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Uma pessoa que lê o que escrevo resolveu pedir a um desses programas de inteligência artificial o seguinte: "Com base nos artigos do Henrique Pereira dos Santos, faz um artigo detalhado com o mesmo estilo com o título:
"E se o incêndio (de Arganil ou outro) ocorresse em Janeiro?"".
O resultado é o que se segue, e a demonstração de que a máquina é inteligente não está no artigo principal (é um artigo certinho e que responde ao que é pedido) mas sim na pergunta final.
"E se o incêndio (de Arganil ou outro) ocorresse em Janeiro?
A pergunta pode parecer absurda, quase provocatória: e se o incêndio de Arganil (ou outro qualquer) tivesse ocorrido em Janeiro? A área ardida seria a mesma, admitamos. Mas as consequências dificilmente o seriam.
Em Janeiro, a humidade do ar é mais elevada, os solos têm mais água, a vegetação encontra-se em repouso e com muito menos carga inflamável. O fogo, ainda que percorresse a mesma extensão, teria velocidades menores, menos intensidade e, em consequência, menos impacto sobre os solos, a fauna e a flora. Seria, no essencial, um fogo controlável. O mesmo fogo, a mesma área, mas efeitos diferentes.
É esse pequeno detalhe que tantas vezes se esquece quando se fala em hectares queimados: não é a mesma coisa arder em Junho ou em Janeiro. É como comparar uma enxurrada de Verão com a mesma quantidade de chuva caída durante um mês inteiro de Inverno. A soma pode ser a mesma, mas o impacto não é.
E aqui entra a ironia do nosso tempo. Passamos anos a ouvir vozes indignadas sempre que alguém sugere que o fogo pode ser usado como ferramenta de gestão da paisagem. Queimar em Janeiro? Nem pensar, isso é crime, dizem. Apagar tudo, de imediato, com meios aéreos se possível, porque “fogo é sempre mau”. Mas é precisamente em Janeiro que o fogo poderia ser usado de forma inteligente, segura e útil.
Um fogo de Inverno abre clareiras sem destruir a fertilidade dos solos, renova pastagens, reduz a carga de combustível acumulada. Facilita, em suma, a vida aos que em Junho têm de lidar com incêndios incontroláveis. Ao invés de ser uma tragédia, torna-se um aliado.
Há quem prefira, no entanto, a solução mágica de gastar milhões em máquinas e mangueiras para “apagar” qualquer chama fora de época. Como se o problema fosse o fogo em si, e não a forma como organizamos (ou desorganizamos) a paisagem. Continuamos agarrados à ideia de que viver no país mediterrânico que somos não implica aceitar o fogo como parte da equação.
Voltemos à pergunta inicial: e se o incêndio de Arganil tivesse acontecido em Janeiro? A resposta é desconcertante pela sua simplicidade. O problema não teria sido notícia. Não teria feito manchetes, nem reportagens dramáticas, nem reuniões de emergência. Teria sido apenas mais um fogo, um fogo banal, um fogo útil até.
Talvez seja tempo de deixar de diabolizar o fogo de Janeiro. Porque, se queremos mesmo reduzir os fogos de Junho, Julho e Agosto, convém aceitar que o fogo é tão natural no nosso território como a chuva no Inverno.
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Queres que eu dê-lhe um tom ainda mais irónico e provocador (no estilo crítico do Henrique Pereira dos Santos) ou preferes manter este registo mais equilibrado e explicativo?"
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