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Era uma vez um partido político que nasce no meio de um período revolucionário. Timidamente, assume-se como de centro, que os tempos não permitiam mais. Anunciar que não se era de esquerda, já era de grande risco político, social e um acto até de coragem física. As pessoas esquecem, mas a democracia ainda era muito mais frágil do que nos dias de hoje. A ditadura de esquerda ainda era mais clara. Sendo o partido dos não socialistas e sociais democratas, abrigou uma pequena falange de grupos diferentes: conservadores, liberais e até reaccionários, que insistiram em não se infiltrar noutros partidos, de poder, como o PS e o PSD.
O discurso sempre foi difícil e nem sempre totalmente coerente. Porque o país não estava preparado ( nem está) para que o socialismo ou social democracia não sejam as únicas e óbvias vias possíveis . Porque o seu eleitorado, apesar da sua forte comunhão antissocialista, tinha ideias diferentes sobre muitos temas. As coisas foram correndo, por um lado porque os seus eleitores não tinham alternativas, por outro porque não ser socialista, nunca permitiu que esse pequeno grupo fosse expressivo em Portugal.
Ao longo da sua História, impressionava a desproporcionada qualidade dos seus quadros em relação a partidos de muito maior dimensão. O que de nada serviu, continuou a ser um partido marginal e pouco influente, mesmo se capaz de quando em vez, proporcionar maiorias parlamentares e, à boleia, chegar, com influencia reduzida, ao poder.
Os poucos, como eu, que ao longo do tempo, votaram fielmente, ano após ano, década após década, no CDS, resignaram-se a ser uma voz fora do baralho. Na verdade, aceitarem ser uns perdedores crónicos de eleições, em troca de afirmarem a sua distancia ao socialismo. Se não for assim para todos os antigos CDS, é pelo menos assim que me vejo.
Vieram então as eleições de 2015. A esquerda radical que, apesar da sua desproporcionada importância na comunicação social, apesar da sua capacidade de impor o mito de esquerda como o santo graal da democracia, justiça social e decência humana, ultrapassa o cordão sanitário imposto pelo arco do poder. A maioria de esquerda, da pior esquerda, passa a ser uma realidade. O PS, transforma-se num partido capaz do pior: aliar-se a partidos, em tudo menos nos seus estatutos, antidemocráticos, de desígnios e praticas capazes de inviabilizar por mais algumas décadas uma democracia liberal e prospera. Não para receber o seu apoio, mas abraçar as suas políticas que pudessem ser acomodadas sem reparos da Europa.
Foi a gota de água que inicia uma revolução à direita. Perdidos por um, perdidos por mil. Diminuídas as esperança de influenciarem uma evolução serena e consensual que permitisse a Portugal e aos Portugueses, viverem num país civilizado, aumentou a mobilização da direita. Para além do mais, de novo agredida de forma cada vez mais explicita e brutal, os não socialistas aumentaram o desejo de lutar pelas ideias de cada um, de forma mais clara e sem filtros impostos pelo desejo de uma representatividade superior, cuja importância se esvaiu na cada vez mais nítida improbabilidade de com moderação ( onde anda?) o País evoluir, mesmo que lentamente, para melhor.
Crispa-se a sociedade, fragmenta-se o espectro partidário, implode o CDS, sobretudo sangrado pelo Chega e pela IL.
Ao contrario de muitos, acho o movimento positivo. Não se verifica apenas uma fragmentação da direita, existe uma clarificação. À IL os liberais, aos zangados e reaccionários o Chega, ao CDS os conservadores e os leais acima de qualquer consideração. A soma de todas estas tendências, não socialistas, representará mais do que o CDS, como provavelmente constataremos nas próximas eleições. Sejam a 16 de Janeiro ou em Fevereiro de 2022.
A IL, poderá ir buscar votos ao PSD, ao PS e ao BE. O Chega ( o BE da direita) poderá ir buscar votos ao partido comunista, PS e PSD.
Sou dos que passaram a votar na IL e consideram que o Chega merece o mesmo respeito do que o PCP e o Bloco de Esquerda. Todos partidos que tenho dificuldade em reconhecer um papel verdadeiramente positivo, mas que têm espaço e legitimidade democrática.
As coligações e reaproximações poderão fazer-se depois de um período em que se perceba o quanto vale cada tendência. Para quem espera há décadas, são as próximas eleições que contam?
Por mais importantes ( e são) estas cisões para os interessados ( como eu) , no grande quadro das coisas, são relativamente inócuas. Importa não esquecer que a direita continua a ter uma expressão reduzida, quase insignificante, em Portugal. Com três partidos ou só um. Mesmo somando o PSD, a maioria de esquerda, é uma realidade quase constante. O que realmente vai permitir, ou não, bascular a política Portuguesa, será o que se possa passar no PS. É aqui que se joga o futuro de Portugal e que a revolução à direita poderá ter um impacto inspirador, transformador, da nossa sociedade.
Assim como os Portugueses não querem a direita, em nenhuma das suas declinações, também não querem o socialismo revolucionário que o PS abraçou nos últimos anos.
O PS é como o tradicional CDS, uma amálgama que vai desde os radicais de esquerda aos sociais democratas. Será que os sociais democratas, no PS, vão continuar a suportar o socialismo radical protagonizado por António Costa? A emergência de figuras como Pedro Nuno Santos, não irá partir o partido de vez, com socialistas vermelhos de um lado e sociais democratas do outro? Uma transferência para o PSD ou a cisão do PS serão tão improváveis? O que parece impossível, acontece, como se está a ver no CDS.
É nos apoiantes do PS, não na direita, que se pode desenhar um caminho de esperança para Portugal, o fim da espiral radical de esquerda que faz mergulhar Portugal no abismo. A grande clarificação que falta a Portugal é a do PS: afinal são socialistas revolucionários ou sociais democratas como eram os seus pais fundadores?
Brevemente poderemos perceber se apenas a direita se reorganiza, ou se também há esperança de contarmos com uma ( nova) revolução no PS. Que é crucial e determinante, para podermos contar com um pais minimamente viável.
Liberalismo, direita, não vamos ter em Portugal tão cedo. Espero, também, que socialismo radical, seja rejeitado e que a horrível experiencia de António Costa tenha os dias contados.
O que nos resta é o centro. Mais ou menos ineficiente, nunca magnifico, ocasionalmente péssimo, mas que se manterá afastado da vertigem da esquerda revolucionaria e de todas as correntes de direita. Regressamos ao mau, não ao péssimo.
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