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Presentes ao acto, da esquerda para a direita, o Fundador, Miguel Morgado, Vasco Rosa, Henrique Pereira dos Santos, João Távora, Maria Teixeira Alves, Vasco Mina e João Afonso Machado
Foi ainda na fase gin tónico que eu alvitrei um renascimento da blogosfera motivado pelo desencanto de gente civilizada pela superficialidade do Facebook, Twitter e Instagram. Desafortunadamente, senti logo que os meus digníssimos colegas do Corta-fitas que se encontravam presentes não acompanhavam com grande entusiasmo este optimismo. Julgo que recebi mesmo um ou outro olhar de esguelha. Pareciam pensar: “Olha este, que já não escreve um post nem quando o rei faz anos, agora vem com histórias...”. Creio que decidiram mesmo punir-me, obrigando-me a escrever este relato do jantar. Mas eu, valendo-me do meu estatuto de fundador que resta do blog, vou fazê-lo só pela rama. É para aprenderem a não me encarregarem de assuntos sérios.
Estávamos nas cercanias do Parlamento, no simpático restaurante Parlatório, na Rua de São Bento, e esperávamos pelo nosso convidado, Miguel Morgado, sem dúvida uma das vozes mais interessantes que existem no Portugal não-socialista. Empenhado em construir uma “federação de direitas”, tendo já fundado o Movimento 5.7, a sua intervenção tem muito a ver com o que tem sido a vivência deste blog desde que surgiu, em pleno primeiro mandato de José Sócrates, quando, tal como acontece um pouco hoje, parece que quem não é de esquerda não é bem visto em Portugal. No mínimo. Ora no Corta Fitas sempre albergámos diversas maneiras de ser não socialista, desde que tolerantes e respeitadoras da democracia burguesa.
Foi na fase vinho branco que a conversa com o convidado se desenvolveu e Miguel Morgado não desiludiu. Entre bacalhau à Brás, rosbife e empadão de vitela, trocámos impressões sobre o futuro do CDS, PSD e Iniciativa Liberal, sobre a Comunicação Social portuguesa, comparámos a governação socialista com a de Passos Coelho (à qual Miguel Morgado pertenceu), sobre as dificuldades de ser de direita entre nós, quando muitas vezes até falta apoio de quem naturalmente pertence a este espaço, e sobre várias outras coisas de que agora não me lembro.
Lembro-me sim do que achei na altura e que confirmou o que já conhecia do nosso convidado. A sua geração apresenta uma série de pessoas bem-educadas, cultas e desassombradamente não-socialistas, que estão - ou estiveram - na política pelos melhores motivos. Mas nem todas possuem uma grande qualidade que me parece distinguir Miguel Morgado, a combatividade. Atrever-me-ia mesmo a considerar que ele gosta do cheiro a pólvora, que nunca se queixa de se ter metido na política partidária, sabendo de antemão o que isso implica. Por outro lado, também se distingue por não se deixar limitar e intimidar pelo discurso da esquerda. Não esperem dele frases que comecem com “sou de direita, mas em certas coisas...”, perdendo tempo em intervenções públicas a justificar que não é “ultramontano” ou que não tem nada a ver com salazarismos ou regimes autoritários afins. Nele é tão evidente que não precisa de ser enunciado.
Tivemos, portanto, um convidado excepcional e, a julgar pelo tempo que demorou e pela animação das conversas, fico com a ideia de que Miguel Morgado também gostou da jantarada. Venham mais como ele e nós cá continuaremos a estar no Corta-fitas para os ouvir. Afinal, digam o que disserem os moderninhos, os blogs ainda são o melhor lugar para estar.
Nota: O nosso convidado bebeu só uma (1) cerveja
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