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Estado e festas populares

por henrique pereira dos santos, em 30.05.23

Joana Lopes, há dias escrevia:

"BENFICA VERSUS FEIRA DO LIVRO
.
Reina a indignação porque, no sábado, a FdoL vai fechar umas horas mais cedo por causa da esperada multidão de benfiquistas que festejará a vitória do clube, como habitualmente, nas imediações do recinto da Feira.
Não sei se algum leitor, ávido de comprar cultura, deixará de o fazer nas centenas de horas que terá à disposição. Não creio. Só posso portanto imaginar que se esperasse que um simples pedido no Estádio levasse muitos, muitos milhares de pessoas a regressarem a casa, ao nonagésimo minutos de jogo mais descontos, ou que a polícia de choque vedasse dois terços da cidade para que apenas um acesso à Feira fosse possível.
Em que país julgam viver? Num paraíso de intelectuais? Ou na Coreia do Norte?"

Parece uma coisa sensata, o que está escrito, mas tem um conjunto de falácias a que convém dar atenção.

Em primeiro lugar, o maniqueísmo expresso não tem sentido nenhum, a questão não é benfica vs feira do livro, mas sim, um funcionamento normal da comunidade vs suspensão das regras por umas horas porque eles são muitos e querem que seja assim.

Em segundo lugar, o maniqueísmo da parte final do texto, opondo a realidade da festa à Coreia do Norte, não faz, igualmente, qualquer sentido.

É claro que ninguém espera que um monte de pessoas que acham muito importante uma coisa que conseguem alcançar (seja que coisa for), deixem de manifestar a sua alegria só porque alguém as manda para casa.

É portanto de esperar que haja manifestações de alegria mais ou menos orgânicas quando um grupo suficientemente grande de pessoas sentem que alcançaram o que queriam.

O problema consiste em saber se o Estado cabe simplesmente aceitar a suspensão das regras normais de convivência, porque eles são muitos e é pouco tempo, ou se cabe ao Estado defender os mais fracos das consequências da falta de juízo dos mais fortes (sim, fazer um espectáculo pirotécnico de dez minutos no Marques de Pombal às duas da manhã é uma violência inconcebível para os milhares de pessoas que vivem à volta, no raio muito alargado afectado pelo barulho desse espectáculo pirotécnico).

Para quem acha normal fechar a feira do livro, fechar dezenas de estabelecimentos comerciais (ao mesmo tempo que aprova dezenas de roulottes para servir comidas e bebidas no mesmo espaço), fechar boa parte das principais vias de circulação de uma cidade, fechar estações de metro ao mesmo tempo que se pede às pessoas que se dirijam ao local por transportes públicos, instalar pontos de revista pela polícia das pessoas que se dirigem a um espaço público, com o único objectivo de garantir que a falta de juízo dos mais fortes não descambe em mortos e vandalismo, pois com certeza, está tudo bem, nada a dizer.

Para os outros, como eu, que acham estas prepotências inaceitáveis, a questão não é confiar que as pessoas vão placidamente para casa a pedido do Estado, e quando vão, levam com a repressão policial dura, à maneira da Coreia do Norte, mas sim avaliar em que medida o Estado e o adepto médio, com a sua complacência face à suspensão das regras de convivência social quando se trata de futebol, estão a criar um problema que, cedo ou tarde, vai dar asneira.

Em que medida cabe ao Estado fazer de populista que vai atrás dos populares que são muitos, ou cabe ao Estado defender as regras de convivência social em todas as circunstâncias, sem abrir excepções.

Claro que as regras sociais de convivência devem ser adaptadas a cada circunstância e à natureza humana, é inevitável que no fim dos campeonatos de futebol haja expressões populares de alegria (a ida para o marquês começou espontaneamente, com pessoas que saiam de casa para dar uma volta a gritar vivas ao seu clube a concentrar-se ali por razões meramente funcionais), pelo que as regras a usar nessas alturas devem ter em atenção a irracionalidade da natureza humana, em algumas circunstâncias.

Para mim, a questão não é impedir ou deixar de impedir as pessoas de darem vivas a quem queiram (alguns dos principais utilizadores começam a manifestar alguma irritação porque ir ao Marquês já não tem graça nenhuma, de tal maneira aquilo está condicionado), mas sim, saber por que razão não começa o Estado, os clubes e as federações a pensar em maneiras socialmente menos opressivas para os grupos minoritários (alguns deles bastante frágeis), começando hoje a preparar a canalização da energia popular noutros sentidos.

E isto não é independente do populismo de ter sete canais de televisão (mais o do Benfica) a transmitir horas da recepção da câmara ao clube que ganhou o campeonato, de acordo com o que li de José Teixeira, num absurdo editorial que simplesmente não compreendo.

A ideia de que o futebol é um força social incontrolável, portanto o que há a fazer é suspender as regras de convivência social em algumas circunstâncias é uma ideia típica de populistas, e eu não gosto de populistas.


17 comentários

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De Zé raiano a 30.05.2023 às 10:04

o militante ps Sérgio Sousa Pinto disse antes na CNN:
'' não estamos num estado de direito ''
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De balio a 30.05.2023 às 10:29


fazer um espectáculo pirotécnico de dez minutos no Marques de Pombal às duas da manhã é uma violência inconcebível para os milhares de pessoas que vivem à volta, no raio muito alargado afectado pelo barulho desse espectáculo pirotécnico



Não estive em Lisboa nessa noite, por isso não sei o que se passou.


Mas penso que isto é em parte consequência da mudança da Câmara de Fernando Medina para Carlos Moedas.


Na primeira festa do Benfica no Marquês, há muitos anos, foi um desmando: aparelhagem aos berros até às duas da manhã. Na semana seguinte, enviei por email, para a Câmara Municipal, um protesto a dizer que aquilo era inadmissível. O meu protesto (e, presumivelmente, os protestos de outros cidadãos) foi ouvido: na festa seguinte, a barulheira acabou às 11 da noite.


Mas agora o PS foi substituído pelo PSD na gestão da Câmara. É portanto expetável que a nova gestão tenha que aprender, tal como a anterior aprendeu, que não se pode permitir isto.


Eu desta vez, como não estive em Lisboa e não sei exatamente o que se passou, não irei escrever email à Câmara. Mas acho que quem foi incomodado o deve fazer. E deve escrever no email aquilo que eu escrevi há uns anos: se esta merda volta a acontecer, não contem com o meu voto em vós na próxima eleição.
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De Alexandre N. a 30.05.2023 às 13:54

Essa Joana Lopes diz que há muitas horas para comprar livros, mas nada comparável às horas de futebol que passam nas TVs, aliás tudo isto é disparate atrás de disparate.
Querem festejar, vão para o Seixal, Alcochete e afins e levem para lá a carneirada toda e aproveitem e fiquem por lá.
Na feira do livro não se compram apenas livros.
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De Anonimo a 30.05.2023 às 14:25


A Queima das Fitas também é uma semana insuportável para quem mora em Coimbra. Tal como em Lisboa diversas festas populares em que se fechavam ruas de um lado e se promovia o carro no passeio do outro.

Mas festa é festa, e a malta aguenta em prol do bem maior.


Pior que uma noite de festa são as constantes confusões em redor dos estádios em dia de jogo grande, com marchas de claques e caixas de segurança. Aí sim verificamos o clima de excepção, porque certos indivíduos tem que ser protegidos, ou sermos nós protegidos deles, apenas porque sim.
Isto para não falar no facto de que, implicitamente estar explícito, em dia de jogo, não é aconselhável usar cores erradas quando perto de um estádio.
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De Jorge a 30.05.2023 às 19:49

A joana deve ganhar por cada palavra que escreve, só pode. Não as contei até ao fim....fiquei cansado. Que lhe dê para as férias. 
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De JPT a 31.05.2023 às 11:33

Tanto alarido por uma coisa que ocorre uma vez por ano (nem isso, porque, em regra, a festa é no Porto), à horas mortas, e para a qual toda a gente está mais do que prevenida. Já as manifestações e desfiles de qualquer cão e gato e as corridas de todos os matizes, que, cada vez mais, cortam, sem aviso prévio, e a meio do dia, a Avenida da Liberdade (empatando a circulação de veículos até à Margem Sul, à A5 e à segunda circular) essas, como não são os trogloditas da bola, já não incomodam nada. Só a piolheira incomoda. Só a piolheira é prepotente. Só a piolheira é populista. Só a piolheira tem de ser controlada pelo Estado. Duzentos anos disto. Ah, sou do Sporting, compro livros compulsivamente e sou dos "milhares de pessoas que vivem à volta" do Marquês de Pombal (para serem "milhares de pessoas" o conceito de "viver à volta" do Marquês tem de chegar, no mínimo, a Campolide).
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De henrique pereira dos santos a 31.05.2023 às 12:01

Sim, em Campolide era perfeitamente audível o espectáculo pirotécnico de dez minutos, às duas da manhã.
Sim, é à noite que o barulho é um problema, e não a meio do dia.
Manifestações com cortes de ruas sem aviso prévio? Desconheço, se puder dar exemplos, seria bom.
Em que é que o futebol é uma piolheira?
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De JPT a 31.05.2023 às 12:46

O foguetório era audível em Campolide? Não sabia. Pelos vistos, durmo bem, tal como as outras três pessoas lá de casa (sendo Sportinguistas, recolhemos cedo). Em todo o caso, se os foguetes se ouviam melhor que os aviões - que esses, até às 4 da manhã passam, quanto mais às 2 (e às 6 da manhã já passam a cada 3 minutos) - os meus parabéns ao pirotécnico (mas prepare-se, porque, a começar na sexta, vêm aí o Quim Barreiros, o Toy, a Ágata, a Romana, a Ruth Marlene, o Nel Monteiro e até uns tais Jorge Guerreiro e Belito Campos). Se desconhece "manifestações com cortes de ruas sem aviso prévio" e vive em Lisboa, ou não atravessa a cidade ao fim-de-semana, ou tem muita sorte, ou conhece algum "site" onde as "manifs", as maratonas e as matrafonas são previamente anunciadas (nesse caso, peço o favor de partilhar, pois foi assim que fiquei a saber que há um "site" para as greves dos transportes). Quanto à última questão, acho que a resposta decorre do texto que comento. Assiste-lhe, obviamente, todo o direito a optar por não perceber. Aliás, estar a ser "snob" implica, em regra, não perceber que se está a ser "snob" (sem ofensa, espero).
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De henrique pereira dos santos a 31.05.2023 às 13:02

Não sei qual a zona de Campolide, admito que depois do festo da Marquês de Fronteira não se ouvisse (ou a casa tivesse vidros duplos), porque o festo faria a protecção.
Sobre a Ágata e afins, já escrevi há dias: Cultura popular - Corta-fitas (sapo.pt)
Atravesso pouco de carro, realmente, ando mais a pé ou de transportes públicos, aparentemente sou mais da piolheira, a questão central é que todas as manifestações são comunicadas e o corte de vias é acompanhado pela polícia, como sabe.
Se há um adequado equilíbrio entre o direito à manifestação e outros direitos, como o de circulação? Acho que não mas, em qualquer caso, no caso do futebol (não é a única situação), o que há é o esmagamento do direito de terceiros, como se isso fosse inevitável, sem a menor preocupação de equilíbrio (por exemplo, no caso em concreto, fecharam-se dezenas de estabelecimentos comerciais, ao mesmo tempo que se dava autorização a uma data de roulottes que com eles concorriam, se acha que isso se passa nas outras realizações em espaços públicos, agradeço exemplos).
Se considera o futebol uma piolheira, isso é consigo, eu não tenho nada com isso, nem o post diz isso.
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De JPT a 31.05.2023 às 17:12

Sim, moro onde essa rua perde o Marquesato e (naturalmente) tenho vidros duplos (um investimento indispensável na linha Campolide, Rego, Alvalade). Eu ando de transporte públicos todos os dias, mas como escasseiam no fim-de-semana, levo o carro (para trabalhar, não para o futebol, porque Alvalade tem metro à porta, ainda que, claro, autocarros entre as Amoreiras e o Marquês ao fim-de-semana ou depois das 21h00 sejam uma miragem, e o meu recorde de espera do metro esteja em 17 minutos). Esses cortes são comunicados como e a quem? A mim não são de certeza. De repente, dou por mim parado num  domingo às 15h00, no meio de uma molhada de carros, e um trajecto de 5 minutos transforma-se numa volta à cidade de uma hora, porque é o Ano Novo Chinês, ou 50 tipos da António Arroio protestam pelo Clima, ou é a corrida da EDP, ou do El Corte Inglés. É escolher. Quanto às medidas de polícia, é falar com os polícias. Se alguém é tratado abaixo de cão pelos polícias (e pelos clubes) são os adeptos que vão aos estádios, mereçam ou não. Lá está: hoi polloi. 
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De balio a 31.05.2023 às 14:08


Manifestações com cortes de ruas sem aviso prévio? Desconheço, se puder dar exemplos, seria bom.


Talvez tenham aviso prévio, mas eu nunca o vejo.


Cortes da avenida da Liberdade aos domingos de manhã, para diversas corridas: Sempre Mulher, Montepio, etc etc etc. Se calhar a Câmara avisa mas, como é evidente, há sempre imensa gente que não está avisada.


São vezes sem conta já que eu saio de casa ao domingo de manhã e acabo com o carro empatado numa rua qualquer, totalmente entupida, sem dela poder sair nem para a frente nem para trás, porque a avenida da Liberdade foi cortada.


Porque raio não põem as pessoas a correr noutro lado, digamos, à beira rio?
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De henrique pereira dos santos a 31.05.2023 às 14:47

Vou-te dar uma novidade: não és a medida de todas as coisas.
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De balio a 31.05.2023 às 15:14


É verdade que não sou a medida de todas as coisas, mas não sou certamente o único que desconhece em que dias é que a Câmara de Lisboa decide encerrar a Avenida da Liberdade (sempre ela, sempre ela: aquela avenida parece que tem mel, toda a gente quer caminhar, correr ou desfilar por ela e só por ela): juntamente comigo há sempre centenas de automobilistas que ficam à nora.


O Henrique poderia dar um contributo positivo e dizer por que vias é que a Câmara de Lisboa informa o povo de que a avenida encerrará, e com que antecedência o faz. É que eu, na minha pacata vida, nunca vejo tais avisos. E, como disse, não sou o único.


E volto a questionar, por que raio encerram sempre aquele avenida? Porque não vão correr ou desfilar para Monsanto, para a beira rio, para o Campo Grande, ...?
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De Anonimo a 31.05.2023 às 15:03


Já falara das corridas...


Sim, os avisos quanto a corte de vias eram (eram, pode ter melhorado) muito maus, mesmo na ponte 25 de Abril, em que a alternativa é quase zero, deixava a desejar. Não custava à Câmara avisar por carta / panfleto os moradores, e colocar placas com a devida antecedência.

Quem não estiver por dentro das provas, e aceder aos sites organizativos, era meio apanhado de surpresa.
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De balio a 31.05.2023 às 17:34


Não custava à Câmara avisar por carta / panfleto os moradores


Exatamente. Parece-me uma boa sugestão.



Tal como a EPAL e a E-Redes deixam colados nas portas dos prédios panfletos a anunciar que vão ler os contadores num determinado dia, a Câmara de Lisboa bem poderia mandar colar nas portas dos prédios das freguesias relevantes panfletos a avisar que determinadas ruas estarão cortadas.


Assim, pelo menos os moradores potencialmente mais diretamente afetados já poderiam planear as suas vidas.
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De anónimo a 31.05.2023 às 19:37

« A ideia de que o futebol é um força social incontrolável, portanto o que há a fazer é suspender as regras de convivência social em algumas circunstâncias é uma ideia típica de populistas, e eu não gosto de populistas. »



HPS ainda não se apercebeu que vivemos num Estado populista desde 25-04-1974.
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De Anónimo a 01.06.2023 às 08:11

Lembrei-me de dar uma vista de olhos às frases inspiradoras que marcaram o 25 de Abril (sempre!)
Não encontrei nada de mais emblemático e que melhor nos defina quase 50 anos depois:
Fátima Football e Fado. (Malhas que o "mando" tece...)


.A "Feira do Livro" talvez um dia venha a fazer parte daquela lista (talvez) daqui a muitas gerações, se ainda formos um país.


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