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Israel e a razoabilidade

por henrique pereira dos santos, em 21.11.24

Fiz um comentário simples numa coisa em que uma pessoa qualquer eolgiava a coragem de alguém que no parlamento israelita criticava duramente a intervenção israelita em Gaza, fazendo o habitual número de citar a contabilidade de mortos.

O meu comentário era só a lembrar que para criticar o governo israelita, ou a política do Estado israelita, não é preciso grande coragem porque é um estado de direito com liberdade de expressão, coragem era preciso para criticar as políticas de utilização de escudos humanos do Hamas, Hezbollah ou Irão, em Gaza, no Líbano ou no Irão.

Sem surpresa apareceram logo uns corações muito grandes, cheios de fúria e amor, manifestando a sua ofensa pela morte de inocentes, sobretudo crianças inocentes.

Até aqui acho normal, mesmo que não seja evidente para mim que estas pessoas saibam que a definição de criança vai pelo menos até aos 18 anos, numa região do mundo em que se adere facilmente a organizações armadas com 14 ou 15 anos.

O que acho menos normal é o grau de irracionalidade usado para falar de uma situação imensamente complexa, em que não há bons de um lado e maus do outro, o que há é bons e maus em todos os lados, e vítimas inocentes em todos os lados.

"o importante é o facto do exército israelita ter assassinado milhares de pessoas, deixando feridos e/ou sem casas muitos mais, numa “guerra”/morticínio sem justificao possível nem objetivo claro (ver demissão do Ministro da Defesa de governo de extrema direita)", foi a abertura das hostilidades, com uma referência à extrema-direita incompreensível (será que se fosse a extrema-esquerda ou o extremo-centro a decidir tudo isto já seria menos dramático?), um manifesto exagero ao classificar as mortes de civis como assassinatos e não danos colaterais de uma guerra e a afirmação, delirante, de que não há qualquer justificação para a intervenção israelita em Gaza (estão por lá uns reféns, mas deve ser só para lhes proporcionar um bocado de praia, com certeza).

Perante a observação (factual) de que os ataques israelitas são precedidos de pedidos (ou ordens, como escreve frequentemente a imprensa) para que as populações civis abandonem algumas áreas, para além de grande parte das acções com mais potencial de provocar vítimas civis serem precedidas de avisos, a resposta é estranhamente absurda: "Israel avisa sempre? Nesse caso os 40.000 mortos palestinianos (incluindo talvez uns 1000 ou 2000 guerrilheiros) andavam distraídos".

É absurda no tom, é absurda na negação de uma coisa facilmente verificável (o aviso prévio às populações e o pedido de abandono das zonas de risco, frequentemente contrariado Hamas, que tenta manter a população civil nas áreas sob ataque, mesmo pela força) e é absurda na utilização dos números de vítimas: ninguém sabe bem os números de vítimas, mas existem estimativas que dos cerca de 30 mil combatentes que o Hamas tinha em Outubro do ano passado, pouco mais de metade tenham entretanto morrido, ou seja, dez vezes mais que o número evidentemente irrisório que é referido para dramatizar o que já é dramático à partida, a morte de civis inocentes.

"40 civis por cada soldado morto, não me lembro de guerra assim", diz-se ignorando o relativamente vizinho Sudão, só para não ir muito longe, nem no espaço, nem no tempo, para já não falar do ataque do Hamas a Israel que foi exclusivamente centrado no ataque a civis.

"Israel só quer matar", diz-se sem medo de que afirmações tão absurdas possam minar a credibilidade do que é dito, conhecendo-se os factos referidos acima que demonstram o cuidado do exército israelita evitar mortes civis (e pode nem ser por razões morais ou de respeito pelas leis da guerra, pode ser mesmo porque a morte de civis é um enorme problema reputacional para Israel, que qualquer pessoa com dois dedos de testa tentaria evitar).

Eu sei que discussões sobre assuntos tão polarizados são sempre difíceis, mas será impossível que pessoas razoáveis, sensatas, informadas, façam um esforço de rigor na avaliação da situação, de modo a permitir a discussão civilizada de assuntos difíceis?

É que se isso for impossível, significa que estamos condenados a conversar sobre o tempo, ao mesmo tempo que os problemas reais da sociedade crescem como tumores que nem sempre é possível resolver mais tarde, sem dor.


16 comentários

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De anónimo a 21.11.2024 às 19:51


Muito bom. É comum ouvir os gazeanos entrevistados sobre o que se passa em gaza falar em "mártires", enquanto por cá se fala em vítimas, civis ou não. Culturas.... 
E é comum não ouvir esses entrevistados falar sobre os seus chefes, os responsáveis pelo início e consequente desastrada evolução das hostilidades em Gaza.

Já se percebeu que os responsáveis político de Gaza foram enganados pelo regime no Irão. Não só já sacrificaram, marterizaram,  o seu povo, os gazeanos, os palestinianos de Gaza, como agora eles, os chefes, os responsáveis, querem continuar a tirar proveito do sacrifício dos seus "mártires" e serem recebidos e escutados pela comunidade internacional com dignidade de chefes.
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De Anonimo a 21.11.2024 às 20:39

Não há volta a dar, há dois lados da questão,  um certo, da democracia, liberdade e valores humanistas, outro da barbárie, da teocracia e da violência.  Quando se teima em defender o segundo, pouca discussão fica possível. 
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De marina a 22.11.2024 às 04:13

deve ser por isso que o tip anda à procura do bibi para o julgar , por ser um paz d alma.
ou na volta o tpi é antissemita é são tudo acusações infundadas. 
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De henrique pereira dos santos a 22.11.2024 às 07:59

Tem toda a razão, depois de emitirem mandatos contra o presidente da Síria e do Irão, seria impensável que esse tribunal não aplicasse a mesma bitola ao governo israelita, demonstrando a sua imparcialidade.
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De Anonimo a 22.11.2024 às 10:17

Seria preferível emitirem mandados, e alargarem ao Hamas em vez de se centrarem em Israel. 
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De Anonimo a 22.11.2024 às 10:09

O TPI e as UN já foram uma instituição credível e fundamentada na democracia e valores humanistas, hoje são uma marioneta das teocracias e esquerda identitária. 
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De cela.e.sela a 22.11.2024 às 11:35

exatamente
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De M.Sousa a 22.11.2024 às 12:45

A Marina e demais extrema esquerda (há outra nos dias que correm?) partilham  sem surpresa, com os Nazis, o ódio aos judeus ...
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De Anónimo a 24.11.2024 às 22:43

Infelizmente este país está cheio de "Marinas". Quase todas conotadas com a extrema esquerda e alguma esquerda não tão extrema.
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De lucklucky a 22.11.2024 às 16:31

O Tribunal Anti Israelita só incluiu um dos líderes do Hamas meses e meses depois do ataque contra Israel e só quando incluiu o PM Israelita.


Até lá nenhum membros do Hamas tinha sido acusado.


O Hezbollah que atacou Israel logo me 8 de Outubro não tem ninguém acusado de bombardear cidades Israelitas indiscriminadamente.
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De lucklucky a 22.11.2024 às 05:50

"mas será impossível que pessoas razoáveis, sensatas, informadas, façam um esforço de rigor na avaliação da situação, de modo a permitir a discussão civilizada de assuntos difíceis?"


Essas pessoas são endoutrinadas pelo neo-marxismo dos nossos jornalistas  Quantos pediram desculpa, para começar aos leitores por terem escrito em primeiras páginas e dito falsamente que Israel tinha morto 500 pessoas num ataque a um Hospital?
Note por exemplo como usam a palavra Gaza mas tentam usar o menos possível a palavra Hamas. 
Note como usam o número de mortos que o Hamas indica, não fazem resalva da sua autoria, não indicam que incluí os combatentes e não usam a famosa palavra "alegados".


Mas pior que tudo acima é o ataque á civilização que os jornalistas fazem.


Quando o Irão disparou 500 drones, mísseis ballisticos nenhum Israelita morreu, esta coisa extraordinária só possível pela civilização não foi notícia para os jornalistas.
 Depois de mais de 30000 rockets disparados contra Israel os números de mortos civis são um número muito baixo comparado com a quantidade de explosivo enviada. 
Também não é notícia.


E agora comparem como no ataque a Mosul o discurso muda, as Nações Unidas já escreviam isto:
 "As Mosul battle rages, trapped residents face terror and hunger Iraqis say militants gun down civilians escaping fighting in old Mosul, while thousands trapped there are used as human shields."
-----
Os jornalistas e a esquerda ajudaram a criar algo histórico em guerra, um grupo combatente que fica cada vez mais forte quantos mais o seu povo morrer. 
Quer os Aliados quer mesmo a ditadura Nazi tiveram de desviar enormes recursos para defender os civis .  Inclusive pessoas evacuadas para fora das areas mais em risco de bombardeamentos. Tem sido assim ao longo da história até agora. 

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De Jorge a 22.11.2024 às 10:59

O jornalixo q há 4 anos debitava diariamente e em delírio o numero de obitos por covid, substituiu a covid por Gaza e repete à náusea os numeros q o Ministério do Terrorismo do Hamas vai debitanto. E é  isto. 
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De cela.e.sela a 22.11.2024 às 11:18

 Carlos. Marighella in  Minimanual do Guerrilheiro Urbano
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De cela.e.sela a 22.11.2024 às 11:33

«Tanto humanismo, como terror, son tér- minos que han asumido en nuestra época valores distintos a los que revestían en el siglo pasado. 

M-MERLEAU-PONTY-HUMANISMO-Y-TERROR.

(https://www.uv.mx/tipmal/files/2016/10/M-MERLEAU-PONTY-HUMANISMO-Y-TERROR.pdf)
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De Anonimus a 22.11.2024 às 11:36

Felizmente o mundo está a mudar. Para melhor. As cnn, e ny times estão a ser substituídos por fontes fidedignas e populares como Daily Wire e Podcasters como Joe Rogan, e nos governos os tachistas de profissão substituídos por mentes empreendedoras tais como Elon Musk. Os EUA deram o tiro de partida, e tal como o wokismo de lá se alastrou pela Europa ocidental, em breve estes valores liberais cá chegarão, libertando de vez o Continente do espartilho socialista que nos oprime nas últimas décadas, e causa maior do evidente declínio europeu, não só económico como civilizacional 
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De Anónimo a 22.11.2024 às 15:56

Muito bom os meus parabéns.


Só essa informação vinda dos próprios hamas, de 100% dos mortos na faixa de gaza, cerca de 80% são terroristas do hamas onde se incluem nesse valor a(s) sua(s) mulher(es) e o(s) filho(s). "Apenas" cerca de 20% são civis.


E ainda na faixa de gaza nascem mais pessoas do que as que morrem. O "genocídio" de Israel está a ser "muito mal feito".

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