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No mesmo dia recebo dois pedidos.
Um, para assinar esta petição sobre a Quinta dos Ingleses, em Carcavelos.
O outro, para apoiar a campanha "Nos cumpre tê-lo com cuidado", da Montis.
São dois caminhos substancialmente diferentes do movimento ambientalista e talvez valha a pena eu explicar as razões pelas quais apoio a campanha da Montis e não assino a petição da Quinta dos Ingleses.
A questão da Quinta dos Ingleses decorre de um projecto de urbanização de pouco mais de 50 hectares no litoral de Carcavelos, dos quais resultam 10 hectares de parque urbano e o resto de urbanização (com diferentes valências, incluindo vários equipamentos públicos, se bem percebo).
A campanha da Montis decorre da opção da associação pela compra de terrenos, com o objectivo de os gerir tendo como prioridade a produção de biodiversidade.
O que me parece mais relevante é a forma como diferentes pessoas olham para as questões ambientais que lhes dizem respeito.
Na quinta dos Ingleses estão em causa interesses locais, não há nada de regional ou nacionalmente relevante naquele local, o que há é o desejo de conter a urbanização de uma área para que as pessoas que vivem à volta tenham mais espaços públicos para usar, o que acreditam que melhora a sua qualidade de vida.
É tipicamente uma questão de gestão autárquica e de ordenamento local.
No projecto da Montis estão em causa questões nacionais ou globais: a gestão sensata do território, incluindo o espaço para a produção de biodiversidade.
No entanto, o que se pede, no caso da Quinta dos Ingleses, com base em argumentos de treta sobre valores naturais nunca completamente concretizados, incluindo supostos efeitos sobre a praia de Carcavelos, é que se revoguem as decisões tomadas sobre a ocupação do espaço ou que o Estado compre o terreno, o que significa ter os contribuintes da Serra da Estrela, de Rabo de Peixe ou do vale o Ave a pagar a qualidade de vida da burguesia da linha de Cascais, na fronteira entre dois dos concelhos mais ricos de Portugal.
A campanha de crowdfunding lançada em Outubro de 2023, mais de seis meses depois, angariou 3 241 euros dos 15 mil euros pedidos, ou seja, aparentemente toda a imensa gente que se mobiliza em torno do SOS Quinta dos Ingleses, que consegue mobilizar jornais e jornalismo nacional, não parece disposta a defender, com o seu dinheiro, aquilo que exige ao resto da sociedade, que praticamente não beneficia com a existência da Quinta dos Ingleses.
Como é frequente, parece tratar-se da burguesia a usar a pressão sobre o Estado para pôr o povo a pagar os seus privilégios.
O que a Montis pede, com certeza sem grande impacto nas notícias, nas decisões do Estado e no dinheiro dos contribuintes, é apenas que pessoas comuns, se acharem que vale a pena, contribuam com o que entenderem para haver mais terrenos dedicados à produção de biodiversidade e geridos com esse objectivo, sobretudo em áreas ao abandono em que é preciso injectar economia.
Menos de 24 horas depois do lançamento da campanha de crowdfunding mais recente (já houve outras para comprar os 16 hectares que hoje são da Montis), angariou, no momento em que escrevo, 680 euros dos 20 mil que estão a ser pedidos para a constituição de um fundo permanente de aquisição de terrenos, que se espera que a Montis depois consiga ir alimentando e fazendo crescer.
O movimento ambientalista é bem mais diverso do que possa parecer (hoje, por exemplo, é um dia importante para uma terceira via, de que discordo ainda mais profundamente, que pretende judicializar as opções políticas referentes à transição energética e à acção climática) e seria bom que cada vez mais ambientalistas se centrassem nos custos de oportunidade de cada opção que façam: onde é que aquilo com que posso contribuir tem mais retorno do ponto de vista dos meus objectivos?
As minhas respostas a esta pergunta são razoavelmente públicas (certas ou erradas), ao contrário das respostas da esmagadora maioria das organizações ambientalistas que existem.
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