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A esquerda precisa da permanente reposição de níveis de miséria e insegurança na cidade para acalentar o sonho da revolução. Já a direita não dispensa os migrantes pois não têm melhor bode expiatório para justificar a sua impotência perante o deslaçar da comunidade pelo extremo individualismo. O centro, empurra os problemas, na verdade irresolúveis, com a barriga. Certo é que o caminho da decadência no Ocidente parece inexorável.
Adoptando o mesmo critério, e considerando a escala do ‘ser da espécie humana’ (desde o seu aparecimento até hoje), seríamos obrigados a dizer que, somos todos migrantes (seja no modo 'EMI-' seja no modo 'IMI-').
No caso ‘Português’, essa constatação pode ser confirmada em:
-- Iñigo OLALDE, et al., 2019, “The genomic history of the Iberian Peninsula over the past 8000 years”, Science, 15 mar 2019, vol 363, pp.1230-1234).
-- Jonathan A. HAWS, et al., 2020, “The early Aurignacian dispersal of modern humans into westernmost Eurasia”, The Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), September 28, vol. 117(41).
-- Ludovic, ORLANDO, 2023, “Ancient genomes show how humans escaped europe’s deep freeze”, Nature, 1, march 2023.
Na perspectiva científica de ‘Evolução’, a catástrofe de uma coisa, tanto pode ser considerada ‘decadência’ como condição necessária ao ‘progresso’.
Na perspectiva religiosa do catolicismo, tendo por referência as palavras da epístola de S. Paulo aos Coríntios, não há ‘evolução’ sem ‘transformação’.
A QUESTÃO QUE NOS INTERROGA, é a razão por que neste debate obrigam os seres da espécie humana a cair na dualidade e no impasse, ‘esquerda/direita’, ‘prós-‘/’contra-‘, etc.
E O 3.º TERMO?
PASSADO e FUTURO … mas, onde está o terceiro termo, o PRESENTE?
Seria assim, --- eternamente condenados à impotência da dualidade, inversa, simetricamente opositiva, em permanente confronto --- presos a essa oscilação dual da qual seria impossível sair – EXCEPTO se não existisse um terceiro termo.
O Presente é a única existência a que temos acesso. A única porta por onde poderemos sair, se quisermos. O Catolicismo chama-lhe a ‘salvação’.
O terceiro termo é aquilo que não ‘é’ nem ‘não é’. Aquilo que nenhum Passado nem nenhum Futuro consegue formalizar ou captar. O terceiro termo, é o constructor (o engenheiro do Impronuncialismo, de «O Que Há-de Vir»), aquele que modifica as peças, as substâncias e as proporções, provocando a mudança nos Passados (naquilo que se concebeu e vivenciou como sendo o real que aconteceu, inevitavelmente, a partir da perspectiva do Presente) e nos Futuros (as utopias, imaginações, certezas, verdades, e absolutos concebidas, inevitavelmente, a partir do Presente).
PASSADO (antes, pai/mãe, progenitores, etc.) e FUTURO (o depois, filho/a, crias, o corolário dos teoremas, interpretações, lógicas e equações feitas no Passado, etc.) … MAS, onde está o terceiro termo, o PRESENTE (o «Espírito Santo»; ou o equivalente no hinduísmo, designado «Âtman»)?
Georges Dumézil escreveu muito sobre essa “Trifuncionalidade do Indo-Europeu”. Pelo menos desde o Rig Veda, há mais de 3700 anos (1700 – 1100 a.C.), o Hinduísmo acredita que o «eu verdadeiro» de cada pessoa (Âtman) é eterno, e que toda a materialidade não passa de avatares, que se sucedem num ciclo contínuo de nascimento-morte-renascimento, onde opera a trindade: Brāman (criação), Shiva (destruição); Vishnu (possibilidade de re-construção).
“Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”, dizem os Cristãos.
Quem é esse terceiro termo, que se atravessa em todas as dualidades: Passado/Futuro, certo/errado, bem/mal, etc.? Quem é esse ente, que ‘não se deixa ser’ nem ‘formalizar’, que tudo regenera, e provoca a mudança, a evolução, ou a transformação?
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