Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Era só conversa, afinal

por João Távora, em 30.03.17

"Indignados", indignem-se. "Que se lixe a troika", mostrem-se "lixados", um bocadinho que seja, com qualquer coisinha. "Geração à rasca", só passaram dois anos. Ninguém acredita que se desenrascaram com essa facilidade. "Auditoria cidadã à dívida", está alguém em casa? A dívida ultrapassou 132% do PIB. Embora lá tirar do bolso a máquina calculadora. Camaradas do "Congresso das alternativas" e da "Rede economia com futuro", como é que é? A CGD, financiada por "fundos abutres" à taxa de 10,75%, com comissões e impostos pagos em offshore do Luxemburgo, prepara-se para encerrar 180 balcões no Norte, Centro, Sul, Açores e Madeira e despedir 2200 trabalhadores até 2020. O Novo Banco, depois de entregue à Lone Star, vai encerrar 55 balcões e despedir 400 trabalhadores. Mais de 500 foram dispensados das escolas privadas. E os camaradas nem um grito, nem uma lágrima? Francamente. Parte importante do esforço de contestação de rua, nascido depois de 2011 em Portugal, revela-se o que sempre foi. Uma encenação instrumental indecente, dos partidos à Esquerda.

 

Nuno Melo no Jornal de Notícias 


5 comentários

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 31.03.2017 às 12:36

Indignados?.  Quando um Titanic está a afundar é um "salve-se quem puder".
Uns saltam para os bem fornecidos botes salva-vidas, da política. Outros conseguem arranjar um coletezito de salvação, mas a água está desagradavelmente gelada. Outros afundam.
Há quem vá por aí fora, para esta nossa linda europa.
De aqui a umas dezenas de anos haverá filmes e documentários no NG, sobre um navio que naufragou num canto da europa. Chamava-se "Portugal". Tema um bocado monótono, desinteressante, diga-se.
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 31.03.2017 às 18:51

Sim, é monótono, mas a direita continua a prever o naufrágio, tsunamis, etc.. olha, só tens de mudar de filme.
Sem imagem de perfil

De Fernando S a 03.04.2017 às 00:08

Antes de 2011, a direita, ou pelo menos uma parte dela, previu que o despesismo e o endividamento levariam o pais para o "naufrágio".
A esquerda socrática, no governo há vários anos, não corrigiu a tragétória e até a agravou (lembram-se do forte aumento dos vencimentos do funcionários e dos investimentos públicos em 2009 ?...), e o pais naufragou mesmo em 2010/11.
Veio um resgate, ainda negociado pelo governo socialista, que incluia um drástico programa de austeridade e ajustamento.
Coube a um governo de direita levar a cabo esse programa, em condições obviamente dificeis e ingratas.
A esquerda, então na oposição, incluindo os socialistas, que tinham sido os responsáveis directos pelo colapso e que tinham negociado e aprovado o programa da Troika, desde cedo se opôs frontalmente e anunciou os maiores ddsastres : lembram-se da "espiral recessiva", do desemprego acima de 20%, da explosão da divida pública, da impossibilidade de respeitar os compromissos com a Troika e de concluir o resgate dentro do prazo previsto, da inviabilidade do regresso aos mercados, da inevitabilidade de novos resgates ou mesmo da eventualidade de saida do Euro ?....
Afinal, não aconteceu nada disso : a partir de meados de 2013, apenas 2 anos depois do colapso, a economia recomeçou a crescer e o desemprego a baixar, a divida pública estabilizou e as taxas juro desceram fortemente, o resgate concluido com sucesso dentro do prazo, o pais regressou aos mercados em 2014, as agências de rating voltaram a subir a notação do pais e anunciava-se para finais de 2015 ou inicios de 2016 a saida do nivel de lixo e do procedimento por déficit excessivo, o crescimento real e previsivel do Pib era então já próximo de 2% ao ano para 2015 e acima nos anos seguintes ...
Mesmo assim, a oposição de esquerda continuou a dizer que o pais estava mal e os portugueses na miséria pelo que era necessário mudar radicalmente de politica, acabar com a austeridade, reverter as reformas estruturais feitas pelo governo anterior, apostar no aumento do consumo, pôr a economia a crescer muito mais, e que tudo isto iria finalmente permitir gastar mais mas ter menores déficits orçamentais e uma divida pública finalmente e diminuir.  
Estas promessas convenceram um número suficiente de portugueses a votar pelos partidos da esquerda e, como o PS optou por não viabilizar um governo minoritário do PSD/CDS e preferiu aliar-se à extrema-esquerda, o governo mudou e com ele mudou a politica que vinha sendo seguida até então.
Passaram entretanto quase 2 anos mas, apesar de algumas devoluções de rendimentos a categorias clientelares e de algumas reversões, a verdade é que a austeridade não acabou e, apesar das condições internas e externas serem mais favoráveis, o crescimento economico abrandou em vez de acelarar, a divida pública voltou a crescer, as taxas de juro de referência aumentaram fortemente, as agências de rating continuam a manter o pais no lixo, e o futuro do pais é hoje mais problemático e incerto do que era em 2015 antes da chegada da "geringonça".
Actualmente, direita, na oposição, diz basicamente aquilo que dizem a maior parte dos observadores, das instituições europeias e internacionais, as agências de rating, e, através das cotações, os mercados : se a politica que está a ser seguida não for alterada e corrigida, a situação financeira e económica do pais tenderá a degradar-se progressivamente e, ao primeiro precalço interno (crise politica) ou externo (BCE, crescimento externo, câmbio Euro/US$, preço do petróleo, crise internacional, etc), poderá descanbar rápidamente num novo colapso financeiro !...
E, nesta eventualidade, estariamos em pleno no "filme do naufrágio" !!!...     
Sem imagem de perfil

De Renato a 03.04.2017 às 20:53

Não entendi se estamos já no inferno, se só faltam dois ou três dias. Isto parece um orgasmo prolongado, Fernando😉
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 04.04.2017 às 11:03

Renato,
Eu nunca disse que estávamos no "inferno" ou não sei a quantos dias de lá chegar ...
Há, isso sim, quem ache que estávamos no "inferno" até ao ultimo dia da legislatura do governo anterior mas que agora, desde o primeiro dia do novo governo, entrámos numa espécie de "paraiso", sem austeridade, com mais crescimento, e com a felicidade per capita a crescer a cada dia que passa !... (os apoiantes do governo actual é que parecem estar em fase de "orgasmo prolongado" !... é de aproveitar enquanto dura !... ;) )
O que eu digo é que estamos a seguir um mau caminho e que, se não houver mudanças na politica, se o contexto externo deixar de ser tão favorável, podemos rápidamente voltar a estar numa situação de colapso financeiro e recessão económica.
Não é uma hipótese meramente académica : aconteceu há apenas 6 anos, com o mesmo partido que agora governa e com o mesmo modelo economico que agora se procura preservar e reforçar.
Claro que os tempos são outros e as circunstâncias evoluiram. Mas os problemas de fundo e de primeira linha são básicamente os mesmos e os riscos também. 
A politica não se deve ocupar apenas com o dia a dia mas deve sobretudo prevenir e preparar o futuro. Não é o que está a acontecer neste ciclo politico. 
Invejo mas não gabo a inconsciência e a alegre despreocupação de pessoas como o Renato face à situação em que se encontra o nosso pais : os riscos de um novo colapso não acabaram em Outubro de 2015, antes pelo contrario, voltaram a acentuar-se.

Comentar:

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Filipe Bastos

    Perante resposta tão fundamentada, faço minhas as ...

  • Filipe Bastos

    O capitalismo funciona na base da confiança entre ...

  • anónimo

    "...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...

  • lucklucky

    Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...

  • lucklucky

    "que executem políticas públicas minimalistas, dei...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2016
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2015
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2014
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2013
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2012
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2011
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2010
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2009
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2008
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2007
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2006
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D

    subscrever feeds