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Há uns quatro anos ter Marques Mendes como futuro Presidente da República parecia uma inevitabilidade. E a razão era simples, um público infantilizado adorava Marcelo e o clone de Marcelo mais à mão seria Marques Mendes.
Hoje, justamente por se assemelhar demasiadamente a Marcelo, o caminho de Marques Mendes não está fácil. De facto, o mimetismo entre os dois é grande. Ambos foram líderes do PSD, sem grande sucesso, e ambos ganharam popularidade no comentariado, optando sempre por, sem riscos, dizerem aquilo que as pessoas querem ouvir.
Ainda que haja idiossincrasias que os distingam, de certa forma Marcelo é "one-of-kind", irrepetível, Marques Mendes terá dificuldade em se distanciar de Marcelo.
É indiscutível que as atitudes "tira batatas fritas", "muda cuecas" e "irrompe flash interviews futebolísticas" contribuíram muito para a erosão da função presidencial. Neste momento os portugueses querem resgatar o cargo, restituir-lhe gravitas e acabar com o seu carácter clownesco. E é neste sentido que se agarram a alguém que, mesmo não sabendo o que pensa acerca da maior parte dos temas, poderá, na sua visão, ter as características para trazer de volta a dignidade do cargo. E é assim que surge um almirante, alto, bem-apessoado, que mesmo para missões civis trajava à militar.
Se a principal característica de Marques Mendes é ser próximo de Marcelo, a principal característica de Gouveia e Melo, aquilo que o distingue e faz emergir, é ser, de certo modo, um anti-Marcelo.
Mas será o Almirante Gouveia e Melo uma inevitabilidade, não disporá o PSD de uma personalidade alternativa que lhe possa fazer frente?
Penso que Gouveia e Melo não é uma inevitabilidade. A principal razão é que a sua actual aparente unanimidade irá, necessariamente, desvanecer-se. Gouveia e Melo é actualmente um candidato "catch all", recolhendo preferências em todo o espectro político. À medida que a campanha se for desenvolvendo Gouveia e Melo terá que esclarecer melhor as suas opções políticas, e como tal, necessariamente, a sua base de apoio irá estreitar-se. Claro que uma campanha presidencial permite algum discurso do tipo "miss mundo", mas, ainda assim, terão que ser dito coisas que não são consensuais e, como tal, divisivas.
Tendo o perfil de Marques Mendes dificuldade em ganhar tração, e isto apesar da sua enorme exposição mediática, seria importante que o PSD pudesse promover um candidato que desse corpo à principal demanda do povo, restituir dignidade ao cargo presidencial.
Estando Passos Coelho voluntariamente afastado da corrida, só encontro um nome que possa corresponder à encomenda social do momento. E esse nome é Aguiar-Branco. Aguiar-Branco tem desempenhado o cargo de Presidente da Assembleia da República com elevação, sobriedade e dignidade. Até por contraste com os anteriores ocupantes do cargo, Ferro Rodrigues e Santos Silva, parece-me claro que Aguiar-Branco soube encontrar o tom e a forma condizente com a respeitabilidade do cargo.
Poderemos dizer "contra" Aguiar-Branco que ele não será muito carismático, ou que ainda é insuficientemente conhecido. Ainda assim, após a overdose carismática marceliana, o regresso de uma certa normalidade seria, quanto a mim, desejável. Desejável e saudável.
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