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Hoje a burca: e a seguir? - o turbante, a batina?

por João-Afonso Machado, em 17.10.25

Parece que hoje, em gloriosa jornada parlamentar, a República proíbiu o uso da burca em espaços públicos, assim pretendendo "libertar" as mulheres desse atavio e da sua eterna submissão ao poder masculino. E a única conclusão que logrei tirar foi - eu afinal não sei o que é a liberdade.

Depois ouvi um breve debate sobre o tema, na CNN, entre um cavalheiro do Chega, uma senhora deputada (muito atrapalhada) do PSD e o sempre sereno Álvaro Beleza - alguém que prezo e recuso situar à esquerda, mesmo que ele se diga como tal - e reorganizei as ideias. Parece que tudo poderá ser resumido assim:

- A burca usada por muçulmanas contra a sua vontade, v. g. por imposição familiar - não, jamais! (E por esta via iriamos dar à violência familiar..) A burca usada por vontade própria é uma tão legítima opção quanto o turbante dos sikhs, a batinas dos eclesiásticos católicos romanos ou a longa barba dos ortodoxos. A circunstância de viverem em Portugal e terem de seguir o normativo jurídico da República Portuguesa nada contende com isso.

- Donde a péssima colocação do problema. Aliás: da jacobina colocação do problema.

- Depois sobram as imprescindíveis questões de segurança, para as quais uma defesa eficaz é a vídeo-vigilância. E aí, na realidade, debaixo de uma burca poderá estar um(a) terrorista, quem quer que seja animado dos piores propósitos, e a cara destapada é sempre um dado de valia.

- Tudo somado acarreta uma só conclusão: legislar assim à pressa, só na República portuguesa, ou nas demais afectadas pelo jacobinismo. Há lugares e lugares, propensões e propensões. Valeria proíbir uma burca como o uso de um barrete de esquiador, seja verão ou inverno. O legislador, em vez de pretender chatear, devia estudar e prever e só depois estatuir. Devia tirar os óculos escuros que, às vezes, são o disfarce dos meliantes. Também poderia pressupor que uma mulher de burca por convicção religiosa não se passeia por aí, à noite, em lugares atreitos a navalhas, rebentamento de caixas-multibanco ou de lojas de conveniência. E, então, o diploma legal sairía mais centrado nas condições de tempo e local do que no pano enroscado nas cabeças islamitas.

Mas isso dá trabalho, não provoca o outro lado do hemiciclo parlamentar e até pode ser consensual. Tudo uma monotonia, uma maçadora sessão. E não foi para isso que a Assembleia da República Portuguesa foi criada.

Ou então passem ao capítulo seguinte: o dos turbantes, batinas, balandraus e - sejamos coerentes - gajas em sapatos-andaime que atacam à noite na escuridão das avenidas.


49 comentários

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De Anonimo a 18.10.2025 às 12:59

Pois, cada um usa o que quer (mais ou menos, eu não posso andar por aí vestido à Borat). Agora, "elas" usam porque querem? Ou porque são coagidas a tal? Difícil distinguir...
Deve o Estado intervir?
Pois, talvez não, mas antigamente entre marido e mulher não se metia a colher, hoje não é bem assim. 
Isto das liberdades culturais baseadas na História por vezes chocam com o dito progresso, digam aqueles que nem podem casar a criançada, quando isto da idade nem passa de uma construção social.
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De Silva a 18.10.2025 às 18:20



Obviamente que o verdadeiro assunto não é a burka, mas as centenas de milhares de imigrantes que entraram no governo do comunista Costa.
O assunto burka, serve para desviar as atenções da pulhice, não só do governo do comunista Costa como de quem andou a votar no PS do comunista Costa.


O que é mesmo preciso é implementar, rapidamente e em força, reformas estruturais, a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seguindo-se outras reformas estruturais.

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De Anónimo a 19.10.2025 às 11:12

Se bem percebi você sugere que se acabe com a Segurança Social, é isso ?
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De Anonimo a 19.10.2025 às 16:15

E não só. 
Mais, não está sozinho.
Boas notícias, tudo indica que possa vir a ter o país (e Europa) com que sonha
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De Silva a 19.10.2025 às 17:16

A minha "sugestão" é que se acabe com os descontos (tanto os da entidade patronal (23,75%) como os do trabalhador (11%).
Obviamente que isso levará ao quase total desmantelamento do Ministério da Segurança Social, Secretarias de Estado e suas dependências orgânicas e administrativas, sobrando pouca coisa destinado a casos especiais.
Isso irá libertar recursos financeiros (em mil milhões de euros) para outras áreas, ou simplesmente para diminuir a dívida externa.
Haveria também a libertação de milhares de funcionários para outras áreas governamentais e preferencialmente para o sector privado.
Mas as reformas que menciono seria essencialmente para o desmantelamento das bases de sustentação do socialismo.
Rapidamente o investimento interno e externo cresceriam exponencialmente para o aproveitamento das novas condições existentes (inovação e competitividade melhoradas para competir em termos económico-financeiros com os outros países).
Obviamente que se actualmente as pessoas sobrevivem com dificuldade, iriam continuar a sobreviver com dificuldade, mas com melhores possibilidades de pagar menos impostos e imposições. Não se esqueça, o principal imposto existente é simplesmente a existência do salário mínimo.
Muitos outros impactos positivos surgiriam das reformas estruturais.
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De Anónimo a 18.10.2025 às 19:34

A falta que faz uma pandemia para açaimar o focinho à populaça.
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De Anónimo a 18.10.2025 às 22:58

Não foram removidos todos os cruxifixos das salas de aulas das escolas por ser um símbolo religioso?
Então se a esquerda quer ser coerente ou volta a colocar todos os cruxifixos que mandou remover das salas de aulas ou as burcas têm que desaparecer.
A reciprocidade é para tudo e todos não pode ser só para alguns.
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De Anónimo a 19.10.2025 às 08:37

das salas, não dos pescoços da malta. quem quiser usa cruxifico ao peito, usa. se quiserem, até podem usar cilício e cinto de castidade, que ninguém tem nada a ver com isso.  
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De Anónimo a 19.10.2025 às 11:02

Nesse caso coloquem a burca dentro da boca assim já não se vê.
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De Anónimo a 19.10.2025 às 15:34

Ok o cruxifixo pode estar dentro do armário que não há problema nenhum a burca é que pode estar á vista de toda gente, percebido.
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De Anónimo a 19.10.2025 às 03:03

Com cara tapada ou destapada as mulheres têm um estatuto igual aos dos homens na religião dominante em Portugal? E na sociedade, em geral? Os que reivindicam, muito justamente, a libertação da mulher muçulmana sejam coerentes. Olhem para as mulheres portuguesas, no trabalho, na vida social e dentro das suas próprias casas. 
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De Vagueando a 19.10.2025 às 11:40

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De Anónimo a 19.10.2025 às 15:37

No país deles elas são obrigadas a usar burca, por cá são livres para usar a burca.

Esse pessoal da esquerda não sei se estão sempre no gozo ou se é mesmo a falta de uns neurónios.
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De Anónimo a 20.10.2025 às 02:36

“No país deles elas [sic] são obrigadas a usar burca, por cá são livres para usar a burca.” Eram, cabecinha pensadora (em terra de cegos quem tem um olho é rei, pensou o Sapo).

“Esse pessoal da esquerda não sei se estão…”. A língua portuguesa não é assim tão complicada. Tem regras simples. Explico por outras palavras: falta o neurónio da concordância, o que manifesta falta de integração no domínio linguístico. 
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De Anónimo a 21.10.2025 às 19:05

Eram obrigadas a usar? não sabia obrigado pelo reparo, quando é que passou a ser facultativo?



Realmente nem sei como poderia pensar que a esquerda não sabe qualquer coisa, eles sabem tudo, e tem a certeza principalmente das burrices que escrevem e repetem!


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