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"Estou convencido de que, quando olharmos retrospectivamente para o momento que vivemos, a saliência que a imigração ganhou no debate público destacar-se-á como sintoma de um processo de desagregação social, cavalgado politicamente. Mas também descobriremos que a fixação com os imigrantes era, afinal, parte de uma ofensiva mais vasta que obedecia a uma sequência previsível: primeiro os imigrantes, depois as minorias e, no fim, as mulheres. No que é também uma história grotesca que se repete."
Não faço ideia do que passou pela cabeça de Pedro Adão e Silva para escrever isto como fim de um texto sobre o que disse Ana Paula Martins na Assembleia da República.
Comecemos pelos factos.
Uma senhora imigrante, legalizada, morreu de complicações associadas à gravidez, depois de ter passado pelo hospital uma vez, a terem mandado para casa e depois o socorro não ter chegado a tempo quando, em casa, a situação se complicou.
É uma situação que poderia acontecer a qualquer mulher, embora menos provável em gravidezes mais bem acompanhadas.
Os serviços tutelados (mas não geridos) pela Ministra deram-lhe informação errada sobre o caso que levaram a Ministra a enquadrar, erradamente, o caso como sendo um exemplo de situações que têm ocorrido relacionadas com obstetrícia, descrevendo um contexto que está muito relacionado com a procura de serviços de saúde por imigrantes, quer os que estando há relativamente pouco tempo em Portugal estão menos integrados e têm mais dificuldade de acesso aos sistemas de saúde, quer os que vêm especificamente a Portugal à procura de uma qualidade de assistência médica que os seus países de origem não lhes garantem.
Aparentemente, não há muita gente interessada em discutir a substância do caso, que tem duas componentes: a primeira, saber exactamente o que aconteceu no caso concreto para ver o que se pode melhorar de maneira a que não se repita ou, pelo menos, se repita menos vezes o conjunto de circunstâncias que resultaram na morte de duas pessoas; a segunda, saber se a caracterização que a Ministra fez é sólida porque, a serem as coisas, de maneira geral, como descrito pela Ministra, está identificado um problema a que é preciso dar atenção.
Pedro Adão e Silva escolhe outro caminho, que explica bem por que razão a esquerda a que pertence Pedro Adão e Silva está em dificuldades.
Por um lado, nega que a imigração, quando atinge proproções relevantes num curto espaço de tempo, seja um fenómeno social com implicações sérias que precisam de atenção e por isso emerge na discussão pública, na sua opinião, é um mero "sintoma de um processo de desagregação social", conceito que nem percebo como seja aplicável ao contexto migratório que existe, e menos ainda percebo que seja usado por um sociólogo.
Por outro, acha que a Ministra da Saúde referir-se a problemas - volto a dizer, que não sei se estão bem ou mal caracterizados - relacionado com a prestação de cuidados de saúde a imigrantes, faz parte de uma "ofensiva" (muito gosta a esquerda desta linguagem) planeada para atacar as minorias e as mulheres, usando os imigrantes como desculpa (muito gostam estes homens de esquerda de tiradas paternalistas, dirigidas a mulheres, sobre os direitos das mulheres).
Grotesco, diz ele, e muito bem, um ministro do governo que mais irresponsavelmente tratou o assunto da imigração vir acusar quem tenta resolver os problemas decorrentes da negligência do governo anterior de fazer parte de uma ofensiva mais vasta que visa os imigrantes (que o governo anterior tratou irresponsavelmente), as minorias e as mulheres.
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