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VEADO (2).JPG

Logo de início, seria bom entender o que se passou na Torre Bela e, assim, enfrentar aproveitamentos que rapidamente se fizeram sobre a caça e os caçadores, conduzidos à reles condição de assassinos.

A Herdade da Torre Bela conta com 850 hectares de terra totalmente murada de pedra com 3 a 4 metros de altura. Necessariamente, os animais sem asas dali não fogem, uma vez fechados os portões.

Muito se tem especulado sobre quem são os seus proprietários e quem explora a propriedade. Sabe-se, sim, que um qualquer negócio relacionado com a energia fotovoltaica está relacionado com o abate de árvores ali efectuado. E com a sua desmatação, em geral.

Ora isto deixou os animais de grande porte sem quaisquer refúgios. E, ao que parece, eles eram muitos.

A famigerada "montaria" (convém pensar que as "montarias" se fazem nos montes, e não em terrenos planos, como é o caso) foi o modo encontrado para banir esses incómodos "moradores", neste novo e moderno projecto fotovoltaico. Além do mais, rendia dinheiro pela inscrição, a preços elevados, dos participantes.

Vale dizer: a leva de tantos veados ou javalis para outro local mais de acordo com o seu habitat natural, dava trabalho e não rendia.

Foi uma matança de inocentes sem defesas nem esconderijos. Ninguém falou nisso ainda, mas foi também um perigo público - porque, nesta prática, se usam carabinas, capazes de furar uma pessoa a mil metros de distância, e a possibilidade do ricochete é muito grande, com as suas inequívocas consequências.

Seguiram-se, enfim, as fotografias da praxe onde se alcançam os fatinhos comprados em boutique da especialidade, as senhoras de cabelo louro e botas altas, as gravatas verdes pintalgadas de espécies de caça; chapéus de abas e óculos escuros, sorrisos e tudo o mais que compete a uma "Meia Desfeita" devidamente actualizada.

Como não acontece com os verdadeiros caçadores. Esses que se esfalfam um dia a andar com o seu cão, por algumas perdizes. Que têm o gosto de treinar o seu companheiro para um jogo de equipa, e matam o que é de matar com sentido: a caça tem a sua ancestralidade e, se hoje é um desporto, antes foi uma necessidade. Mas o desporto não pode esquecer as suas origens: um caçador atira a um animal em movimento, nunca parado; um caçador atira a  um animal que depois come, não ao primeiro que lhe apareça pela frente. E quando o animal é daninho - caso dos javalis, dos coelhos - redobradas razões explicam o tiro.

Caço desde os meus 15 anos. Comecei com o meu Pai. Ai de mim se atirasse às espécies que não fossem para isso! São as razões por que condeno em absoluto a carnificina da Torre Bela e, serenamente, me mantenho caçador. Agora revoltado - porque  ainda há dias discuti com uma senhora que propagandeia uma "Nova Humanidade", em que todos serão vegetarianos...

Era o que me faltava! E o bacalhau do Natal (aliás, pescado e morrendo aos poucos, sufocado, no convés do navio...)?


5 comentários

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De Anónimo a 27.12.2020 às 01:24

Isso mesmo! Bem dito. E os que condenam a caça certamente não sabem o que é viver do campo, ou o cheiro pátrio da floresta.
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De Anónimo a 27.12.2020 às 10:35

sempre fui caçado à paulada
para silva pan 'quem não tem gata caça com cão'
histórias de çaça sem cedilhas
se bem me lembro era da herança Sommer (Verão)
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De Anónimo a 27.12.2020 às 11:50

Há uma carga negativa e sinistra naquele lugar desde 1975.

Torre Bela é o símbolo da nossa decadência e de todos os falhanços deste país que se adiou voluntariamente.  Um país que tem vivido enredado em ficções e equívocos permanentes:  há décadas que estamos entre a insanidade das "utopias" hipócritas e rançosas de ontem (?), e o embuste das "causas" impostas de hoje.


A ler, de Helena Matos:




https://observador.pt/opiniao/o-presepio-da-torre-bela-ou-o-triunfo-dos-javalis



(H. M. faz a "ligação" à breve biografia de Wilson Filipe. Vale a pena "clicar" para ser lida e ficar-se com uma ideia do tipo de personagens a que o país esteva entregue, nesses anos de brasa.) 
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De Madalena Cardoso da Costa a 27.12.2020 às 12:00

Muito bom, bem,. Muito bem dito e escrito. E sentido, sobretudo isto, por quem sabe, desde há muito, desde cedo, porque é caçador. E um grande caçador, com tradição familiar, conhecedor da natureza, e conhecedor-mor da natureza animal (zoológica). Gostei mesmo, pela "justeza" - de justo - do texto, com a história, a experiência e a Humanidade, e pela oportunidade do mesmo, de quem sabe e vive o que fala. Muitos parabéns e obrigada pelo texto esclarecido. Aproveito para desejar continuação de Boas Festas, e um um Bom Ano Novo, também.
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De Anónimo a 27.12.2020 às 18:11


foi também um perigo público - porque, nesta prática, se usam carabinas, capazes de furar uma pessoa a mil metros de distância


Não acredito que tenham feito o abate sem terem tido todo o cuidado de evitar que houvesse outras pessoas, que não os atiradores, na propriedade. O abate foi feita por uma empresa profissional, que diabo.


A caça é frequentemente um perigo público cá em Portugal. Mas este abate, duvido muito que o tenha sido.

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