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"Hoje às 17:30 na Avenida de Berna, direcção Praça de Espanha. Um trânsito infernal, mesmo de mota é difícil "furar". Chegado a um cruzamento, paro no sinal vermelho e o cenário é este: duas motas usam a ciclovia (vazia, por sinal) para passarem à frente dos carros. Do lado oposto vem um trotineta que passou um vermelho e atravessa o cruzamento na minha direcção (em sentido contrário) e depois das motas passarem, entra para a ciclovia (também em sentido contrário) e daí salta para o passeio. Uma senhora de bicicleta que transporta uma criança de 2/3 anos na cadeirinha, aparece não sei de onde, mas coloca-se à frente de todos e atravessa o cruzamento ignorando o sinal vermelho. Vem um carro da rua à esquerda e o condutor trava para não acertar na ciclista, que por sua vez faz um ar aborrecido. Recua, deixa o carro passar, e segue o seu caminho por entre as obras que ocupam faixa e meia.
Mobilidade suave, pois sim."
Não era o Zaratrusta, era um amigo meu que assim falava.
"É a perversão das estratégias… podem ser incríveis, mas se aplicadas a “trogloditas” não têm como funcionar….
Não é por acaso que tudo funciona melhor nos países nórdicos, em que as pessoas estão habituadas a cumprir as regras…. Os sulistas dão-se mais ao improviso e depois queixam-se das trotinetes, não de quem as utiliza e/ou abandona"
Continuava a não ser o Zaratrusta, era uma amiga do meu amigo que assim falava, em resposta à fala anterior.
Passo a vida a dar este exemplo, e volta a ser útil.
A minha irmã, que teve polio e por isso tem um sentido agudo e prático destas questões, e para além disso teve na vida várias alturas de ligação estreita à Suécia, diz que os lugares de estacionamento para deficientes (se eu quisesse verdadeiramente levar a minha irmã aos arames era ter escrito agora uma das novas modas woke, chamando diversidade funcional à deficiência), nos IKEA da Suécia, estavam sistemática e indevidamente ocupados.
Na Suécia, esse paraíso de civilizados que a minoria não troglodita do Sul inveja?
Sim, na Suécia, e a explicação é simples: sendo os estacionamentos do IKEA espaços privados, a polícia não tem competência para actuar, logo os civilizadíssimos suecos estão-se nas tintas para as regras e fazem o que entendem.
Claro que não são os civilizadíssimos suecos, são os trogloditas suecos que não encontram barreiras repressivas eficientes à sua falta de civilidade.
Basta ver o que acontece em terras de gente civilizada que cumpre regras, quando a repressão é suspensa, como aconteceu em Nova Orleães logo depois do Katrina, ou como foi na cultíssima e civilizada Alemanha que um populista troglodita se impôs mais eficazmente, para perceber que a civilização é um verniz frágil que se quebra à mínima contrariedade.
E que aquilo a que chamamos falta de civismo é, frequentemente, falta de polícia e de repressão.
Não, não é falta de regras, isso é a parte fácil, mudar a legislação, proibir a actividade, seja o que for, essa é a parte fácil.
O que falta é mesmo repressão eficaz.
E isso é independente da preocupação de garantir mecanismos de defesa de cada pessoa contra o abuso da repressão e autoridade, uma questão que permanece, seja a repressão eficaz ou ineficaz.
Sem repressão, é muito difícil ter comunidades civilizadas, por mais que sejam aos pontapés os exemplos de coexistência entre repressão eficaz e falta de civilidade, o que não existe é coexistência de falta de repressão e civilização.
Ou, voltando à conversa inicial e ao que dizia o meu amigo, não existem comunidades eficientes quando se pergunta onde pára a polícia e ninguém sabe responder.
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