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Pode ouvir-se ao minuto 29 e 45, mais coisa menos coisa.
"o governo está a tentar dar resposta também a este problema. Posso afirmar que neste momento estamos a começar a estruturar, no ministério da saúde o apoio psicológico e psiquiátrico a estas vítimas, justamente porque a igreja não criou nenhum dispositivo de escuta e de apoio a estas pessoas".
Por ano, em Portugal, existem cerca de 2400 processos por abuso sexual de menores (para dar contexto aos números, uma coisa que a mim me parece fundamental mas que agora parece que se chama branquear o que quer que seja, boa parte destes processos dizem respeito à criminalidade on-line).
Vamos admitir, grosseiramente, que estes processos reflectem um terço da realidade (sim, é uma estimativa grosseira, mas não absurda face ao que a investigação sobre o abuso de menores conclui. Em qualquer caso, dar-nos-á uma estimativa por defeito, visto que um terço está bem no limite superior do que se admite), descontemos qualquer coisa, e temos cerca de 7000 casos por ano.
A comissão independente sobre os abusos relacionados com a igreja católica, em Portugal, estimou cinco mil vítimas (no parágrafo anterior falei de processos, podem envolver bem mais que uma vítima, mas depois de fazer esta ressalva, lembremo-nos que estamos sempre a falar de estimativas grosseiras, para dar contexto, nada mais) em setenta anos, portanto, um pouco menos de 75 vítimas por ano (vamos esquecer que as percepções públicas sobre este crime se alteraram muito nestes setenta anos, como lembrou Laborinho Lúcio, "O atentado ao pudor nessa altura integrava o coito anal, o coito oral, masturbação, etc.", o que reflecte bem a evolução da forma como a sociedade olha para estas acções nos últimos setenta anos).
Admitamos que a estimativa da comissão independente é muito baixa e multipliquemos por três, ou seja, estamos a falar de 225 vítimas por ano.
Pois bem, Daniel Sampaio acha normal dizer que "estamos a começar a estruturar, no ministério da saúde o apoio psicológico e psiquiátrico a estas vítimas, justamente porque a igreja não criou nenhum dispositivo de escuta e de apoio a estas pessoas", isto é, Daniel Sampaio acha normal dizer que o Serviço Nacional de Saúde só está a tratar de dar resposta a estas vítimas, por ausência de acção da igreja, esquecendo completamente as responsabilidades do Serviço Nacional de Saúde na resposta, não a estas 225 vítimas anuais que preocupam Daniel Sampaio, mas às outras 7 000 (sete mil) vítimas anuais que estimei, grosseiramente, que existem em Portugal (volto a dizer, esta estimativa tem uma fragilidade evidente ao estar empolada pela criminalidade on-line, por isso fiz sempre opções que maximizam as vítimas no contexto da igreja e minimizam as vítimas no contexto da sociedade, porque apenas me interessa ter uma ideia, mesmo muito grosseira, das diferentes ordens de grandeza do problema).
Caro Daniel Sampaio, tem alguma consciência do que está a fazer a essas sete mil vítimas ao omiti-las totalmente quando fala das 225 vítimas que o preocupam?
Ou, na verdade, ao contrário do que diz, está mais preocupado em contribuir para a renovação da igreja que defende, e não tanto com o problema sério do abuso de menores na sociedade?
Isso explicaria por que não conheço qualquer comentário seu às indecorosas declarações do Secretário de Estado do Desporto, em resposta à sugestão da APAV, de que é altura de olhar para o desporto da mesma forma que se olhou para igreja.
O que o leva a não dizer nada sobre o facto dos dirigentes de tutela do desporto acharem que há uma especificidade nacional que os leva a rejeitar liminarmente uma investigação independente que permita fazer o diagnóstico do que se passa no desporto em Portugal, uma vez que em todo o mundo se verifica que o desporto (como é natural que aconteça em todas as organizações de socialização de menores) é exactamente um dos sectores em que os abusos de menores ocorrem frequentemente?
Não lhe parece que seria bom deixar de se centrar n"estas vítimas" e passar a incluir também "essas vítimas"?
É que, mesmo que se considere a minha estimativa exagerada e se considere apenas um terço do valor dessa estimativa, "essas vítimas" ainda são, pelo menos, dez vezes mais que "estas vítimas".
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