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Como não confio, nem um bocadinho, nas interpretações que os jornalistas fazem dos debates parlamentares, frequentemente ouço os originais no canal parlamento (ou na televisão, ou na net).
Nesse meu exercício, em que salto grande parte do que não me interessa, ouvi Isabel Moreira insurgir-se contra a importância que estava a ser dada à questão das migrações, afirmando taxativamente que a verdadeira ameaça à segurança era a extrema-direita, e não os migrantes.
Para fundamentar o que disse, falou de duas ou três agressões que nos últimos dias têm sido notícia e, aparentemente, terão alguma ligação com pessoas que são conotadas com a extrema direita.
Dizia Isabel Moreira que não é admissível que um actor seja agredido, que voluntárias que distribuem comida a pessoas sem abrigo sejam agredidas, no que, aliás, estou inteiramente de acordo com Isabel Moreira.
Estranhei, no entanto, a ligação que estabeleceu entre esses episódios e entidades colectivas, assacando-lhes uma culpa colectiva por esses actos que, a serem como descritos, são crimes.
É que menos de uma semana antes, uma pessoa comum, foi morta a tiro pelo seu pai, por se opôr ao casamento da irmã de 14 anos (ler aqui, Nuno Gonçalo Poças, sobre este desfasamento entre as elites e a realidade das pessoas comuns).
Usando o critério de definição de ameaça à segurança que Isabel Moreira resolveu usar (há actos de violência cometidos por pessoas que têm alguma coisa em comum com outras, logos todas as pessoas que possuem essas coisas em comuns são uma ameaça), o que se pode concluir é que Isabel Moreira resolveu aderir às teses do Chega de que, porque algumas famílias ciganas agridem professores, auxiliares de educação, médicos, enfermeiros, outros técnicos de saúde (e só estou a citar as vítimas que mais facilmente chegam aos jornais), a maior ameaça de segurança são os ciganos, que são incomparavelmente mais que as pessoas de extrema direita em Portugal, e que muito mais frequentemente estão ligados a episódios de violência (não é uma questão de percepção, é um facto estatisticamente verificável).
Pessoalmente, não estou nada de acordo com isto, acho que quem tem culpas são as pessoas concretas que cometem crimes e sou radicalmente contra a existência do crime de ódio (mesmo que isso exista, é irrelevante, é a acção que é crime, as suas atenuantes e agravantes devem ser objecto de ponderação pelo juiz, nada mais).
Na verdade, tenho a certeza de que Isabel Moreira não queria dizer o que disse, a dissonância com a realidade resulta da sua incapacidade de olhar para o mundo sem ser pelos seus fortíssimos preconceitos que, neste caso, resultam numa coisa simples: um actor agredido por um grunho de extrema direita, umas voluntárias agredidas por um grunho anti-imigração, têm importância para Isabel Moreira.
Um cigano da Amareleja, não.
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