De Fernando S a 03.04.2017 às 00:08
Antes de 2011, a direita, ou pelo menos uma parte dela, previu que o despesismo e o endividamento levariam o pais para o "naufrágio".
A esquerda socrática, no governo há vários anos, não corrigiu a tragétória e até a agravou (lembram-se do forte aumento dos vencimentos do funcionários e dos investimentos públicos em 2009 ?...), e o pais naufragou mesmo em 2010/11.
Veio um resgate, ainda negociado pelo governo socialista, que incluia um drástico programa de austeridade e ajustamento.
Coube a um governo de direita levar a cabo esse programa, em condições obviamente dificeis e ingratas.
A esquerda, então na oposição, incluindo os socialistas, que tinham sido os responsáveis directos pelo colapso e que tinham negociado e aprovado o programa da Troika, desde cedo se opôs frontalmente e anunciou os maiores ddsastres : lembram-se da "espiral recessiva", do desemprego acima de 20%, da explosão da divida pública, da impossibilidade de respeitar os compromissos com a Troika e de concluir o resgate dentro do prazo previsto, da inviabilidade do regresso aos mercados, da inevitabilidade de novos resgates ou mesmo da eventualidade de saida do Euro ?....
Afinal, não aconteceu nada disso : a partir de meados de 2013, apenas 2 anos depois do colapso, a economia recomeçou a crescer e o desemprego a baixar, a divida pública estabilizou e as taxas juro desceram fortemente, o resgate concluido com sucesso dentro do prazo, o pais regressou aos mercados em 2014, as agências de rating voltaram a subir a notação do pais e anunciava-se para finais de 2015 ou inicios de 2016 a saida do nivel de lixo e do procedimento por déficit excessivo, o crescimento real e previsivel do Pib era então já próximo de 2% ao ano para 2015 e acima nos anos seguintes ...
Mesmo assim, a oposição de esquerda continuou a dizer que o pais estava mal e os portugueses na miséria pelo que era necessário mudar radicalmente de politica, acabar com a austeridade, reverter as reformas estruturais feitas pelo governo anterior, apostar no aumento do consumo, pôr a economia a crescer muito mais, e que tudo isto iria finalmente permitir gastar mais mas ter menores déficits orçamentais e uma divida pública finalmente e diminuir.
Estas promessas convenceram um número suficiente de portugueses a votar pelos partidos da esquerda e, como o PS optou por não viabilizar um governo minoritário do PSD/CDS e preferiu aliar-se à extrema-esquerda, o governo mudou e com ele mudou a politica que vinha sendo seguida até então.
Passaram entretanto quase 2 anos mas, apesar de algumas devoluções de rendimentos a categorias clientelares e de algumas reversões, a verdade é que a austeridade não acabou e, apesar das condições internas e externas serem mais favoráveis, o crescimento economico abrandou em vez de acelarar, a divida pública voltou a crescer, as taxas de juro de referência aumentaram fortemente, as agências de rating continuam a manter o pais no lixo, e o futuro do pais é hoje mais problemático e incerto do que era em 2015 antes da chegada da "geringonça".
Actualmente, direita, na oposição, diz basicamente aquilo que dizem a maior parte dos observadores, das instituições europeias e internacionais, as agências de rating, e, através das cotações, os mercados : se a politica que está a ser seguida não for alterada e corrigida, a situação financeira e económica do pais tenderá a degradar-se progressivamente e, ao primeiro precalço interno (crise politica) ou externo (BCE, crescimento externo, câmbio Euro/US$, preço do petróleo, crise internacional, etc), poderá descanbar rápidamente num novo colapso financeiro !...
E, nesta eventualidade, estariamos em pleno no "filme do naufrágio" !!!...
De Anónimo a 04.04.2017 às 11:03
Renato,
Eu nunca disse que estávamos no "inferno" ou não sei a quantos dias de lá chegar ...
Há, isso sim, quem ache que estávamos no "inferno" até ao ultimo dia da legislatura do governo anterior mas que agora, desde o primeiro dia do novo governo, entrámos numa espécie de "paraiso", sem austeridade, com mais crescimento, e com a felicidade per capita a crescer a cada dia que passa !... (os apoiantes do governo actual é que parecem estar em fase de "orgasmo prolongado" !... é de aproveitar enquanto dura !... ;) )
O que eu digo é que estamos a seguir um mau caminho e que, se não houver mudanças na politica, se o contexto externo deixar de ser tão favorável, podemos rápidamente voltar a estar numa situação de colapso financeiro e recessão económica.
Não é uma hipótese meramente académica : aconteceu há apenas 6 anos, com o mesmo partido que agora governa e com o mesmo modelo economico que agora se procura preservar e reforçar.
Claro que os tempos são outros e as circunstâncias evoluiram. Mas os problemas de fundo e de primeira linha são básicamente os mesmos e os riscos também.
A politica não se deve ocupar apenas com o dia a dia mas deve sobretudo prevenir e preparar o futuro. Não é o que está a acontecer neste ciclo politico.
Invejo mas não gabo a inconsciência e a alegre despreocupação de pessoas como o Renato face à situação em que se encontra o nosso pais : os riscos de um novo colapso não acabaram em Outubro de 2015, antes pelo contrario, voltaram a acentuar-se.