Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Há limites para a indecência

por henrique pereira dos santos, em 23.03.21

Henrique Oliveira (também Silveira, depende dos contextos) é um dos mais espalhafatosos membros dos quatro matemáticos do apocalipse.

O Observador acha-lhe graça e cita-o na qualidade de especialista (que é, sobretudo em música, acessoriamente em matemática).

"De qualquer modo, com apenas sete dias de desconfinamento, é cedo para concluir se o plano governamental está ou não a correr bem, numa Europa onde a pandemia anda a várias velocidades. Os primeiros sinais do sucesso deste plano de desconfinamento só devem ser claros com os números que tivermos a meio da semana, acredita o matemático Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico".

Comentário: estes grupo de matemáticos sempre subscreveram a tese de que menos de dez a quinze dias, preferencialmente três semanas, era pouco para avaliar o efeito de quaisquer medidas não farmacêuticas tomadas na evolução da epidemia, excepto quando os casos começaram a cair estrondosamente no fim de Janeiro, altura em que desenvolveram a tese de que só o fecho de escolas, uma semana antes, poderia explicar uma queda que consideravam inexplicável. Agora parece que voltaram à tese de que uma semana é pouco. Até aqui, nada de novo, trata-se da permanente alteração da base teórica para explicar o desajuste entre as suas previsões e a realidade em que são exímios, o que lhes evita a maçada de explicar os erros de previsão.

"Henrique Oliveira avisa que os óbitos continuam em valores mais altos do que era expectável face à incidência registada agora, o que significa que as mortes por Covid-19 que se estão a verificar são ainda de pessoas infetadas há cerca três semanas.

Por outro lado, isso também pode indiciar uma maior disponibilidade do próprio SNS no tratamento aos doentes. Quando Portugal atingiu médias de 10 mil casos diários (com picos de 16 mil) e chegou às 303 mortes registadas em 24 horas (em dois dias, 28 e 31 de janeiro), esse intervalo era inferior — cerca de duas semanas. Mas isso denunciava os problemas que se verificavam nos hospitais: sem espaço nas unidades de cuidados intensivos, muitos doentes acabavam por morrer no internamento geral, sem usufruir de tratamentos que lhes teriam prolongado a vida".

Comentário: Aqui o caso é muito mais sério. Um professor universitário faz umas correlações matemáticas entre número de casos e mortalidade e, ao verificar que o tempo que medeia entre o pico de um e o pico de outros não bate certo, em vez de concluir o que parece evidente - que não está a perceber nada do que se passa e tem de ir procurar explicações para a inconsistência - inventa, o termo é mesmo inventa, uma explicação completamente idiota: a de que os cuidados de saúde prestados aos doentes covid são necessários para que as pessoas demorem mais uma semana a morrer.

Que a explicação seja idiota em si mesma e que não tenha qualquer base nos factos é absolutamente irrelevante para Henrique Oliveira (Silveira), desde que lhe permita manter a tese de que temos de estar todos fechados em casa porque as epidemias têm um crescimento exponencial e, consequentemente, quando se entra na exponencial, é preciso atacar o mais cedo possível (o facto de o eminente investigador ter identificado um efeito supersónico no fecho de escolas que consistiu em aumentar a velocidade de descida dos casos que já ocorria antes, não demove o cientista de defender a tese de que só atacando a exponencial na base se podem esperar resultados robustos).

Francamente, o que citei acima ultrapassa qualquer limite normal para se ser aceite como opinião racional e sólida, não passa de conversa de café para justificar erros e asneiras na leitura da evolução da epidemia e manter o estatuto de especialista num assunto de que se percebe raspas.

Pura indecência, portanto.


5 comentários

Sem imagem de perfil

De Eduardo Oliveira a 23.03.2021 às 15:54

Não passa de conversa de café mas ao contrário da conversa que qualquer um de nós possa ter no café, esta enforma decisões que afectam a vida de muitas pessoas.
Imagem de perfil

De SAP3i a 23.03.2021 às 19:17


Sei que desmerecem da opinião que dei.

Isso impede a análise aos factos e à crítica do Post.

Repito, é necessário perceber a consciência que a Política tem da racionalidade e da ciência.

A.Costa tem-na, porque é hábil e inteligente.

A Política sabe que a ciência e a razão não são a Verdade, porque ainda não existe a "Teoria do Tudo" (definitiva, absoluta, final).

Logo, usam a racionalidade e a ciência (exibem-na ao olhar público da população através dos Media) para demonstrarem que as suas decisões (subjectivas, interesseiras, empíricas e falíveis) são melhores do que as "cientificas e racionais".

Sem entender este "jogo", não se consegue explicar a crítica do Post.
Imagem de perfil

De SAP3i a 23.03.2021 às 22:28


Logo, concordo com a crítica de Henrique Pereira dos Santos.
Mas o que me irrita mais, não é os cientistas errarem, é deixarem-se usar pela Política.
Porque isso, não os descredibiliza a eles, mas à Ciência.
E o afastamento da população de uma cultura científica é o défice mais estrutural que Portugal tem. É isso que não lhe permitiria alcançar a prosperidade, em vez de acumular Dívida (há 47 anos que não conseguiu, nem num ano sequer, ter superavit).
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 24.03.2021 às 00:23

Todos mentem, mas os mortos mentem menos!

O Especialista Oliveira (Silveira) disse uma coisa muito importante, que embora imprecisa destrói a sua própria narrativa. Então em Janeiro as Pessoa morriam 2 semanas de pois de contraírem o vírus? 2 Semanas? Registado.

O especialista Antunes reconheceu no final de Janeiro, também ao Observador que havia atrasos no reporte do mortos. Não se sabe de quantos dias. Até disse que o dia com mais mortos "reais" tinha tido 295.

 - Como Portugal não corrige relatórios diários os casos são lançados com um atraso que suspeito que em Janeiro era bem grande. Até se pode ver que o número de mortos nessa fase tinha oscilações semanais, sendo a segunda-feira (dados de domingo) o dia com relativamente menos mortos.

Juntando o que foi dito pelos especialistas Oliveira (Silveira) e Antunes temos: Pico oficial de mortos em 29 de Janeiro (ponto médio da média móvel a 7 dias). 29 de Janeiro são dados de 28. Mas os dados estavam atrasados, vamos dizer, benevolamente, 3 dias. 25 de Janeiro foi o mais tardar, o pico de mortos.
Recuas 2 semanas e tens 11 de Janeiro. Se recuas 3 tens 4 de Janeiro. Vamos para o meio, para não dizerem que estou a ser tendencioso: 8 de Janeiro, às 12h foi o pico dos contágios! (nas minhas contas o pico dos contágios foi a 5 de Janeiro mas aceito o 8). 8 de Janeiro é o que nos dizem, sem querer, os especialistas: 1 semana antes do confinamento, 2 semanas antes do fecho das escolas!
Deixo as conclusões para cada um, mas posso dizer que esta minha tese que é inatacável por alguém com a inteligência de um símio e a sensatez de uma mosca, foi alvo de insultos, criticas e até chacota em outros fora. É a vida dos decentes em tempos de demência coletiva.
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 24.03.2021 às 01:06

Todos mentem, mas os mortos mentem menos!

O Especialista Oliveira (Silveira) disse uma coisa muito importante, que embora imprecisa destrói a sua própria narrativa. Então em Janeiro as Pessoa morriam 2 semanas de pois de contraírem o vírus? 2 Semanas? Registado.

O especialista Antunes reconheceu no final de Janeiro, também ao Observador que havia atrasos no reporte do mortos. Não se sabe de quantos dias. Até disse que o dia com mais mortos "reais" tinha tido 295.

 - Como Portugal não corrige relatórios diários os casos são lançados com um atraso que suspeito que em Janeiro era bem grande. Até se pode ver que o número de mortos nessa fase tinha oscilações semanais, sendo a segunda-feira (dados de domingo) o dia com relativamente menos mortos.

Juntando o que foi dito pelos especialistas Oliveira (Silveira) e Antunes temos: Pico oficial de mortos em 29 de Janeiro (ponto médio da média móvel a 7 dias). 29 de Janeiro são dados de 28. Mas os dados estavam atrasados, vamos dizer, benevolamente, 3 dias. 25 de Janeiro foi o mais tardar, o pico de mortos.

Recuas 2 semanas e tens 11 de Janeiro. Se recuas 3 tens 4 de Janeiro. Vamos para o meio, para não dizerem que estou a ser tendencioso: 8 de Janeiro, às 12h foi o pico dos contágios! (nas minhas contas o pico dos contágios foi a 5 de Janeiro mas aceito o 8). 8 de Janeiro é o que nos dizem, sem querer, os especialistas: 1 semana antes do confinamento, 2 semanas antes do fecho das escolas!
Deixo as conclusões para cada um, mas posso dizer que esta minha tese que é inatacável por alguém com a inteligência de um símio e a sensatez de uma mosca, foi alvo de insultos, criticas e até chacota em outros fora. É a vida dos decentes em tempos de demência coletiva.

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2022
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2021
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2020
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2019
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2018
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2017
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2016
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2015
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2014
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2013
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2012
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2011
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2010
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2009
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2008
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2007
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2006
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D