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Kuku era Elson Sanches, um miúdo de 14 anos que morreu com um tiro na cabeça durante uma operação policial.
Nestes dias em que as alarvidades por parte dos políticos deveriam ser contidas, mas nunca confundidas com ilegalidades (o assunto resolve-se nas mesas de voto, não nos tribunais), tenho visto dezenas de referências a Kuku, à idade de 14 anos, a tiros pelas costas ou à queima-roupa, como demonstrações de sistemática violência policial racista.
Tive de procurar qualquer coisa (e ainda assim, não consegui ler a sentença, que era que gostaria de ter feito) para perceber que houve um julgamento do polícia que disparou e que o polícia foi absolvido pelo tribunal.
As decisões judiciais são, evidentemente, sujeitas a escrutínio público, e a opinião sobre a integridade do julgamento é completamente livre, mas é uma alarvidade alegar que Kuku foi executado (como li aqui e ali), foi assassinado (como li ainda mais frequentemente) pela polícia e, mais ainda, que a motivação para que tudo tenha acontecido seja racista.
Desconheço (quero dizer, conheço números que não verifiquei) se há alguns dados concretos que permitam dizer que a violência policial é desequilibrada por causa deste ou daquele tom de pele, mas não me custa admitir que haja, dentro da polícia, racistas e actuações racistas (eu, por exemplo, acho o SOS Racismo profundamente racista, é uma opinião a que tenho direito, tal como acho difícil que não haja racismo dentro da polícia).
Questão diferente é considerar, sem fundamentar, a absolvição do polícia que disparou sobre um miúdo de 14 anos, que estava num carro roubado com várias outras pessoas, que foge desalmadamente e resiste à detenção policial, ao ponto de apontar uma pistola, como uma demonstração de que a justiça portuguesa é intrinsecamente racista e está integrada num sistema racista de que a polícia faz parte, legitimando toda a violência dos que dizem resistir a essa injustiça.
É procurar os comunicados do SOS racista (como lhes chama, e bem, Margarida Bentes Penedo), reproduzidos no esquerda NET, para confirmar como é useiro e vezeiro num discurso racista de incitamento da violência, procurando diminuir a legitimidade do sistema de justiça e do Estado português, que acusa de perseguição racista a muitas comunidades, usando exemplos manifestamente deturpados.
É um direito que cabe ao SOS racista, felizmente as pessoas comuns não são marionetes e ligam tanto aos discursos incendiários do SOS racista e do Bloco de Esquerda (perdoem-me o pleonasmo) como às alarvidades de Ventura e epígonos, isto é, muito pouco.
Se se ouve tanto barulho, é porque uma comunicação social preguiçosa ouve vezes sem conta falar de Kuku sem que se dê ao trabalho de contextualizar o que se passou e fazer uma coisa simples, fornecer aos seus leitores um acesso simples às peças do julgamento.
Não é seguramente a perseguir judicialmente pessoas que têm opiniões trogloditas que passamos a ser sociedades mais civilizadas, é produzindo mais e melhor informação para que cada um tenha as opiniões que entender.
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