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Estou internado no IPO desde o dia 28 de Maio em resultado da recidiva da leucemia que tive há quatro anos. Há 17 anos entrei pela primeira vez nesta unidade hospitalar com um linfoma. Ou seja, há muito que aqui sou “cliente”. Anos e anos de convivência com os profissionais de saúde e com os procedimentos hospitalares (na óptica do doente). Testemunho a excelência profissional de todos os que me acompanharam e continuam a acompanhar. Não apenas excelência técnica mas também (e sobretudo) cuidado e compaixão pelos doentes. Tenho recomendado a familiares e amigos que caso se confrontem com uma doença oncológica devem procurar o IPO pois é um hospital especializado em oncologia e no qual estão todos (os que aqui trabalham) focados nos doentes com esta patologia.
Ao entrar aqui na data acima referida fui confrontado com rigorosos procedimentos relacionados com o covid. Estou num quatro com 4 pessoas e estou confinado à cama e ao espaço ao seu redor; ou seja, apenas posso deslocar-me ao quarto de banho. Na primeira semana de internamento não era autorizada a visita presencial fosse de quem fosse. Na semana passada e no sentido de “aliviar” as restrições, foi autorizada a visita de um acompanhante (sempre o mesmo) três vezes por semana e durante 30 minutos. Por muito que custem (e custam) estas limitações percebe-se bem a razão de tudo isto e que tem a ver com o superior cuidado de proteger quem está internado.
Ontem fui surpreendido com desabafos (em surdina) de alguns profissionais de saúde e que percebi que estavam relacionados com a redução do número de médicos e enfermeiros e no que isso estava a provocar em sobrecarga de trabalho (já de si a exigir muito esforço). Li hoje esta notícia e percebi a causa do desconforto para quem aqui trabalha e se entrega de alma e coração a cuidar dos internados. Saíram, no espaço de um mês, 50 profissionais (20 enfermeiros, 13 médicos, 10 técnicos superiores, 4 assistentes e três auxiliares. Segundo a mesma notícia “no IPO são precisos mais 364 profissionais de saúde até ao final do ano. A maior parte deles é de enfermagem – são necessários mais 139 –, o que está a atrasar a entrada em funcionamento das quatro novas salas do bloco operatório”
A saída dos referidos profissionais não foi surpresa pois todos sabiam que finda a limitação de saída do SNS (que vigorou durante a pandemia) seria de esperar o abandono (para outros hospitais, do privado mas não só) de muitos. Foi substituído algum destes profissionais? Nem um! Resultado: sobrecarga e esforço quase desumano para quem ficou e restrições ao apoio dos doentes. Sim, também dos doentes pois dei disso hoje conta: em concreto, uma amigo meu (curiosamente médico no privado) trouxe-me um gelado e, na recepção, foi impedido de o entregar pois tinham entrado novas regras. Ou seja, a partir de hoje os doentes apenas poderão receber géneros (alimentares, roupa, jornais, etc) três vezes por semana e entregues pelo acompanhante autorizado à visita presencial. Nada a ver com o covid mas tudo relacionad com a escassez de recursos humanos
Fui ao site do IPO em busca de um comunicado da Administração e… nada! Algum dos administradores se demitiu? Não! Em qualquer empresa do sector privado (de qualquer sector de actividade), com quadro de trabalhadores idêntico ao do IPO, a saída de 50 funcionários provocaria demissões. Argumentarão os administradores que estão impedidos, pela Ministra da Saúde, de contratar novos profissionais de saúde. Então que se demita a Ministra. Esta, seguramente, invocará o Ministro das Finanças. Então que se demita o Ministro! Ou então o PM que os demita a todos e, também ele, abdique das suas funções!
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