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"Maria Luís Albuquerque não é de boa memória".
David Pontes, o director do Público, tem esta opinião e não tem dúvidas, eu, e por acaso a boa parte dos eleitores que deram a vitória a Passos Coelho em 2015 (a legitimidade da coligação de derrotados para formar governo é inquestionável, mas isso não altera o facto de Passos ter ganho as eleições e Costa as ter perdido), temos a opinião contrária.
Até aqui, são meras opiniões, eu não sei em que se baseia o director do Público para não ter dúvidas na afirmação que faz, eu baseio a minha opinião no resultado das eleições que julgaram o governo de que fazia parte Maria Luís Albuquerque.
Mais grave, muito mais grave, é a manchete do mesmo Público ("A "senhora swap" e a cara da troika a caminho de Bruxelas", uma manchete imensamente menos rigorosa que "O "senhor bancarrota" e a cara da troika vive na Ericeira"), a peça em que se baseia e a generalidade do li e ouvi na imprensa.
O rigor teórico do senhor director do Público é notável: "Alguém que fez parte do seu percurso profissional em gestoras de créditos, como a Arrow Global, ou num gigante de serviços financeiros como o Morgan Stanley personifica aquilo que muitos vêem como um governante "liberal" sem problemas em passar pelas portas giratórias".
Lê-se e não se acredita, é como eu agora escrever que alguém que é director de um jornal que vive da caridade de uma família que vive da grande distribuição e outros negócios cotados em bolsa é o que muitos vêem como um jornalista "liberal" sem problemas com conflitos de interesses, parágrafo que, evidentemente, não faz sentido nenhum.
"Hoje a União é bem mais solidária e bem mais respeitadora dos desníveis entre países do que no período da troika", escreve David Pontes, sugerindo que o período da troika só existiu porque a União era pouco solidária e isso resulta das opções de Maria Luís Albuquerque, não tem nenhuma relação com o facto da imprensa ter levado o "senhor bancarrota" ao colo, ao ponto de atrasar semanas a divulgação de informações confirmadas sobre as trafulhices do seu percurso académico para não o incomodar, tal como evitava incomodá-lo perante o evidente desvario da sua governação que o levou a chamar a troika.
Há dias o Provedor do Público fez duas peças a bramar contra uma notícia sobre um excelente livro, porque a notícia era bastante boa e factual, mas tinha passado entre os pingos da chuva do férreo controlo ideológico do jornal.
O argumento usado pelo provedor foi o de que não se poderia falar do desempenho económico dos principais grupos económicos do fim do Estado Novo, em especial do grupo CUF, sem referir o contexto social negativo do Estado Novo.
O argumento, no caso, era muito pouco razoável, mas espero agora ver o Provedor do Público zurzir as senhoras Liliana Borges e Rafaela Burd Relvas (com David Santiago) por terem feito uma peça, em destaque, sobre Maria Luís Albuquerque, sem uma linha de contexto sobre o que motivou a entrada da troika e a forma como foi gerida a crise da dívida nacional, que deu origem a uma recuperação notável da economia e das finanças, depois do desastre governativo de José Sócrates (eleito secretário geral do PS, já depois da chamada da troica, como mais noventa por cento dos votos).
O Observador, e muitos outros, demonstra, nesta matéria, fazer parte da carneirada cujas redacções não se distinguem das do Público, balindo alegremente atrás das tretas que a esquerda insiste em repetir sobre as razões para a entrada da troica, o contexto do governo que teve de lidar com a troica e a surpresa de como, depois de todas as professias da esquerda (e do jornalismo, desculpem-me o pleonasmo) a garantir que o governo ia falhar, o país conseguiu mandar a troica de volta por causa dos bons resultados obtidos.
Ide pastar e irem à falência é mais que justo, a forma como reagiram à indicação de Maria Luís Albuquerque demonstra que a esquerda e o jornalismo (isto hoje está cheio de pleonasmos) são como os outros: não esqueceram nada, e não aprenderam nada.
"Maria Luís Albuquerque é uma de apenas seis mulheres apresentadas como comissárias", tem formação e currículo na área de finanças e acumula "décadas de experiência" em políticas públicas económicas", escreve o Politico (https://www.politico.eu/article/portugal-nominates-ex-finance-minister-albuquerque-for-european-commission/) antes de concluir que isso põe a portuguesa como uma "boa candidata a assegurar uma pasta relevante na Comissão nessa área" ou, em alternativa, uma vice-presidência. Recorrendo às opiniões de dois diplomatas contactados, o site especializado aponta que Von der Leyen deverá compensar as poucas mulheres na comissão com cargos de maior relevo. E ao contrário do que se repete por cá, o papel de Maria Luís Albuquerque nas Finanças durante a implementação do programa de resgate da troika soma pontos positivos ao seu currículo.
Sendo as pastas económico-financeiras as mais disputadas e com os perfis dos candidatos que já avançaram a revelar maioritariamente essa ambição, Portugal pode ganhar vantagem em relação aos demais graças ao currículo de Maria Luís Albuquerque e ao brilho que a antiga ministra das Finanças tem em Bruxelas, adianta também o L'Observatoire de l'Europe (https://www.observatoiredeleurope.com/les-portefeuilles-economiques-sont-essentiels-dans-les-negociations-pour-choisir-les-nouveaux-commissaires-europeens_a39764.html), destacando-lhe ainda pontos extra pelo facto de ser mulher. "A escolha de Portugal permite a Ursula von der Leyen voltar a respirar", resume ainda o Les Echos (https://www.lesechos.fr/monde/europe/ue-le-casse-tete-dursula-von-der-leyen-pour-former-son-college-de-commissaires-2115706). E o italiano Corriere della Sera (https://www.corriere.it/politica/24_agosto_26/commissione-ue-poche-donne-cosi-ursula-von-der-leyen-prova-a-correggere-il-tiro-b0d154b1-1490-4659-a052-0d68d65bdxlk.shtml?refresh_ce) arrisca mesmo que o facto de ser uma candidata será "um incentivo para abraçar uma pasta de maior importância, apesar de já haver um português escolhido para liderar o Conselho Europeu, António Costa".
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