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Fechar os olhos aos problemas

por henrique pereira dos santos, em 25.02.24

"Sim e demorou sete anos. Um terreno comprado à Câmara de Lisboa, com luz verde, num leilão, demorou sete anos para ser aprovado".

Esta é a resposta de Pedro Soares dos Santos à pergunta sobre a nova sede do grupo Jerónimo Martins, cujo projecto foi aprovado há meses, pelo que li.

Estamos a falar de um edifício vendido pela própria câmara municipal, em leilão, para o uso que terá e, mesmo assim, demora sete anos a ser aprovada a sua construção.

No Barreiro corre a história, que nunca confirmei, de que quando Alfredo da Silva decidiu fazer as fábricas que fez no Barreiro, quis contratar um projectista francês (se não me engano, para a história isso é irrelevante).

Quando o informaram de que sim, seria possível contratar esse projectista, mas isso atrasaria o começo das obras em um ano, perguntando-lhe o que fazer, terá respondido que plantassem batatas.

Mesmo que a história não seja verdadeira serve para ilustrar a ideia de que um investimento parado é destruição de valor e o país acha normal que entre o momento da venda do terreno pela Câmara e o início das obras passem sete anos.

Se fosse um caso isolado, enfim, era mau, mas era um caso isolado, mas o quarteirão da Artilharia Um está há 19 anos em bolandas (vale a pena ler o que escreve sobre o assunto Margarida Bentes Penedo) e poderia dar milhares de outros exemplos, para quem não repara nos tempos infindos entre um edifício ter uma placa de obras e realmente entrar no mercado.

Não se pense que é apenas na construção que é assim, é em tudo e, infelizmente, não é apenas no Estado (basta pensar no tempo infindo que gastamos em atrasos no princípio das reuniões e no facto de em muitas organizações não ser habitual definir uma hora de fim das reuniões).

Diz-se que Jardim Gonçalves se recusava a começar fosse que reunião fosse sem ter a acta escrita (durante a reunião poderia mudar-se o que fosse preciso, claro).

O país tem um problema sério de eficiência e o Estado potencia brutalmente essa ineficiência e, no entanto, andamos entretidos, numa campanha eleitoral, a discutir o que farão os partidos que perderem em vez de se pretender saber o que farão os partidos que ganharem.

A nossa capacidade de fechar os olhos para não enfrentar os problemas é homérica (a tal ponto que ninguém pergunta a ninguém do PS o que pensa das opções políticas do partido no tempo de Sócrates, não estou a falar das questões de justiça, essas podem ir sendo discutidas nos sítios que se quiser, mas o PS e os seus dirigentes de então, que são os mesmos de hoje, nunca foi confrontado com as suas responsabilidades anteriores à troica e que conduziram à troica e à assinatura do memorando de entendimento, o que é extraordinário, tendo em conta o sarilho em que nos meteram).


22 comentários

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De Nelson Gonçalves a 27.02.2024 às 07:31


Fazendo de advogado do diabo: o Grupo JM (se não estou em erro) tem a sede fiscal na Holanda e a maior parte do negócio fora de Portugal. Querem uma sede no centro de Lisboa porquê ?



Se a querem em Portugal, porque não em Pombal ? Terreno não falta, tem duas linhas de combio, duas auto-estradas, a 1h30 de Lisboa e Porto. Ou Leiria, ou Figueira da Foz, ou Bragança, ou etc.



Tudo isto para dizer que certamente num dos 308 municípios que existem em Portugal, certamente encontravam um ou dois onde teria sido muito mais fácil e rápido fazer a sede.



Critica-se muito (e bem) o centralismo de Lisboa, mas se um grupo empresarial como o JM se limita a Lisboa, como criticar as outras empresas mais pequenas e mais dependentes da proximidade à corte alfacinha ?
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De henrique pereira dos santos a 27.02.2024 às 08:49

Está enganado, a sede do grupo Jerónimo Martins, das poucas multinacionais portuguesas de sucesso, é em Portugal, a holding tem sede fiscal nos Países Baixos, mas não é a sede operacional do grupo.
Quanto ao resto, estamos de acordo, era possível ter a sede noutro lado qualquer, as razões para preferirem ter em Lisboa teria de lhes perguntar.
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De VV a 28.02.2024 às 18:16

Os funcionários e outros colaboradores que irão exercer cargos na sede da empresa ficariam muito felizes de ir viver para Chaves. Até fica na fronteira, ideal para intercâmbio cultural e empresarial com Verin......
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De Nelson Goncalves a 28.02.2024 às 20:04


Certo. Seguindo esse raciocínio não se podem construir nada fora de Lisboa.



O que é que os trabalhadores da Jerónimo Martins pensam ou querem, não sei.

Eu, se tivesse o salário de gestor e vivesse em Chaves, sei que teria uma vida de lord.

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