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Hoje, no meio de outras coisas, resolvi dedicar uns bocadinhos a responder aos comentários no Observador sobre uma peça assinada por José Miguel Cardoso Pereira, Paulo Fernandes e António Carvalho.
O último não conheço, mas se escreve uma coisa a meias com os outros dois é, com certeza, alguém que sabe do que fala e é sério (pode estar errado, claro, como qualquer um de nós, mas isso é outra história).
Já os dois primeiros conheço-os bem e devo-lhes quase tudo o que sei sobre fogos (há uma pequena parte que diz respeito à minha área de trabalho, a evolução da paisagem, que aprendi noutros lados).
Os três resolveram fazer uma crítica séria e fundamentada à inacreditável reportagem de Ana Leal na TVI sobre o incêndio no pinhal de Leiria.
Que há sempre comentários parvos, ignorantes e por aí fora, é um dado adquirido.
O que é divertido é o nível básico, básico da argumentação e o facto da esmagadora maioria dos comentários encaixarem na clássica argumentação de que há uns extra-terrestres verdes que andam no meio de nós. Quando alguém argumenta que nunca ninguém encontrou o menor sinal desses extra-terrestres, o interlocutor responde que isso só prova que são tão inteligentes que conseguem viver no meio de nós sem deixar o menor rasto.
O melhor de todos, para mim, é este comentário: "Nem vou ler todo o rol de "baboseiras" referido por estes três senhores...acho uma falta de ética e profissionalismo brutal que três anonimos (só são conhecidos onde trabalham) venham colocar em causa o trabalho de meses de investigação de uma credenciada jornalistas Ana Leal. Quem me diz a mim e alguém já o comentou aqui, que estes três anonimos estao a por em causa o que as vítimas e o madeireiro disseram porque "alguem" lhes encomendou este sermão? Queriam ficar "famosos", pois já ficaram quanto mais não seja pelo pior motivo e da pior forma."
Primeiro começa-se por avisar que se vai comentar o que não se leu. Depois acha-se absurdo que três pessoas com trinta anos de trabalho cada uma num assunto tenham o desplante de pôr em causa o trabalho de uma jornalista que dedicou três semanas de investigação ao mesmo assunto. E depois, a conclusão clássica: se alguém discorda de mim, é por causa dos interesses que defende (este deve ser o argumento mais usado em Portugal, em todo o lado e em todos os níveis de sofisticação que possam existir numa discussão, sendo aliás o argumento base de grande parte da esquerda a propósito de tudo e nada).
Devo dizer que me diverti imenso a fazer comentários aos comentários, mas no fim, no fim, fica-me sempre aquela sensação de que o país não tem volta, é mesmo isto que somos, uns pobres de espírito, mas desta vez mal-aventurados, como me dizia um amigo sobre estes comentadores.
Mas num país em que nem um único jornalista alguma vez perguntou a António Costa se nunca achou nada de estranho no estilo de vida de Sócrates, o que poderemos esperar do sentido crítico que praticamos?
Razão tem João Gonçalves em citar regularmente Rodrigo da Fonseca: "nascer, viver e morrer entre brutos é triste".
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