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Enganámo-nos (provavelmente)

por henrique pereira dos santos, em 10.04.20

Vi hoje a primeira notícia sobre resultados de testes serológicos, numa terra alemã.

Os resultados (a confirmarem-se) são consistentes com o que seria de esperar a partir de cem anos de conhecimento em epidemiologia, totalmente arrasados em dezenas de modelos matemáticos.

A confirmarem-se os resultados, 14% da população apresenta anti-corpos que indicam que tiveram contacto com o vírus, isso significa que os menos de 0,25% de casos confirmados em Itália, por exemplo, devem ser multiplicados por 50 para dar uma ideia da dispersão da infecção.

As implicações disto é que a mortalidade decorrente da Covid é muitíssimo mais baixa do que admitido anteriormente, o que é muito relevante para avaliar o risco associado à epidemia.

Do ponto de vista social e económico, o mais relevante (depois da mortalidade, evidentemente), é que, provavelmente, a doença sozinha quebrou as cadeias de contágio muito mais depressa que qualquer confinamento, ao infectar uma percentagem muito maior da população, mais rapidamente do que se admitia e, dessa forma, criar uma barreira contra si própria: cada um destes infectados, depois de terem estes anti-corpos, constitui uma barreira à progressão da doença.

Como os vírus das doenças pulmonares têm de passar um tempo fora dos pulmões entre o infectado anterior e o novo hospedeiro, as suas probabilidades de sucesso são muito reduzidas e isso implica que para que exista progressão rápida, como nas fases iniciais da infecção, tem de haver uma grande continuidade das cadeias de contágio.

É essa característica que faz com que este tipo de infecções tenham um padrão típico de expansão rápida de duas a três semanas, atinjam um pico, e depois tenham duas ou três semanas de descida até ao seu fim.

Ao ter 14% da população infectada, a continuidade das cadeias de contágio é muito má, e o surto morre.

Aparentemente, enganámo-nos: nem a mortalidade da doença é especialmente elevada, nem as medidas de confinamento parecem ser muito úteis.

Que não nos falte coragem para reconhecer isto francamente, se estes resultados começarem a ser confirmados noutros lados, para ver se não vamos atrás da conversa de que existe algum risco relevante no levantamento imediato e total (com a salvaguarda razoável de grupos de risco, por mera precaução) das restrições que existem.

Falta confirmar resultados, é certo, mas temo que falte muito mais a capacidade política que Marke Rutte demonstrou desde o início: isto é assustador, temos de lidar com o medo racionalmente, temos de ouvir com atenção a ciência (o que nunca será ouvir reverentemente os cientistas que sabem de cebolas a falar sobre batatas, muito menos ao ponto de calar as naturais divergências que sempre existirão entre os que falam de batatas, sabendo de batatas), mas a vida é o que é, e tem de seguir o seu caminho.


24 comentários

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De Henrique Burnay a 10.04.2020 às 09:32

Não consigo ler o artigo todo, mas o que refere é que numa terra que “was hit hard” (números?) apenas 14% da população revelou positivo aos testes serológicos. Ou seja, pouca disseminação. O contrário das conclusões do post. Ou não?
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De henrique pereira dos santos a 10.04.2020 às 10:17

Não.

O relevante aqui é que com os testes PCR que fazemos, detectaram-se 2% de infectados, mas os testes serológicos demonstraram que havia 14% da população com anti corpos.
Ou seja, o que conseguimos ver hoje da infecção é, no máximo, um sétimo do que ela é, e que o que conseguimos ver hoje dos seus efeitos, representa uma mortalidade um sétimo abaixo da que tem servido aos cenários catastróficos apresentados por uma data de gente.
Mas 14% da população significaria, em Portugal, 1,4 milhões de infectados (que é um cenário possível cuja probabilidade não sei medir), e multiplicar por sete o que é visível, significa 210 mil infectados em vez de 30 mil, o que é muito diferente do ponto de vista da defesa entretanto criada em relação à doença.
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De Antonio Maria Lamas a 10.04.2020 às 11:22

Exactamente.
Uma coisa são os testes "à lá minute" outra coisa são os sorológicos que dá um quadro de imunidade grande. Os 14% da população nem sequer terão sido testados, e nunca apresentaram sintomas. 
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De Antonio Maria Lamas a 10.04.2020 às 11:24

Obviamente serológicos 
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De Eremita a 10.04.2020 às 16:55

Henrique, sinceramente, quando vai parar de escrever asneiras? Você apenas não é uma ameaça à saúde pública porque só eu e mais uns malucos ainda damos importância ao que escreve.

Já se sabia que a mortalidade da COVID-19 está sobrestimada, pelo menos desde que se percebeu que a percentagem de assimptomáticos é considerável. O seu cálculo de que as previsões estão sobrestimadas em seis sétimos é mais uma das suas conclusões absurdas, bastando comparar o número de mortes previsto pelo modelo da universidade de Chicago para Espanha e Itália em Junho de 2020, admitindo que continua o confinamento social. Segundo esse modelo, na Itália morrerão 20 300 e na Espanha 19 201. Esta estimativa está claramente errada pois, registando a Itália já 18 279 e a Espanha 15 447, e estando mais de 500 pessoas a morrer por dia nesses países há vários dias, naquilo a que se chama o "planalto"(como se o planalto fosse uma espécie de paraíso), é evidente que em poucos dias estaremos acima do valor médio das previsões para Junho (mas dentro do intervalo de confiança). Não estaremos é dentro da sua correcção às previsões (o seu extraordinário 1/7), a menos que o Henrique consiga ressuscitar milhares de pessoas, hipótese que não excluo porque a sua capacidade de distorção da realidade pode vir a traduzir-se num milagre. 


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De zazie a 10.04.2020 às 18:20

A coisa vem deste melro que merecia que fosse lá pô-lo no seu lugar:


https://www.facebook.com/profile.php?id=100010253293497
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De Eremita a 10.04.2020 às 16:53

Os 14% que o deixaram tão excitado podem não ser generalizáveis. A amostra vem de uma pequena população em que 2% da população está neste momento infectada. Não temos a indicação de que noutras regiões da Europa a percentagem de actual de infectados seja tão alta. Não sabemos ainda o grau de reacções cruzadas com anticorpos correspondentes a outros vírus. Não sabemos uma série de coisas, mas sabemos que amostragens deste tipo em diferences localidades vão muito provavelmente revelar percentagens muito díspares porque os valores dependem muito das condições iniciais (quando alguém infectado entrou na comunidade e se houver "super-spreaders" nos primeiros dias). Mas mesmo que 14% dos Europeus estejam infectados, há quatro conclusões a tirar e nenhuma o vai deixar contente. A primeira conclusão é que, para em 3 meses 14% dos europeus terem sido infectados por um vírus novo vindo da China, o R0 num contexto normal (sem confinamento social) deve ser muito superior a 2 (há especialistas do CDC que dizem poder ser 5), o que justifica ainda mais o confinamento social. A segunda conclusão é que não estamos ainda, nem de longe, perto da imunidade de grupo, pois para um R0=5 a percentagem mínima de imunizados é 80% (o que torna ainda mais estapafúrdio o seu inominável texto “isto não é matemática”). A terceira conclusão é que uma mortalidade de 0,37% ainda é 4 vezes superior à da gripe e justifica apreensão, sobretudo tendo em conta o R0. A quarta conclusão, que choca frontalmente com o que escreve, é que o confinamento social funcionou mesmo muito bem, pois não há outra forma de parar um vírus tão contagioso quando a percentagem de imunizados é baixa (14% é baixo, ponha isto na sua cabeça), o que envia directamente para a sarjeta um dos seus argumentos anteriores.

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De Eremita a 10.04.2020 às 17:04

Há ainda uma quinta conclusão, que para si deve ser a mais importante, para ver se abandona a pose arrogante e ignorante com que trata o trabalho de pessoas que dedicaram uma carreira inteira a estudar estas questões. Os modelos que critica procuraram sobretudo avaliar a capacidade de resposta dos sistemas de saúde a esta epidemia e o modo como a epidemia iria evoluir nos primeiros meses. As estimativas foram feitas com base no número de casos detectados e de mortos. A eventual correcção a introduzir por termos agora um número de assimptomáticos e de imunizados superior ao que se pensava não invalida estes modelos, ao contrário do que afirma categoricamente, com uma ignorância atroz que seria imediatamente cilindrada se o Henrique estivesse a escrever para quem percebe deste assunto. Como escreve para leigos, passa por pessoa informada e talvez até inteligente, mas a acumulação de disparates é de tal ordem que, sinceramente, não sei se subestimei a sua arrogância ou se sobrestimei outras suas características que prefiro não especificar. Os seus textos são um verdadeiro caso de estudo e espero que nunca os apague para eu os poder usar como exemplo no futuro. Para que perceba o absurdo do seu raciocínio, mesmo que a mortalidade fosse 0,37%, para termos os 60 364 de mortos dos EUA previstos pelo modelo da Universidade de Washington (aquele que mais tem influenciado as decisões políticas nos EUA), a percentagem mínima de infectados seria inferior a 5% da população. Por outras palavras, os números estimados não precisam de ser ajustados por causa dos novos dados. Essa correcção só seria necessária se o número mínimo de infectados estivesse já em valores mais próximos da percentagem que assegura a imunidade de grupo (80% para um R0 de 5; 50% para um R0 de 2). 5% não estão perto sequer de 14%, que só na sua cabeça asseguram a imunidade de grupo, uma conclusão a que só pode ter chegado para safar textos seus anteriores. Veja se dá uma sopradela valente no castelo que cartas que construiu, Henrique. Começa a ser penoso. 

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De henrique pereira dos santos a 10.04.2020 às 10:20


Em alemão (eu li na tradução automática do google e percebi o essencial), pode ver o artigo que dá origem procurando Vorläufiges Ergebnis und Schlussfolgerungen der COVID-19 Case-ClusterStudy (Gemeinde Gangelt)
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De Anónimo a 10.04.2020 às 11:06

Suponho que ainda haverá algumas eventuais questões sobre a especificidade dos testes e erros de amostragem, extrapolação, etc, mas parece-me uma excelente notícia.... Estou algo farto de me dizerem que passear em grupos familiares numa qualquer marginal possa ser um foco de contágio significativo.
Lamento que em Portugal se apontem estes testes serológicos (amostra de 1700) só para finais de abril/inícios de maio. Deviam ser para "amanhã".
No entanto o "pico" causou sérios problemas, especialmente lá fora (Itália/Espanha).
E em Portugal pelo menos, parece ter havido, em março, um aumento significativo de mortalidade não associada ao Covid, "em linha" com a evolução do número de infetados (Vide, p.e artigo do DN "Houve mais mortalidade em Março?"). 
Osvaldo Lucas
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De D. a 10.04.2020 às 14:05

Boa Tarde,
Sem dúvida que a taxa de infecção é muito maior e a mortalidade muito mais baixa... Deve andar por volta dos 0,6%-0,4%.
Mas e a utilização de recursos de saúde? 
Se aceitar que os recursos em saúde não são facilmente expansiveis, que a falência da capacidade de reposta provoca muitas mortes evitáveis e se tiver em conta o caso da Itália, o que conclui? 
Veja o artigo no jama network, a mediana de idades era de 63 anos, a mortalidade de 26% e provavelmente sub avaliada nas uci de um país com um sistema de saúde de topo e que confinou a população. Onde está o contra factual? Onde está o caso de sucesso que não confinou a população? Porque o norte da Itália foi um desastre para os serviços de saúde, confinamento incluído. Estamos de acordo que sem confinamento seria pior? 
 Os melhores cumprimentos 
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De Carlos Miguel Matrena a 10.04.2020 às 15:24

Partilho o link do relatório 13 sobre o tema, da Faculdade de Medicina do Imperial College, com data de 30/mar/2020.
https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-college/medicine/mrc-gida/2020-03-30-COVID19-Report-13.pdf
Ver o quadro 1 na pág. 6.
Número de infectados estimado a 28/mar/2020 (por ex. para Espanha e Itália) é cerca de 100x (bem além de 50x) os números oficiais.
Publicado mais de uma semana antes do artigo e sem necessidade de recurso a qualquer dado real.
De facto os modelos matemáticos arrasam muita coisa...
Fica outro número: Total de mortos no mundo caso não fosse tomada qualquer iniciativa de mitigação ou supressão por parte de todos os países: 40 852 695.
Mesma fonte, relatório 12 de 26/mar/2020.
Caso interesse, números no ficheiro xlsx no final da página:
https://www.imperial.ac.uk/mrc-global-infectious-disease-analysis/covid-19/report-12-global-impact-covid-19/
Agora é decidir se afinal os modelos arrasam ou enriquecem. Em qualquer dos casos, a conclusão acerca do artigo é a mesma porque uma das conclusões dos relatórios coincide com o que está escrito e outra não poderia estar mais afastada.
Seria estranho a mesma fonte estar simultaneamente tão certa e tão errada, não? Ou será que o critério para a qualidade e validade dos modelos matemáticos assim como da opinião que "tenho" sobre eles está apenas fundamentada no facto de irem ou não ao encontro das minhas próprias opiniões?...
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De Eremita a 10.04.2020 às 18:06

É preciso saber o que os modelos estão a descrever. Muitos dos modelos (eu diria a totalidade) com as previsões que nos parecem agora absurdas e estão alegremente a partilhar correspondem ao cenário "do nothing" em que não há qualquer esforço real de confinamento social (como acontece durante um surto de gripe). Se quiserem ter uma discussão séria sobre os modelos, usem o da Universidade de Washington, que dá os números assumindo confinamento social até ao fim de Maio e faz previsões mais modestas (ainda assim com mortes 40% acima das de um surto de gripe sazonal). Está tudo muito bem explicadinho aqui: https://covid19.healthdata.org/united-states-of-america


Naturalmemte, se quiserem persistir na ilusão de que percebem mais disto do que os epidemiologistas e concordar bovinamente com as extraordinárias afirmações do Henrique, não abram o link. A informação existe. Resta saber se querem ser informados.
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De Terry Malloy a 10.04.2020 às 20:46

Sem entrar de todo na discussão/debate, não posso deixar de apontar que o argumento de autoridade "se quiserem persistir na ilusão de que percebem mais disto do que os epidemiologistas", equivalente àquela tirada do Prof. Marcelo "agora parece que há um constitucionalista em cada esquina", não é mais do que uma versão do "eu é que sou o presidente da Junta! Respeitinho".


É importante debater, analisar, ter pensamento crítico. Com ou sem disparate..
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De Eremita a 10.04.2020 às 23:01

Os textos de HSP sobre este assunto revelam muito pensamento crítico. Infelizmente, o pensamento é péssimo. Já comentei abundantemente os textos com argumentos substanciais. 


E não tenho nada contra o argumento de autoridade. Precisamos de argumentos de autoridade porque não temos a capacidade de dominar todos os assuntos. O desafio é encontrar a autoridade certa e ter mecanismos para ir descartando as autoridades que não cumprem o que se espera delas. O Henrique, que não percebe nada de epidemiologia, entusiasmou-se com as opiniões que um "epidemiologista" retirado (autor de um ou dois papers) anda a escrever no Facebook e chegou à conclusão de que os epidemiologistas das principais instituições do mundo, pessoas com décadas a pensar nestes assuntos e dezenas ou centenas de publicações, estão errados. O problema do Henrique foi ter encontrado a autoridade que ecoa as suas impressões e lhe satisfaz o ego - é um mau critério para escolher a autoridade. Para sustentar as suas teses extraordinárias, o Henrique caricatura os modelos dos epidemiologistas e tira conclusões que alimentam - e se alimentam - de um raciocínio de tipo circular, tão absurdo que me espanta como alguém pode persistir tanto tempo no mesmo erro. Entre outras afirmações insustentáveis, o Henrique continua a pensar que o isolamento social não abrandou a epidemia. E quando criticado, não recua um centímetro, mostra-se até multo altivo. Não é possível ter uma discussão útil quando é este o ponto de partida e esta a atitude.
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De Eremita a 11.04.2020 às 00:23

Veja se percebe as tolices que anda a escrever há uma semana e não me atire links. Se quiser discutir, rebata os argumentos. 
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De henrique pereira dos santos a 11.04.2020 às 07:43


O link, como lhe chama, vai dar a um documento da OMS que se chama, LIMITING SPREAD Limiting the spread of pandemic, zoonotic, and seasonal epidemic influenza
Nele se avalia o que se sabe sobre o efeito das medidas sociais de contenção de uma epidemia.
Compreendo que não queira que os factos influenciem as suas opiniões, é uma atitude muito útil para manter a sanidade mental.
2.2.1. Contact tracing and quarantine
 
Contact tracing and quarantine of close contacts have been used in an effort to contain and delay the spread of influenza within countries. However, there is no clear evidence for the effectiveness of these measures.
 
2.2.2. School and workplace closures
 
One of the key decisions that policy makers often consider during epidemics and pandemics is the closure of schools and possibly workplaces to reduce the spread of influenza. However, there is no clear epidemiological evidence for the effectiveness of school closures in delaying the spread and overall impact of influenza. Some modelling studies have tried to address these issues. One study showed that total closure of schools and workplaces could reduce the overall population attack rate by 95%; however, this had devastating socio-economic consequences that could outstrip the impact of a pandemic (Sadique, 2008; Carrat, 2006). A United Kingdom model showed that if the R0 for a pandemic virus was <2, early closure of schools could reduce the overall population attack rate by >20%; however, this would decrease to a <10% reduction in the attack rate for pandemic viruses with higher R0 values (Vynnycky, 2008). A French modelling study showed that early and prolonged school closure and limiting contact among children outside school could reduce the overall attack rate by 17% and the peak attack rate by 45% (Cauchemez, 2008). In practice, the actual timing and length of school closures remain difficult to determine. Policy makers must therefore consider the benefits of closures in reducing spread versus the socio-economic cost (Cauchemez, 2009). 
 
2.2.3. Reducing mass gatherings
 
Reducing mass gatherings and avoiding  crowded places have also been recommended during epidemics and pandemics. However, the evidence to support these recommendations is not clear, as these measures are often undertaken in the context of several other interventions and compliance is difficult to determine.
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De Eremita a 11.04.2020 às 10:14

O Henrique é um caso sério e triste de desonestidade intelectual combinada com arrogância. Não dá para continuar a tratá-lo como se merecesse algum respeito. Só tem escrito merda sobre este assunto. MERDA. Que haja por aqui uns patetas que o elogiam pelas suas opiniões "fora da caixa" diz muito da miséria intelectual deste país. Em qualquer país com um nível de educação decente as suas opiniões seriam ridicularizadas e equiparadas às dos maluquinhos das teorias da conspiração. O Henrique não sabe o que é a imunidade de grupo, confunde taxa de mortalidade com R0, não sabe relacionar o R0 com a percentagem mínima de imunidade para garantir a imunidade de grupo, não consegue avançar uma explicação alternativa à do confinamento social para explicar (1) o fim abrupto da epidemia na China, (2) o fim abrupto da epidemia na Coreia do Sul, (3) a diferença entre os números da Suécia e dos outros países escandinavos, que aplicaram medidas de confinamento social mais drásticas do que os suecos, (4) o "planalto" na Espanha e Itália quando a percentagem de imunizados não estará acima dos 20% e a imunidade de grupo só se consegue com percentagens >50% (provavelmente muito acima de %50). Para explicar a atenuação do crescimento da epidemia, foi copiar uns argumentos mal amanhados de um "epidemiologista" retirado (com um número modestíssimo de citações, de resto) que encontrou no Facebook e que entretanto procurou vender como uma referência credível por ter estudado não sei bem onde, como se o argumento de autoridade não valesse quando usado pelos outros mas pudesse ser usado por si. A sua explicação para o comportamento do vírus durante uma epidemia é incompreensível, talvez até algo mística, provavelmente porque nem sequer o Henrique percebeu o que estava a papaguear. A única certeza que podemos ter sobre o comportamento de um vírus durante uma epidemia é a atenuação progressiva da virulência, que é prevista pela teoria e foi já validada  experimentalmente (se quiser, informe-se aqui:https://journals.plos.org/plospathogens/article?id=10.1371/journal.ppat.1003209). Atenção, Henrique, deixe-me já avisá-lo para prevenir mais uma das suas precipitações: a atenuação da virulência não quer dizer que o Sars-Cov-2 seja já um vírus bonzinho.
Está claramente desesperado e agarrou-se aos 14% de imunizados numa povoação da Alemanha como de fosse uma bóia de salvação, sem perceber que cimentou os pés e só se afunda ainda mais depressa. Como se não bastasse, agora foi ao Google pescar um texto da OMS de 2010 sobre a gripe para me demonstrar que o confinamento social não funciona. Tem noção da patetice? Já leu o que a OMS disse sobre esse assunto em 2020 em relação à COVID-19?  Saberá o Henrique que nunca durante as nossas vidas houve um confinamento social desta magnitude e que estamos a assistir em tempo real a uma experiência à escala planetária que manterá os epidemiologistas ocupados durante os próximos anos? Não tem um amigo que lhe explique que o melhor é deixar de escrever sobre aquilo que não entende e apagar o lixo que tem produzido?  Não, Henrique. Isto é mesmo matemática. Não, Henrique, não nos enganámos. Quem se enganou e continua a enganar é o Henrique. 
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De henrique pereira dos santos a 11.04.2020 às 16:44

Tem um link para essas tão recomendações oficiais da OMS que defendem o que está a ser feito?
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De Anónimo a 10.04.2020 às 16:24

Mas já há fortes críticas ao estudo na Alemanha: https://www.welt.de/wissenschaft/article207188925/Coronavirus-Studie-zu-Herdenimmunitaet-in-Heinsberg-unter-starker-Kritik.html (https://www.welt.de/wissenschaft/article207188925/Coronavirus-Studie-zu-Herdenimmunitaet-in-Heinsberg-unter-starker-Kritik.html)
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De Anónimo a 10.04.2020 às 20:25


Como é habitual num paíseco de estúpidos e de ignorantes, basta percorrer (sem gastar muito tempo para ler) o que uns tontos escrevem. Ainda bem que escrevem: é o 'preto no branco' para nos lembrar-mos du nom des bêtes.


Pereira dos Santos, o senhor é honesto. Mostra dados reais e não os dados do Lobo Mau.


Acredito que isto é uma guerra (por agora económica).
A OMS, com o Tedros (ele gosta que o chamem assim, se bem que haja outros nomes), a China e a Formosa (pertence à ONU mas não pia na OMS por ordem da China) são óptimos exemplos desta guerra.

Acredito, também, que isto vai enveredar por bombas e tiros.
Com estima,
ao
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De Anónimo a 11.04.2020 às 17:29

Que interessante, li o mesmo artigo e conclui o oposto que você. Ora não o quer ler outra vez?
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De Buiça a 11.04.2020 às 20:11

O artigo inclui as conclusões, não vale a pena inventar...
Conclui que depois de muita festa seguida de muito confinamento e medidas sanitárias, ainda só há 14% de imunes, quando o objectivo é mais de 60% para o virus deixar de ser transmitido com relevancia.
É esse o objectivo, medir a evoluçao da imunidade. Como é o primeiro e nao foi feito nenhum antes vs depois do confinamento, nada nos adianta nesse aspecto.
Espero que façam muitos mais.
De resto sobram as opções do costume, abir a economia com cuidados especiais (sanitarios e de proteçao dos vulneraveis) e chegar mais rápido aos 60%; ou arruinar 3 geraçoes da população fazendo um caminho tão lento quanto possível para o fundo do túnel mantendo tudo fechado em casa.
A meu ver a segunda opção só deve ser seguida por quem não tenha capacidade de dar a devida resposta via sistema de saúde.
Ou seja, se está a morrer gente por falta de cuidados de saúde. 

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