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Discurso de um colono

por henrique pereira dos santos, em 20.08.24

"Diga amigo Miguel
Como está você?
Em todo o Xipamanine
Já ninguém o vê
Vou dar-lhe a minha viola
Para tocar outra vez

O seu valor um dia
Você mostrou
Todo o mainato o ouvia
E até dançou
Miguel só você sabia
Tocar como já tocou

Vinha maningue gente
Para aprender
Moda lá da sua terra
Bonita a valer
O Jaime e o Etekinse
Amigos não volt´haver

Quando a noite se ouvia
Miguel tocar
Também havia a marimba
Para acompanhar
A noite
Na Ponta Geia
Amigos hei-de recordar

O barco foi andando
E a Nanga vi
Foi a saudade aumentando
Longe daí
A gente
Na minha terra
Não canta assim
Como eu ouvi"

O colono José Afonso - de acordo com as especulações de Cláudia Castelo, "As oportunidades acrescidas de promoção social, a abundância de mão-de-obra barata e subjugada, a certeza de um estatuto inquestionável perante o conjunto da população africana – largamente maioritária – terão influenciado na decisão de migrar" - viveu várias vezes nas colónias portuguesas, tendo dois irmãos a viver em Moçambique até depois da independência, um na Beira, e outra em Lourenço Marques.

Esta letra de uma das suas músicas está longe de ser a única sobre a sua experiência colonial, escolhi-a por ser, de acordo com a grelha de análise woke, uma visão paternalista tipicamente colonial do seu criado Miguel Djedje (já agora, a letra é tirada da Associação José Afonso, mas tenho as maiores dúvidas de que a transcrição "o barco foi andando e a Nanga vi" esteja certa. Para mim, faz muito mais sentido "o barco foi andando e a Manga vi", quer porque a Nanga parece ser uma pessoa e do barco não se vêem pessoas, quer porque a letra mistura referências de Lourenço Marques (Xipamanine e o uso de vocábulos de uma das línguas moçambicanas dessa região) e da Beira (como seria o caso da Manga, essa sim, visível do barco), os dois sítios onde o colono José Afonso viveu.

É também, mantendo a mesma grelha de análise, uma visão luso-tropicalista das sociedades coloniais, em que se descreve um ambiente de miscigenação que não passa da lenga-lenga habitual dos retornados que são incapazes de ler o mundo que os rodeia, nomeadamente a injustiça em que assenta o seu privilégio, incapacidade que parece evidente no colono José Afonso.

Já agora, para quem tenha interesse, deixo aqui quatro ligações para mais testemunhos que pretendem dulcificar os aspectos pesados do regime colonial, que se relacionam com este discurso luso-tropicalista do colono José Afonso.

Podem ver-se, em três partes, um vídeo de mais dois colonos imersos numa visão cor de rosa do colonialismo e das sociedades coloniais, e uma referência a um livro de memórias de outro colono que afirma, sem rebuço: "O debate anti-colonial é uma coisa que remonta quase ao início dos descobrimentos. A circunstância de eu ter estado em Moçambique não altera a minha posição anticolonial, anti-exploração colonial. Não tenho grandes complexos em relação ao meu passado, a não ser a circunstância de ser uma pessoa que pertenceu ao setor colonizador, à administração colonial, à soberania exercida por um país sobre os outros. Foi uma coisa que teve o seu tempo e que demorou a acabar entre nós. Mas a questão da anticolonização não surgiu só agora, existe há muito tempo. Mesmo entre os que viveram em África, havia alguns anticolonialistas, que se puseram ao lado da possibilidade de um regime negro. Havia colonos — poucos, é certo — que percebiam perfeitamente que o regime colonial, que se baseava na exploração do negro, nunca levaria África a um desenvolvimento minimamente aceitável para a população".

Ou então, não, não é nada disso, é só a demonstração de que o mundo a preto e branco que nos pretendem vender nunca existiu e as sociedades humanas são bem mais variadas e complexas do que nos querem fazer crer.


10 comentários

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De Anónimo a 20.08.2024 às 12:37

Bairro Nanga (Província de Cabo Delgado, Moçambique) é um subúrbio. Bairro Nanga está situada perto do subúrbio Milapane e Bairro Changana.

João Almeida
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De henrique pereira dos santos a 20.08.2024 às 16:00

E por que razão José Afonso estaria a referir-se a um bairro em Cabo Delgado, onde nunca viveu, em vez de um conhecido bairro na Beira, onde viveu?
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De Anonimus a 21.08.2024 às 13:31

Não percebo muito bem o sentido do texto, mas já que se traz o Zeca à baila, o representante da velha e real esquerda...
É preciso lembrar que a esquerda, a vermelha, da foice, é e sempre foi imperialista, xenófoba e pouco tolerante com desvios dos costumes.
Conseguiram um, digamos em anguelês, um bom rebranding, coisa que os distanciou bem da direita conservadora
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De Jorge a 21.08.2024 às 14:49

Engraçado que os anti-colonos qud gritavam de punho erguido abaixo os portugueses e viva a Frelimo ( alguns brancos ) naquele setembro em brasa, poucos meses depois já desembarcavam na metrópole . Sem vergonha.
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De Anónimo a 22.08.2024 às 11:59

E agora chegou a minha vez de dar mais um contributo para dulcificar a minha experiência como colona, onde não hão-de faltar os pozinhos de perlim-pim-pim da lenga-lenga habitual e também não vou esquecer, claro, de deitar uma pitada de luso-tropicalismo nem, evidentemente!, a "sinistra" dose de apropriação cultural que acaba sempre por acontecer (é inevitável!), porque isto de se andar a "andarilhar" pelas Cinco Partidas do Mundo durante séculos alguma mossa há-de fazer.... (que o digam todos os povos colonizados pelos romanos! E nem nos lembrámos de lhes pedir contas! Nem os gregos escravizados por eles!)
E assim, os primeiros contos infantis que ouvi foram-me contadas pela màrrusse. Ainda sei dizer em macua (língua do Norte de Moçambique) os nomes dos animais dessas histórias que a Carolina (assim se chamava) me contava. Ainda hoje _ vá lá saber-se porquê!_ dou comigo muitas vezes a tentar "segurar" mentalmente algumas palavras, frases em macua, talvez para que não me caiam da lembrança. A Carolina veio para nossa casa paratomar conta de nós, crianças, e brincar connosco e ela pouco maior seria, vejo pelas fotos antigas. Tinha vindo da Missão onde aprendeu a ler e escrever, a contar, a falar bem o português e a saber cuidar da sua higiene, etc. Ah! E aprendeu o catecismo, claro!  À chegada, a minha Mãe destinou-lhe um quarto, mas, pouco tempo depois, apercebeu-se de que a Carolina não dormia na cama e questionou-a. Quase implorando, explicou que tinha saudades de dormir no chão em cima da sua esteira, visto que as religiosas da Missão não permitiam. A minha Mãe, que sabia desse costume, entendeu, consentiu e encerrou-se o assunto, com a Carolina aos pulos de contente.
 Mas o tempo passou e para nós, demasiado rápido, que não nos conformávamos com o facto de ela ter de nos deixar aos 13 anos para se preparar para o casamento como era a tradição. Houve lágrimas e soluços.
Veio mais tarde a Margarida e... o mesmo ciclo de Vida repetindo-se... Era tanta a afeição e a ligação à nossa màrrusse que a hora de nos separarmos dela era dramática. E assim, os meus pais puseram um ponto final a essas despedidas traumáticas. Nunca mais tivemos màrrusses e lá fomos crescendo. 
Recordo quando vinham mais tarde visitar-nos a mostrar-nos os filhos. Mas lembro-me de a minha primeira reacção ser um misto ainda de mágoa por nos ter "abandonado" e de alguns ciúmes dessas crianças que estavam ao colo e agora eram elas e não eu, a ouvir as velhas histórias.
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De Anónimo a 22.08.2024 às 12:06

(cont.) Cresci vendo quotidianamente as raparigas e mulheres africanas trajadas de capulanas garridas e lenços artisticamente colocados na cabeça, o rosto maquilhado com m'ssirro branco (cosmético artesanal para embelezar). Assisti a batuques e a outras manifestações folclóricas ou artísticas. Como toda a gente, usei roupa feita de tecido das capulanas que vinham de Java, usei as pulseiras macuas coloridas e colares de missangas. Dançávamos com uns requebros (que só os "retornados" sabiam fazer). Dizíamos chuinga, geleira, maningue, milando, chibante, sàguàte, gingar, andava-se de machibombo, pedíamos na "Casa de Chá" um milkshake  ou um parfait, etc. E os combóios eram chamados as Mquelinas porque tinham, imagine-se!, pneus Michelin (como ainda hoje,julgo, em Madagáscar).
Isto era o dia-a dia, em larga pincelada, e curiosamente poucas fotos temos, porque este era "o" quotidiano de toda a gente e parecia-nos que não tinha nada de extraordinário para nós, e por isso talvez não despertasse urgência em registar «para mais tarde recordar»  esta vida que era afinal "de passagem" e cheia de precariedade de que não tínhamos muita consciência. 
Como não tínhamos a noção de que aquele mundo podia parecer  "estranho" ou "exótico" a outros. Porque para nós este era um mundo simples e esta era a nossa normalidade de hábitos que nos pareciam vulgares na nossa vida diária. Acho que só depois de as deixarmos é que percebemos, de repente, e mais tarde que eram belas as praias e largos os horizontes. 
 .

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De Anónimo a 22.08.2024 às 13:19

(cont.) 
E quanto à segregação racial dentro dos "machibombos" de que alguém falava há dias, posso testemunhar que, pelo menos no Norte, tal coisa não acontecia _nem podia acontecer_ até porque os seus utentes eram, posso afiançá-lo, maioritariamente os africanos, pelas razões óbvias... (que vão ser motivo para desancar na supremacia dos ditos cujos de sempre). 
Recordei umas bagatelas pessoais sem interesse _de que peçoimensa desculpa_  e porque muto ficou por dizer. Mas continuando nos hábitos locais arreigados (como o do uso da esteira por ex.), não posso deixar de lembrar o facto de os Régulos preferirem mil vezes viverem na sua casa "tradicional" (a palhota de macute) no mato, __ para consultarem mais facilmente o feiticeiro local que lhes fazia os "chicuembos" (feitiços) de que precisavam __  em vez usarem  a casa de Estado a que tinham direito,  atribuída pela Administração mas que apenas era usada para terem as suas galinhas e restante "criação" ou para pôr a roupa a secar nas varandas na estação das chuvas (que era longa). Era muito interessante o papel do Régulo (literalmente significa Rei menor, Chefe, Autoridade máxima duma população): ele era o representante _ designado pela Administração portuguesa local mas cuja escolha era feita, respeitando o facto de ser reconhecido  pela população como o seu Chefe. Limitavam-se as autoridades (inteligentemente) a dar continuidade ao cargo, respeitando assim os usos, costumes e tradições locais _  pois era através do Régulo, que se  fazia a ponte com as populações autóctone e se faziam todos os contactos necessários entre a Administração portuguesa e a comunidade de uma dada região. Assim se transmitia para todas as populações as informações úteis e necessárias de vária ordem, desde o Posto Médico que ia abrir, as datas das campanhas de vacinação, assuntos burocráticos (ou não) dava-se a conhecer regulamentos, leis, visitas de alguma Alta individualidade a quem era preciso dar as boas-vindas e então sim, nessa altura a casa do Régulo era "arejada"! (Estão bem documentadas no Arquivo da RTP essas "recepções" engalanadas, muitos Vivas! animados de danças, cantares, batuques e tambores, cumprimentos e deferências e muitos etc.!)
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De Anónimo a 23.08.2024 às 08:02

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/chegada-de-kaulza-de-arriaga-em-nampula/



(O video tem cerca de 4minutos. Ao minuto 1:58 um grupo de meninas macuas estudantes nas Missões;
e aos 2:42 os cumprimentos aos Régulos). 
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De Anónimo a 23.08.2024 às 08:52

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/baltazar-rebelo-de-sousa-visita-a-ilha-de-mocambique

(Video de 5 minutos.
 Uma profusão de raças, línguas, credos e trajes. Tanto absorvemos daquela fascinante cultura do Índico onde nos embrenhámos e com quem nos misturámos. Ali está, na sua plenitude! Sem sombra de dúvida que não se sai dali "incólume" e sem a alma ter sido "tocada" por aqueles sítios onde forjámos o carácter e o temperamento.
 Também se vêem os sipaios (já não me lembrava dos sipaios!).Eram polícias  indígenas das antigas colónias que faziam o policiamento local ou rural. Tinham um uniforme muito peculiar, inspirado certamente no Oriente português ou talvez nos sipaios da Índia quando ocupada pelos ingleses).


Se se conseguir abrir, seguem-se imagens dos sipaios:


https://www.facebook.com/novaportugalidade/posts/o-bravo-sipaio1-landim-tropa-de-choque-do-ex%C3%A9rcito-africano-portugu%C3%AAsgarbosos-di/1989376561320701/?locale=pt_PT
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De Anónimo a 22.08.2024 às 15:23

(cont.) E sabe que mais, HPS, permita-me um conselho: não perca tempo com a «wokaria» (adoro este termo usado por si :) Sobre escravatura, domínio, colonização, e subjugação de povos conquistados e violências várias, desde tempos imemoriais, i.e., desde que o Homem é Homem,  mande-os ler o livro extraordinário da Irene Vallejo, "O Infinito num junco". Talvez aprendem alguma coisa sobre Nós, europeus, embora persista a minha dúvida de que tenham compreensão para tanto. Mas, pelo menos que vão directamente ao índice e procurem na II Parte do livro, o capítulo "O limiar da escravatura" , pp 272 . Aprenderão  que na Antiguidade, ninguém sabia qual seria a sua posição social ou situação económica  no dia seguinte. Vivia-se na incerteza. Dum dia para o outro, literalmente, podiam ser grandes senhores, poderosos e cheios de privilégios e donos de uma grande fortuna ao deitarem-se e ao acordarem, num ápice, serem transformados em escravos. Bastava que o país, a sua terra fossem invadidos e conquistados por um exército poderoso e invencível. Falamos de brancos escravizados por brancos, maioritariamente.
Condenável' sem dúvida!!! mas a ignorância que vai por aí deve-se à incapacidade desses ignorantes de lerem e relativizarem no tempo, os acontecimentos da História dos homem!!! 
Por outro lado, a «wokaria» também deve saber que os selvagens europeus colonialistas e exploradores, também levaram o saber e o conhecimento a povos que desconheciam a escrita e viviam ainda na tradição oral. Tal facto permitiu que esses povos "queimassem" etapas (provavelmente de vários séculos), no processo da sua evolução e do seu desenvolvimento. Paradoxalmente, é precisamente essa aprendizagem e conhecimento acumulados que lhes tem permitido utilizá-lo como  "arma" de arremesso de acusações.

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