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Marcelo Rebelo de Sousa resolveu ontem dizer uma série de coisas nenhumas, tentando passar por entre os pingos da chuva. Pareceu-me até que Marcelo considerou que o PCP e o Bloco são partidos democráticos, que todos os partidos cabem na nossa democracia. Sim, caberão, porque é a “nossa democracia”: se fosse a desses dois não caberia mais nenhum que não o partido único. E sim, é verdade, passaram mais quarenta anos, mas não consta que os Comunistas tenham mudado um milímetro nas suas propostas e Marcelo esqueceu-se de que, para eles, Cuba e Coreia do Norte são belíssimas democracias.
Mas o meu ponto de hoje é um compromisso disparatado que Marcelo resolveu tirar da cartola, sem que alguém o pedisse. Veio Marcelo dizer que iria um dia abdicar das regalias e do estatuto que são conferidos aos ex-presidentes. Parece-me estranho que seja necessário alguém dizer a Marcelo que essas regalias são conferidas – não é pelas pessoas, em si, mas – pelo cargo que ocuparam. E que por isso nem fica bem abdicar de tal coisa. Para mais, e num país de gente pequena, inicia-se com isto um concurso perigoso de “quem abdica de mais regalias ex-presidenciais?” que só pode fazer mal ao cargo e ao estatuto conferido pela Presidência da República.
Sendo monárquico dos pés à cabeça, pouco se me dá que a Presidência da República venha a ficar manchada com este tipo de debates rasteiros e popularuchos; mas não quero que isso venha de algum modo a prejudicar ainda mais Portugal.
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