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Bárbara Reis escreve coisas no Público, seguindo o princípio de que os leitores estão interessados nas opiniões dos jornalistas, princípio esse que tem dado muito bom resultado nas vendas de jornais.
Só que lhe sobra em preconceito o que lhe falta em informação e conhecimento, pelo menos em algumas matérias, o que lhe permitiu aventurar-se pela desmontagem de uma comparação entre o desempenho económico da Irlanda e Portugal, relacionando-a com os respectivos sistemas fiscais, matérias sobre as quais se desconhece a "longa experiência com honesto estudo misturado" de Bárbara Reis.
Pior, Bárbara Reis não terá feito o mínimo esforço para entender a origem da comparação (chegou-lhe via whatsapp, sem indicação da origem) e, provavelmente, desconhecia que essa comparação era de 2018, fazia parte dos materiais de comunicação da Iniciativa Liberal e o seu autor era Carlos Guimarães Pinto.
Carlos Guimarães Pinto resolveu escrever uma resposta a Bárbara Reis que o Público publica hoje.
Sobre a substância nem vale a pena falar, de tal dimensão é o arraso que seria de esperar numa discussão económica entre Carlos Guimarães Pinto e Bárbara Reis.
O que gostaria de sublinhar é mesmo a pobreza de processo jornalístico usado por Bárbara Reis (anos a fio directora do Público) na preparação do seu artigo, que a resposta evidencia.
Desde não procurar a origem da informação e não confirmar devidamente os dados que usa ou critica, até à utilização de contextos de forma criativa para interpretar os dados, estão ali evidenciados problemas sérios de jornalismo que são bem mais preocupantes que a sua natural falta de conhecimento sobre o tema que resolveu abordar.
É natural que jornalistas não sejam especialistas dos assuntos sobre que se debruçam, por definição um jornalista é um generalista que escreve sobre uma variedade de assuntos suficientemente grande para não poder ser especialista de nenhum deles, e isso não é necessariamente mau, até porque aproxima as perguntas do jornalista das perguntas do seu leitor.
Já a evidência de negligência e falta de cuidado no tratamento jornalístico do caso que escolheu, por parte de quem é jornalista desde o tempo dos afonsinhos e foi directora, anos a fio, de um dos principais jornais do país, isso sim, é um problema de todos nós porque é bem a imagem da qualidade do jornalismo do país.
E um mau jornalismo é bem mais perigoso que um mau governo, para parafrasear o outro.
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