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Um destes dias tive uma discussão civilizada e cordata sobre o corporativsmo dos jornalistas, com um jornalista, e a páginas tantas usei este artigo para ilustrar as minhas teses sobre jornalistas que torcem as coisas até que a peça diga o que querem, mas sem que possam ser acusados de mentir directamente.
Perante os dados verificáveis, que contrariam a tese a que o jornalista quer dar força, opta-se por ouvir duas pessoas.
Uma das pessoas, Paulo Fernandes, é um investigador reconhecido internacionalmente pelo trabalho científico na área a que diz respeito o artigo e que contraria a tese a que o jornalista tem afeição.
Outra das pessoas, João Camargo, é um dirigente político que nunca escreveu nada de reconhecidamente relevante sobre o assunto em causa (na altura do artigo tinha uns artigos de opinião com muita circulação, mas cujo conteúdo técnico nunca foi avalizado pelos que produzem conhecimento sobre o tema em questão), tendo a grande vantagem de dizer as coisas que o jornalista quer que estejam escritas, sem que seja ele próprio a escrevê-las.
Perante a diferença de credibilidade dos dois testemunhos com estas proveniências sobre o assunto em causa, o jornalista usa um truque comum: o da suspeição sobre os interesses que motivam o testemunho que não lhe interessa para a defesa da sua tese.
O mais interessante disto é que se considere o eventual interesse económico pessoal como uma questão pertinente, mas não o mais que óbvio interesse político pessoal de outro dos intervenientes, não havendo necessidade de adaptar a pergunta feita a Paulo Fernandes, tendo em atenção a condição de dirigente do BE, casado com uma assessora do grupo parlamentar do BE "Esta condição [totalmente omissa na peça em causa] não levanta suspeitas quanto à isenção das suas opiniões?".
Esta duplicidade de critério no tratamento dos interesses pessoais económicos e os interesses igualmente pessoais, mas políticos, está muito longe de ser uma questão portuguesa: "Is it really true that political self-interest is nobler somehow than economic self-interest?" já é uma pergunta com bastantes anos e então feita nos Estados Unidos.
É pena o nosso jornalismo esquecer-se sistematicamente de que interesse próprio temos todos e de que não há nada de estruturalmente diferente entre o interesse económico do sindicalista que exige melhores condições salariais ou interesse pessoal do político que defende qualquer coisa que o possa beneficiar na eleição seguinte.
A diferença que interessa é apenas entre a defesa de interesses próprios de forma legítima e a defesa de interesses próprios de forma ilegítima.
Na peça que usei como exemplo, a grande diferença é entre quem diz umas coisas suportadas em coisa nenhuma para fazer avançar a sua agenda política e quem diz o que sabe a partir de investigação avaliada e avalizada pelos sistema científico.
O resto é a manipulação habitual de muitos jornalistas (que também têm interesses próprios) e com a qual muitos outros, corporativamente, contemporizam, aparentemente sem perceber que estão a minar o único activo que conta na sua profissão: a confiança dos seus leitores.
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