniões de negociação com Passos Coelho, com vista a encontrar uma solução de governo, apesar de ir dizendo que estava também a negociar com o BE e o PC, até porque as propostas da direita eram insuficientes "A segunda reunião entre a coligação PSD/CDS e o PS terminou num clima de impasse. O secretário-geral socialista António Costa reiterou estar a trabalhar, com o PCP e com o BE, num governo alternativo e considerou a proposta da direita “insuficiente”".
Pois bem, na última campanha eleitoral, num debate com Rui Rio, António Costa assegurava, mostrando uma primeira página do Expresso, da qual ele era a fonte que a jornalista omitiu - tornando-a objectivamente numa cúmplice de uma manobra manipulação da opinião pública -, que desde sempre, isto é, mesmo antes das eleições de 2015, toda a gente sabia que António Costa ia fazer a gerigonça se, perdendo as eleições, como se verificou, houvesse uma maioria de deputados hostil a Passos Coelho.
António Costa era o número dois de Sócrates quando o Partido Socialista inventou a famosa iniciativa de manipulação da opinião pública que consistiu em pôr o Banco de Portugal - dirigido por Vítor Constâncio - a calcular um défice fictício para o ano em causa, de modo a que o governo de Sócrates pudesse dizer que estava a baixar o défice, ao mesmo tempo que o aumentava.
Vem de longe a tradição manipuladora do Partido Socialista e uma das grandes vantagens de António Costa dentro do partido é a sua maestria nessa capacidade manipuladora.
É por isso que não deixo de me espantar por tanta gente levar a sério a putativa "falha de comunicação" de Pedro Nuno Santos, acreditando piamente que sabendo-se em Portugal que um Ministro decide fazer aeroportos a esmo, seja possível que António Costa não o tenha sabido imediatamente (coitadinhos, não há em Madrid uma alma caridosa que consiga entregar um papelinho urgente a um primeiro-ministro que está numa cimeira).
Quem é o beneficiário de toda a confusão?
António Costa, evidentemente.
Quer internamente, quer entalando Montenegro que fica sem grande margem de manobra para ser sensato na questão do aeroporto e, ao mesmo tempo, afirmar a sua oposição às políticas do governo (a solução apresentada é uma solução bastante sólida sob vários pontos de vista e é difícil tirar da cartola outra solução tão sólida e tão exequível, num prazo curto), António Costa reforça na opinião pública o seu estatuto fundamental: aquele que reúne o menor número possível de pessoas zangadas com a sua governação.
Consegue decidir sobre o aeroporto, pondo o ónus de eventuais atrasos no PSD e no amor incontrolável de António Costa pelo consenso, que tenta sempre até ao fim, como se viu nesta palhaçada.
Para isso é preciso um bocadinho de teatro?
O que é isso comparado com os quinze dias de teatro que se seguiram às eleições de 2015?
Ou com o teatro do pôr o Banco de Portugal a calcular um défice fictício que se adopta como referencial?
" ... a propósito da pandemia, limitou direitos, liberdades e garantias sem fundamento legal e constitucional; ainda quanto à pandemia, exigiu aos portugueses que se enfiassem em casa e cometessem suicídio económico e social para «dar tempo ao SNS de se reforçar», e afinal o SNS não está mais forte.
A lista é, de facto, grande: sete anos de condições financeiras e económicas internacionais vantajosas que nem assim foram utilizadas para tirar o país da lista dos mais pobres da Europa; uma incapacidade gritante de fazer face à inflação; a demonstração inequívoca de que, ao fim de quase uma década, os serviços públicos não funcionam melhor, a burocracia não foi reduzida, a corrupção não diminuiu, não somos capazes de atrair investimento, o sistema fiscal não foi simplificado, os salários não aumentaram, a pobreza, excluindo transferências sociais, não diminuiu de forma significativa."
https://observador.pt/opiniao/a-ultima-j
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