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Ontem à noite fui surpreendido no carro por uma alocução do Presidente da República em directo e até pensei que era por causa de alguma coisa de grave acontecida recentemente. Mas não, era ele a dizer que nos portámos muito bem, que somos os maiores e que por isso merecemos desconfinar.
Não percebo a relutância de Marcelo abordar aquilo que verdadeiramente aflige os portugueses por estes dias. A desculpa da não interferência entre órgãos de soberania soa-me a falso, tanto mais que todos estão envolvidos no edifício da nossa Justiça: Marcelo Rebelo de Sousa, preocupado com a sua inoperância, teve como bandeira até há pouco tempo o célebre “Pacto para a Justiça” para uma reforma do sistema, e na realidade são os partidos políticos que, no parlamento, aprovam com as leis que o aparelho judicial vai ter de lidar.
Como é previsível vai tudo ficar na mesma, o assunto esquecido, Sócrates a banhos na Ericeira e o povo conformado à cata das migalhas que lhe são destinadas e não são garantidas. Os principais actores políticos e as elites estão enterradas até ao pescoço no lodaçal em que sobrevive o nosso regime irreformável, tolerante para com a corrupção e o clientelismo.
Ontem à noite não ouvi a entrevista a José Sócrates porque tenho pudor e sinto uma enorme vergonha alheia - limitei-me a ouvir hoje os comentários na telefonia. Mas percebo a curiosidade mórbida daqueles que tiveram estômago para aquilo. É como o mirone que não resiste a espreitar os escombros de um desastre sangrento.
O que mais custou ouvir na entrevista de Sócrates (14/4/2021, 20:30, TVI), e nas provas documentais que apresentou, é poder estar inocente e ter sido usado como bode-expiatórios pelos verdadeiros corruptos e criminosos.
Isso é intolerável, e põe em causa a vida, a ética e a moral de quem o acusou, e continua a acusar antes de estar terminado o julgamento.
Aceitar terem sido enganados pela cegueira das ideologias, como um rebanho conduzido por um pastor das crenças que perfilham. Terem sido usados para falsear a Verdade e a Justiça.
A inocência de Sócrates seria a derrocada da vida de quem o condena.
A necessidade de culparem Sócrates sem provas é um horror anti-democrático, que revela bem o deserto moral e ético de quem lhe faz isso, e a decadência e decrepitude desses.
Fizeram o mesmo ao Lula da Silva. Chamaram-lhe o mesmo, e perseguiram-no do mesmo modo.
Ninguém considera estranho, mesmo sem provas concludentes e directas, que não haja uma única pessoa a duvidar dessa certeza da culpa?
Ninguém considera estranho, mesmo sem qualquer prova concludente ou directa, um tratamento desigual em relação a outras figuras do Estado que têm os mesmos indícios?
Tanta unanimidade sem provas concludentes e directas...?
Afinal, os 30 milhões não eram dele, como disseram durante 7 anos. Afinal a casa de Paris era do amigo, e não de Sócrates como andaram 7 anos a dizer. Afinal o valor da fortuna da família era de «1 milhão de contos em 1970» (nessa altura era de facto uma fortuna), e foi esse valor que Sócrates sempre disse que tinha. Afinal era amigo do amigo desde infância, e ia passar todos os anos férias com ele. Afinal, os tais gastos sumptuários são menos por mês do que os de vários ex-ministros de outros partidos que foram para empresas que privatizaram enquanto foram ministros. Afinal já não era 1.º ministro, quando ajudou o amigo nos contactos (tal como fazem todos, em todo o mundo, quando terminam os seus cargos).
Tantas mentiras que disseram dele, e que agora em tribunal foram desditas. Tantos “indícios” iguais aos de Sócrates de outros governantes e actuais acusadores, sobre os quais todos se calam, sem nada dizerem ou fazerem.
Não têm vergonha da histeria colectiva e da unanimidade contra o Sócrates de que necessitam?
Não estará Sócrates a esconder um crime grave e monstruoso daqueles que o perseguem e acusam?1. Escrever um livro? Mas esse livro já não está escrito?
Esse livro não foi já publicado, e apresentado por um juiz durante 3 horas em directo nas TV’s ao Povo Português?
Esse livro não são as 7 mil páginas da Acusação, somadas às mais de mil da Instrução do juiz Ivo Rosa?
Não é nesse livro que, um juiz afirma que é mentira a acusação, de que os 30 milhões eram de Sócrates? Mais, chama essa mentira da Acusação, pela qual o prenderam e demoraram 7 anos a investigar. de (passo a citar). “fantasia”, “especulação”, “falta de razoabilidade”?
É ou não é?
2. E no fim, o máximo que o voltam a acusar são de indícios (“indícios de mercadejar”, “indícios de vantagens” que não sabem quais são?
3. Não considera estranho, mais de 100 juízes e procuradores, desde 2007, nos sucessivos processos, perseguições e acusações que lhe moveram na praça pública e nos tribunais (“face oculta”, “freeport”, “operação marquês”) não terem conseguido provar qualquer acto de corrupção?
Não pergunta a si próprio porque isto acontece?
Porquê o Sócrates?
5. Olhamos para a devassa que fazem à mãe e aos amigos em directo nas TV’s. As esperas premeditadas que meia-dúzia lhe fazem, coincidindo com a presença de repórteres e jornalistas.
E você não sente vergonha, por calarem este ignóbil crime moral e ético contra a Democracia e a Liberdade?
6. Será que os cortes nas benesses dos juízes e noutros agentes públicos que Sócrates fez em 2007, acabando com ajudas de custo desmesuradas, férias de 3 meses, carros com motorista, vínculos definitivos na Administração Pública, promoções automáticas, etc,.... não foi o motivo de uma vingança?
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