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É o que há... Que tal trabalhar com isso?

por José Mendonça da Cruz, em 07.06.16

Ze Povinho.jpg

 Várias sondagens mostram a subida de popularidade e credibilidade de António Costa, e mostra uma sondagem do Correio da Manhã (realizada pela muito crível Aximage) que mais de 70% dos inquiridos concordam com a política do governo para a educação, especificamente a quebra dos contratos de associação.

Poder-se-ia dizer que esse é o retrato de um povo ignorante, aparentemente renitente e mal disposto, mas afinal muito predisposto a venerar qualquer poder; aparentemente desafiador e alerta, mas afinal susceptível de ser expeditamente metido na ordem; aparentemente inquieto e agressivo, mas afinal bastante passivo e conformado com o condicionamento da sua liberdade política e económica, bastante confortável com a cêpa torta, com as coisas que são assim porque «é a vida»; aparentemente irredutível, mas afinal aliciável com quaisquer papas e bolos; revoltado ao ponto da má criação, mas afinável docemente arrebanhável com qualquer cantiga sobre «estratégia» ou «bens públicos» ou «distensão»; aparentemente espertalhão, mas incapaz de aprender que as mesmas experiências conduzem aos mesmos resultados. Poder-se-ia dizer que a farpela pode ser mais moderna e os «ténes» já não rotos, mas que o Zé Povinho ainda se mantém espiritualmente fiel ao retrato de Bordalo.

O problema, porém, é que o povo é o mesmo para todos. E, então, talvez a bovinidade resulte afinal, não da mediocridade do povo, mas da ausência de trabalho ideológico e divulgador da direita, da timidez e mesmo medo de afirmar os seus valores e as boas provas que deram, da hesitação em captivar e entusiasmar para políticas que arranquem o país do pântano corporativo e medíocre do socialismo, da passividade com que a direita tolerou e tolera que a esquerda arregimente, compre, alicie, se apodere e faça a gestão minudente e permanente de todos os orgãos de comunicação.

A direita descurou o trabalho político e treme de medo que a divulgação e o esclarecimento se pareçam com propaganda. A esquerda não. A equerda não teme nem tem vergonha -- é só nas políticas públicas que não aprende. E a geringonça aí está ufana para premiar os seus e tourear os manguitos.


8 comentários

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De João Távora a 07.06.2016 às 21:41

É uma enorme tristeza, José.
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De ali kath a 07.06.2016 às 21:44

diz-se que a fenprof recebe mais do contribuintes do que os cortes aos colégios
são os contribuintes que sustentam os sovietes com apenas 15% de trabalhadores a pagar cotas
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De Comunista a 07.06.2016 às 23:43

Caramba, é uma tristeza, o povo português é mesmo burro. Mas sempre temos os senhores para apontarem o caminho certo. Claro que suspender a democracia para os 70% meterem a viola no saco é que era, mas não está fácil.
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De Anónimo a 08.06.2016 às 01:02

O problema é que nossa direita está no centro esquerda, sempre receosa que a chamem de reacionária e fascista.  Quando se sabe e não era preciso o JRS ter lembrado que reacionários e fascistas são os comunistas. 
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De Comunista a 08.06.2016 às 10:18

Concordo consigo, é bem lembrado, aliás basta pensar como a União Nacional e o PCP eram inseparáveis. 
Aliás, Cunhal e Salazar tomavam chá com frequência e os comunistas sempre foram impecavelmente tratados pela PIDE.
São conhecidas muitas histórias comoventes, como aquela em que o PIDE diz para um membro do PCP: Estimado senhor, com a sua licença, vamos agora agredi-lo a murro, pontapé e com umas grossas tábuas, deixando-o cair a seguir. Depois tiramos-lhe os sapatos e meias, para lhe darmos umas boas pancadas nas plantas dos pés. Relaxe e desfrute.
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De cristof a 08.06.2016 às 06:11

Perante a ovação ao amigo que ajuda o Santos Silva a gastar os milhões , pelo congresso do partido do governo fico com muitas dúvidas sobre a justiça em Portugal ; se quem tem acesso as dados sobre os ataques a procuradoria e ao DIAP, não fizer um escrutínio permanente e alerta publico do que as mentes dos amigos do nº2 do socrates anda a planear pela socapa , bem havemos de amargar esta nova seita do governo.
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De JPT a 08.06.2016 às 10:21

A direita que tomou por causa os subsídios a escolas privadas, merece mais do que 70% de desaprovação. Ninguém quer o camarada Mário a mandar na educação, mas os fins não justificam os meios (em particular quando é evidente que, para muitos, o que interessa, na verdade, são os meios). Chamar néscio ao povo é certamente mais fácil do que reconhecer que estes subsídios eram, face aos princípios liberais que a direita proclama defender, totalmente indefensáveis. Se criticamos a "esquerda" por fazer negócios para os amigos e subsidiar os seus "voting blocks", é suposto batermos palmas quando a direita faz o mesmo?
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De Anónimo a 08.06.2016 às 19:30

Emprenhou de ouvido, não foi? Não são «subsídios». São pagamentos por um serviço feito por melhor preço e com mais qualidade do que no ensino «público».

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