De balio a 24.11.2022 às 18:49
Eu muito gostaria de entender o que são princípios "judaico-cristãos".
Eu estudei um bocado sobre religiões e tenho a impressão de que a religião mais próxima do judaísmo é o islamismo e não o cristianismo. "Judaico-cristãos" para mim não faz sentido nenhum em termos religiosos - somente em termos políticos - e para um americano, não para um português. Em Portugal, ao fim e ao cabo, há muitos séculos que não há judeus em qualquer número significativo.
De entulho a 24.11.2022 às 19:27
temos Abramovich e outros sefarditas
De Francisco Almeida a 25.11.2022 às 12:27
Judaico-cristão significa muito simplesmente a profética judaica - na parte não contrariada posteriormente - e os ensinamentos cristãos. Apenas acrescentaria que, tratando-se de nós europeus, faz pouco sentido se não complementada com a filosofia grega e o direito romano. Aliás o nosso cristianismo é uma versão helénica havendo outras como o nestoriano que teve grande expansão no médio-oriente e ainda subsiste numa ou duas bolsas.
De balio a 25.11.2022 às 14:20
Judaico-cristão significa muito simplesmente a profética judaica - na parte não contrariada posteriormente - e os ensinamentos cristãos.
Mas isso é cristianismo
tout court. O cristianismo (tal como o islamismo) assume como sua, logo à partida, a profética judaica. Logo, basta dizer "cristão" para se estar a incluir a profética judaica. (Tal como basta dizer "muçulmano" para também se a estar a incluir.) Então, para que é que se diz "judaico-cristão" quando basta dizer "cristão"?
De Francisco Almeida a 26.11.2022 às 13:22
João Távora, autor do "post" referiu-se aos "seus sofisticados princípios judaico-cristãos". Se não tresli, princípios terá mais a ver com moral do que com religião.
Por outro lado, judaico-cristão ou judaico-cristianismo é uma expressão relativamente recente que inicialmente significava o cristianismo mais a profética judaica não contrariada por este. Neste preciso sentido, o comentador Balio pode ter razão e não vou investigar os motivos quem cunhou a expressão e que a prestimosa "Wikipedia" me disse ter sido o "Oxford Dictionary" nos anos de 1899 e 1910 Mas a expressão cedo evoluíu para o significado mais lato de tudo o que é comum ao judaísmo e ao cristianismo. Ou seja, voltamos novamente ao domínio das normas morais, éticas e até de conduta/etiqueta. Nesse sentido actual, parece-me claro que o islamismo, por mais próximas que estejam as suas origens, está muito longe do judaico-cristianismo.
Mesmo considerando os judeus mais incisivos, os ortodoxos, sinto-me à vontade com personagens como o genro de Trump - que, sendo judeu ortodoxo. conseguiu o espantoso negócio de vender 1.100 milhões de armamento à Arábia Saudita - ou Ben Shapiro, também judeu ortodoxo que guarda rigorosamente o Sabbath sem sequer ligar a televisão por 25 horas, cujos livros me têm sido um auxiliar precioso para pôr as ideias em ordem e defender-me das culturas de cancelamento, "wokismo" etc..
Por exemplo, sendo católico praticante e monárquico, subscrevo tudo o que contém o "post" excepto a menção a "igualdade de género" que eu substituiria por (não) discriminação sexista. É que o género é só um, o "homo" a espécie o "sapiens" e só depois os sexos, masculino e feminino. Os géneros masculinos e femininos apenas existem na gramática e não são aplicáveis à humanidade. Mas essa é uma batalha "da novilíngua" - método de desconstrução da nossa cultura - que a esquerda (neo-marxista, neo-gramsciana ou, mais originalmente, da escola de Frankfurt) parece ter já ganho e a que eu continuo a resistir graças também a Ben Shapiro.
De balio a 26.11.2022 às 17:25
tudo o que é comum ao judaísmo e ao cristianismo
Mas, de facto, pouco há de comum ao cristianismo e ao judaísmo, com exceção dos profetas judaicos, dos Dez Mandamentos, e do conceito de Deus único, o qual, no entanto, n(a maior parte d)o cristianismo se encontra muito diluído, pois que o Deus único afinal acaba por ser uma Trindade de deuses (mais os semi-deuses - os santos e Maria).
No islamismo, pelo contrário, há muito mais de comum com o judaísmo. Por exemplo, o conceito de uma lei divina para as relações sociais, a estrita unicidade de Deus, a estrita separação entre os homens e Deus (nenhum homem é considerado um semi-Deus, como Maria ou os santos o são no cristianismo), as regras alimentares, etc.
Por isso a mim me parece que o conceito de "judaico-cristão" é mais político que religioso, destinando-se essencialmente a reunir sob uma mesma bandeira política os judeus e os cristãos americanos. O que faz bastante sentido nos EUA atuais, mas não faz sentido nenhum em Portugal, onde - para começar - quase nem há judeus.
De f a 28.11.2022 às 15:08
Sim, agora que penso nisso, os costumes europeus estão muito mais próximos dos do Qatar, do Irão, ou do Paquistão do que dos de Israel.
P.S.- Tenho um genro judeu, praticante e muito activo na comunidade, com direito a fotografia com Marcelo e tudo. E tinha - infelizmente já faleceu - um cunhado árabe.
De balio a 28.11.2022 às 15:51
os costumes europeus estão muito mais próximos dos do Qatar, do Irão, ou do Paquistão do que dos de Israel
(1) A quase totalidade da população de Catar, Irão e Paquistão é muçulmana. Mais de metade da população de Israel não tem religião, ou então liga pouco à religião. (Isto foi-me dito por um judeu religioso, europeu mas que viveu longos anos em Israel.)
(2) Se entender por "costumes" a forma de vestir, então possivelmente em Israel está-se mais próximo da Europa do que no Paquistão. Porém, a religião tem pouco a ver com a forma de vestir. A forma de vestir tem mais a ver com a cultura local do que com a religião.
(3) Compare um funeral judeu com um muçulmano, as regras alimentares judaicas com as muçulmanas, as relações homem-mulher judaicas com as muçulmanas, as regras de pureza-impureza judaicas com as muçulmanas, etc, e encontrará similaridades evidentes, enquanto que nada disse existe no cristianismo.
De balio a 28.11.2022 às 15:55
Tenho um genro judeu, praticante e muito activo. E tinha - infelizmente já faleceu - um cunhado árabe.
E então? Há muitos judeus árabes. Muitos judeus naturais de países árabes, que falam árabe em casa e têm traços culturais árabes. Alguns deles, naturalmente, têm familiares casados com outros árabes, que podem não ser judeus.
Tal como há judeus portugueses casados com portugueses que não são judeus, também há judeus árabes casados com árabes que não são judeus.
De Francisco Almeida a 28.11.2022 às 15:09
Escapou a assinatura.