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Vi hoje a primeira notícia sobre resultados de testes serológicos, numa terra alemã.
Os resultados (a confirmarem-se) são consistentes com o que seria de esperar a partir de cem anos de conhecimento em epidemiologia, totalmente arrasados em dezenas de modelos matemáticos.
A confirmarem-se os resultados, 14% da população apresenta anti-corpos que indicam que tiveram contacto com o vírus, isso significa que os menos de 0,25% de casos confirmados em Itália, por exemplo, devem ser multiplicados por 50 para dar uma ideia da dispersão da infecção.
As implicações disto é que a mortalidade decorrente da Covid é muitíssimo mais baixa do que admitido anteriormente, o que é muito relevante para avaliar o risco associado à epidemia.
Do ponto de vista social e económico, o mais relevante (depois da mortalidade, evidentemente), é que, provavelmente, a doença sozinha quebrou as cadeias de contágio muito mais depressa que qualquer confinamento, ao infectar uma percentagem muito maior da população, mais rapidamente do que se admitia e, dessa forma, criar uma barreira contra si própria: cada um destes infectados, depois de terem estes anti-corpos, constitui uma barreira à progressão da doença.
Como os vírus das doenças pulmonares têm de passar um tempo fora dos pulmões entre o infectado anterior e o novo hospedeiro, as suas probabilidades de sucesso são muito reduzidas e isso implica que para que exista progressão rápida, como nas fases iniciais da infecção, tem de haver uma grande continuidade das cadeias de contágio.
É essa característica que faz com que este tipo de infecções tenham um padrão típico de expansão rápida de duas a três semanas, atinjam um pico, e depois tenham duas ou três semanas de descida até ao seu fim.
Ao ter 14% da população infectada, a continuidade das cadeias de contágio é muito má, e o surto morre.
Aparentemente, enganámo-nos: nem a mortalidade da doença é especialmente elevada, nem as medidas de confinamento parecem ser muito úteis.
Que não nos falte coragem para reconhecer isto francamente, se estes resultados começarem a ser confirmados noutros lados, para ver se não vamos atrás da conversa de que existe algum risco relevante no levantamento imediato e total (com a salvaguarda razoável de grupos de risco, por mera precaução) das restrições que existem.
Falta confirmar resultados, é certo, mas temo que falte muito mais a capacidade política que Marke Rutte demonstrou desde o início: isto é assustador, temos de lidar com o medo racionalmente, temos de ouvir com atenção a ciência (o que nunca será ouvir reverentemente os cientistas que sabem de cebolas a falar sobre batatas, muito menos ao ponto de calar as naturais divergências que sempre existirão entre os que falam de batatas, sabendo de batatas), mas a vida é o que é, e tem de seguir o seu caminho.
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