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Dia de Portugal?

por João Távora, em 10.06.16

Bandeiras.jpg

Despachadas pela fresca as cerimónias militares do Dia de Portugal que ocorrem hoje no Terreiro do Paço, Marcelo Rebelo de Sousa, Eduardo Ferro Rodrigues e António Costa embarcam para Paris, não para irem ao futebol, mas para festejar a efeméride com os emigrantes. Se a comunidade portuguesa em França merece essa consideração, suspeito que todos os portugueses precisam de se reencontrar com uma ideia de Pátria em que se revejam com salutar orgulho, um pouco mais consistente do que a “Selecção Nacional”.

Digo isto porque me parece que, nas últimas décadas, a grande maioria dos portugueses passaram de um estágio de relativa inconsciência quanto à sua identidade para assistirem a um processo muito agressivo de desconstrução dos valores fundacionais e a um severo julgamento dos feitos históricos que sustentaram esta Nação improvável ao longo de 900 anos. Diabolizar o passado é da conveniência de um regime que se alimenta de amanhãs que cantam. Se somarmos isso aos duros tempos de aflição financeira que atravessamos, de permanente cedência de soberania à geringonça europeia que nos suporta, num ambiente de extrema conflitualidade política, receio bem que a nossa auto-estima esteja junto ao chão que nos resta.

Nesse sentido, todos as celebrações de Portugal serão poucas, desde que constituam algo mais do que mero folclore ou palavras ocas de auto-promoção dos protagonistas no jogo político. Porque urge encontrar uma fórmula de conceder aos portugueses um grato e salutar sentimento de pertença à Nação, ancestral legado e empresa de futuro, a edificar diariamente através de acções consequentes por todos e cada um de nós.

P.S. Curiosamente, será uma vez mais na clandestinidade mediática que decorre hoje, dia 10 de Junho, junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, a habitual homenagem a todos os homens e mulheres que tombaram em defesa dos valores e da perenidade da Nação Portuguesa, um acontecimento pleno de dignidade e de grande comoção patriótica em que faço questão de participar.

 

Publicado originalmente no Diário Económico

Fotografia - Nuno Albuquerque Gaspar

 

 


5 comentários

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De Comunista a 12.06.2016 às 22:29

Mas quem é que pode votar na direita depois do que andaram a fazer ao país durante 4 anos? Só quem é muito rico, tem uma grande herança, rendimentos garantidos...quem é retornado..os grandes empresários...
Pode algum pobre, algum funcionário do Estado, algum trabalhador precário votar na direita?
Conheço várias pessoas com qualificações superiores que trabalhavam há masi de 15 anos para o Estado e estão sem trabalho desde 2011 por causa das políticas da direita aliada à troika.
Será que custa assim tanto perceber? Acham que pessoas nestas condições podem ir votar em quem lhes levou os rendimentos e a dignidade de trabalhar?

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