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Jornalismo militantemente irrelevante

por henrique pereira dos santos, em 28.11.24

Por coincidência, o Observador tem duas peças sobre Lisboa, uma de jornalismo e outra de opinião.

Na que é jornalismo, diz-se que o PS diz que Moedas não cumpriu as promesas que fez, os compromissos que assumiu antes das eleições "não passavam de promessas de quem não contava ser presidente da maior câmara municipal do país".

O PS diz que Moedas, nestes três anos não conseguiu construir nada, vai deixar uma cidade sem obra e sem rumo, com lixo que se acumula, trânsito caótico e com preferência indisfarçável pelo alojamento local em detrimento de uma política de habitação acessível. Além disso, com degradação da situação financeira da Câmara.

Margarida Bentes Penedo, pelo contrário, num artigo de opinião fala de três anos de uma certa normalidade, fala das obras do Plano Geral de Drenagem, que estão em curso (não estavam antes), da comparação entre os zero centros de saúde feitos por Medina, dos 14 prometidos, contra os cinco já inaugurados por Moedas, três em construção e mais um adjudicado, da comparação entre a década de 2011 a 2021 em que se construíram 17 casas de habitação pública por ano, para comparar com as duas mil entregues por Moedas e 2800 famílias apoiadas com subsídio de renda, para além de umas cooperativas de habitação que estão a concurso, embora, até agora, sem candidatos porque as regras definidas pela oposição de esquerda, maioritária, dificultam muito o processo.

Que Margarida Bentes Penedo fale apenas do que acha que está melhor, é normal, é membro da coligação de Moedas.

O que me chateia, como leitor de jornais, é que a jornalista se limite a reproduzir o que diz o PS, sem avaliar criticamente a informação que recebe, perguntando se acham mesmo irrelevante que estejam a decorrer as obras do plano de drenagem, se acham que tudo o que Moedas tem feito, nomeadamente na entrega de casas, é apenas o resultado normal do que aconteceria com qualquer presidente de câmara, já que tinha sido tudo preparado por Medina, se a possibilidade de Medina inaugurar cinco centro de saúde, contra zero, resulta apenas de Moedas estar a apropriar-se do trabalho da vereação anterior (e, se assim é, não seria caso para dizer que o projecto recentemente apresentado para a Almirante Reis, por Moedas, não cabe no mesmo conceito de trabalho para a vereação seguinte, ou é irrelevante?), e por aí fora.

A mim, pobre homem da Póvoa, não me interessa muito que o jornalismo seja um mero retransmissor de coisas ditas por terceiros (é uma função relevante do jornalismo, claro, mas meramente instrumental e subsidiária), o que me interessa mesmo é que o jornalismo me tire o trabalho de verificar o que é dito por toda a gente.

E não entendo por que razão os senhores jornalistas se demitem de fazer perguntas, de ir aos sítios, de avaliar por si, apresentando as suas conclusões e os fundamentos para elas, não com o que cada um disse, mas com os fundamentos do que diz o jornalista, depois de verificar o que toda a gente disse com base em fontes independentes.


10 comentários

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De Anónimo a 28.11.2024 às 16:19


Há em Lisboa uma guerra do lixo, como a que se passou em Nápoles há uns anos.
Dantes, cada prédio tinha um contentor para o seu lixo. Era um sistema deveras conveniente. Infelizmente, com o desaparecimento das porteiras (e com a incapacidade, manifestada pelos lisboetas, de se aliarem para resolver, no interior de cada prédio, os problemas de limpeza do prédio, sem terem que recorrer à contratação de pessoas exteriores a ele), os contentores de prédio foram desaparecendo - a Câmara retira-os e recusa-se a substituí-los. A Câmara substituiu-os por grande contentores de rua. Mas não os esvazia com a frequência necessária, pelo que muitas vezes os munícipes encontram o contentor cheio e têm que abandonar o saco cheio de lixo fora dele. Consequência, ruas atravancadas e sujas. Como a limpeza das ruas compete, oficialmente, a cada junta de freguesia, o que se passa na prática é que a Câmara pode lixar cada junta de que não goste (por não ser do mesmo partido que a Câmara) diminuindo o ritmo de esvaziamento dos contentores nessa freguesia.
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De JPT a 28.11.2024 às 17:09

Eu diria que é exactamente ao contrário: certas Juntas de Freguesia do PS estão visivelmente a boicotar a recolha de lixo. Transito, diariamente, entre Campolide e os Restauradores, e vejo pessoal das Freguesias da Estrela e de Santo António a limpar as ruas em permanência, enquanto Campolide é uma colossal lixeira, onde é mais fácil provável encontrar petróleo do que um cantoneiro de limpeza da Junta (não sei onde andarão, porque em tempos existiram). Presumo que as da Misericórdia e Campo de Ourique não fazem o mesmo, por causa da qualidade de quem as frequenta (os turistas e a esquerda caviar). Misteriosamente, também passaram a faltar os camiões de recolha do lixo reciclável (a semana passada foi o do papel), fenómeno que, aposto, terá a mesma explicação da brusca e inédita epidemia de "avarias de sinalização" do Metro, que, agora, acontecem todas as semanas, e vão saltando de linha para linha, produzindo o mesmo efeito das greves, mas sem penalizar os salários dos "trabalhadores".
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De Licínio Bingre do Amaral a 29.11.2024 às 07:43

Se for a Belém todos os dias vemos na rua funcionários da junta a limpar e a recolher o lixo.
O grande responsável por todo este atraso foi Costa enquanto presidente da câmara de Lisboa. Foi ele que acabou com a recolha de lixo diária.
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De JPT a 29.11.2024 às 09:20

Nem de propósito, hoje às 7h30, a carrinha de caixa aberta da Junta de Campolide estava a recolher a pilha de entulho que se acumula junto à minha casa (gente que vaza casas e larga a tralha no meio da rua - uma longa tradição da Rua Dom Carlos Mascarenhas, não sei porquê). Se foi ao fim de uma ou duas semanas, não juro. Serão leitores deste blogue?
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De Anónimo a 29.11.2024 às 10:21


Eu diria que é exactamente ao contrário: certas Juntas de Freguesia do PS estão visivelmente a boicotar a recolha de lixo.


É possível, não sei.


O que é evidente é que há uma situação de partilha de resposabilidades entre a Câmara e as Juntas de Freguesia que potencia uma guerrilha entre as entidades.


Essa situação tem que terminar, porque quem se lixa é a população da cidade.
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De O apartidário a 01.12.2024 às 13:52

Mal comparado(pois o que se deu em Valência foi uma catástrofe) parece a situação em Espanha onde Governo central e governos regionais andam em guerrilha política e quem paga as "favas" é a população em geral. 
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De Filipe Costa a 28.11.2024 às 18:11

Jornalistas não existem hoje em dia, são meros megafones de quem lhes paga ou da ideologia com que lhes lavaram a cabecinha.
Infelizmente os media assistem à derrocada das suas empresas e não mudam, querem que o mundo mude à sua conveniência, ora tal é viver numa realidade abstrata.
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De NB a 28.11.2024 às 18:14

Os jornalistas têm barriga e família......Em certos meios temos de dançar de acordo com a música que toca. Num pais falido os bailes são escassos......
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De Anónimo a 28.11.2024 às 22:40

Tudo o que está agora a ocorrer e que Moedas exibe vem do executivo anterior.
O plano de drenagem até vem já do tempo do Carmona.
O que é da autoria de Moedas aparecerá no próximo mandato, que poderá seer dele.
Parece que todos temos a noção do tempo para edificar uma habitação, que em termos publicos é muito mais tempo, portanto as casas que está a entregar vem do Medina. 
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De henrique pereira dos santos a 29.11.2024 às 12:02

Vem do tempo do Carmona, claro, mas por acaso as obras nunca tinham começado

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