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Greta e o reiki

por henrique pereira dos santos, em 21.09.23

Adenda: o primeiro boneco tem a densidade de ignições em função da dimensão que atingem os fogos a que dão origem. É uma forma visualmente simples de demonstrar que a dimensão dos fogos não tem relação com a número de ignições. No primeiro mapa estão as ignições que dão origem a fogos com mais de um 1 ha, no segundo mais de 10 ha, no terceiro mais de 100 ha e no quarto mais de 1000 hectares. Resumindo, há muitos fogos pequenos onde há mais gente, mas onde os fogos ganham dimensão é onde não há gente)

Um dia destes, num grupo de pândegos que frequento, publiquei um post, sem qualquer comentário (excepto a identificação da fonte dos bonecos que reproduzo abaixo, o primeiro, distribuição das ignições pela dimensão dos incêndios a que dão origem, fui buscá-lo a um comentário do Nuno Gracinhas Guiomar e acho-o muito interessante, o segundo tem a fonte e é um mapa de distribuição do eucalipto em Portugal), e o post foi apagado por um administrador, alegadamente por ser propaganda eucaliptista.

igniçoes por area.jpg

eucalipto 2.jpeg

Na minha página no Facebook fiz uma ligação para este post sobre um artigo de Bárbara Reis, que diz respeito à aldrabice de se dizer que vão ser abatidos quase 1900 sobreiros centenários para fazer um parque eólico em Morgavél, o que fez aparecer uma senhora normal que diz que o artigo é duvidoso, juntando umas informações vagas sobre os interesses de Bárbara Reis, quando questionada em que é o que o artigo é duvidoso desata numa longa catilinária sobre a crise do modelo económico do jornalismo, mas tem o bom senso de se calar, não responde à repetição da pergunta, mas cala-se.

Aparece uma segunda senhora, faz também um comentário lateral qualquer, quando questionada sobre se estaria a afirmar que de facto iriam ser abatidos cerca de 1900 sobreiros centenários, responde que eu sou um ignorante e provocador, mas evita responder à pergunta.

Fiquei com curiosidade, e fui ver quem era a senhora que me chama ignorante a propósito de uma questão que é profissionalmente próxima de mim, e percebi que a senhora era uma terapeuta de reiki, uma profissão estimável, com certeza, mas que não qualifica ninguém para discutir sobreiros, árvores ou parques eólicos, como é evidente.

São estas pessoas que, hoje, fazem o grosso do movimento ambientalista que se manifesta pela defesa dos sobreiros, pela morte dos eucaliptos, pelo amor às árvores e contra o apocalipse climático.

Vi um dia destes um estudo (enfim) que dizia que 30% dos suíços diziam que tinham mudado do seu comportamento ambiental, influenciados por Greta Thundberg.

Eu sei perfeitamente como estes estudos são falíveis (estudos do mesmo tipo sobre Woodstock referem que os que dizem que estiveram em Woodstock são quatro vezes mais que os que comprovadamente lá estiveram), mas se é assim tão importante esse resultado, então os indicadores ambientais da Suíça teriam mudado dramaticamente, com quase um terço da sua população a ser influenciada por Greta Thundberg.

Ora isso é que já é mais difícil de demonstrar, parece que não se vê nenhuma alteração de fundo nas tendências, não se sabendo se são os conselhos de Greta que afinal não funcionam, ou se as pessoas acham que dizer bem de Greta, mesmo mentindo, as torna melhores cidadãos.

O que me preocupa não são estes cisnes negros ou simplesmente tolinhos que pululam por aí, sempre houve, sempre haverá, mas o estado comatoso do grosso do movimento ambientalista responsável que não só não quer criticar estas franjas para não deitar fora o bebé com a água do banho, como quer vivamente que os "compagnos de route" ambientais se abstenham de criticar os nossos, que isso é dar tiros nos pés.

Não, camaradas, tiro no pé é Greta dizer o que diz ou ter terapeutas de reiki a representar movimentos sérios de contestação a acções que podem ser descritas objectivamente, com base em afirmações totalmente falsas.

Isto não é nada de específico do movimento ambientalista, a bonomia com que são encaradas as afirmações de Ana Catarina Mendes sobre Cavaco e o trabalho infantil, umas declarações totalmente falsas, comprovadamente falsas, feitas por uma responsável política num discurso formal, são o mesmo sintoma: a verdade é uma coisa relativa que se deve submeter ao benefício que se pode obter pela sua omissão.

Isto sempre existiu, e existirá, mas não sei se a dimensão da aceitação social disto terá sido sempre a mesma, mesmo sabendo que não é de hoje o princípio geral da governação: proteger os amigos, perseguir os inimigos, e aplicar a lei aos restantes.


21 comentários

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De balio a 21.09.2023 às 17:22


Carros eléctricos [...] aumentam exponencialmente o consumo de electricidade.



Não só de eletricidade, mas também de potência.


Por exemplo, uma família normal terá, tipicamente, instalada em sua casa uma potência de uns 6 kW. Se essa família quiser carregar o seu carro elétrico num tempo razoável (4 horas), precisará de ter mais 6 kW de potência disponíveis na tomada da sua garagem. Ou seja, a potência instalada na casa duplicará.


Para fornecer essa potência a todas as casas do país, será preciso mudar imensos cabos elétricos instalados no subsolo.


Vai ser um investimento enorme, e eu não sei quem o irá pagar.


Eu (tal como muito boa gente) tenho o meu carro estacionado na rua. Se fosse um carro elétrico, eu não saberia onde o carregar, dado que não há carregadores elétricos em todos os lugares de estacionamento ao longo de todas as ruas de todas as cidades.

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