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Nunca gostei muito do dito popular que usei neste post, mas reconheço-lhe utilidade, sobretudo se se lhe atribuir um significado mais próximo da defesa da persistência que da prudência.
Em 2019, a Montis lançou uma campanha de crowdfunding "Como coisa que nos é cedida" (um verso da "carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya", de Jorge de Sena), com base na qual comprou onze hectares na Pampilhosa da Serra, distribuídos por várias propriedades.
A escolha de terrenos para compra, na Montis, era (penso que é, mas não faço parte da direcção agora) puramente oportunista, comprava-se o que estava disponível a preço baixo, independentemente do interesse para conservação, visto que o objectivo da Montis é exactamente gerir para aumentar esse interesse.
Nessa compra, a Montis ficou dona de uns cinco hectares de eucaliptos sem interesse para conservação nem para produção, uma situação muito frequente no país, em que os povoamentos florestais não dão palha nem dão espiga, para usar mais uma expressão popular (desta gosto).
Mais tarde, a Montis fez uma nova subscrição pública (o nome antigo de crowdfunding), "Do eucaliptal até à mata" que pretendia angariar recursos para a gestão dos eucaliptais, nomeadamente para o seu corte e futura erradicação (cortando vai rebentar de toiça e vai ser preciso gerir essa regeneração até à morte da raiz dos eucaliptos).
Desde o princípio que se foi avaliando as possibilidades do corte (o negócio da produção de eucalipto é tão bom que havia propostas para que nós pagássemos o corte e remoção da madeira, é verdade que em parte isso resultava de ser rebentação relativamente recente sem selecção de varas, portanto, sucata florestal), procurando a Montis assegurar a gestão mais sensata dos recursos dos sócios e doadores.
Finalmente, hoje, entre dois e três anos depois da segunda campanha de angariação de recursos (entretanto foi-se gerindo as propriedades, bem entendido, na lógica dos pequenos passos que a Montis usa), e mais um desde a compra das propriedades, começou o corte dos eucaliptos por um madeireiro que pagou qualquer coisa pela madeira que irá retirar.
Vai começar o mais difícil para a Montis: não usando glifosato no controlo da rebentação dos eucaliptos, eliminar essa rebentação, provavelmente partindo-a (um método que exige bastante mão-de-obra, mas permite a utilização de voluntários que se queiram envolver nesta gestão e ver um eucaliptal sem interesse ganhar vida e diversidade).
Veremos como corre, mas espero que daqui a vinte anos aquilo esteja lindo.
E, para quem achar que vinte anos é muito tempo, convém lembrar que o tempo dos processos naturais é o que é, diminuir esse tempo exige recursos e sabedoria.
Na medida em que soubermos e que conseguirmos captar recursos, demorará menos tempo, na medida em que nos enganarmos e não conseguirmos captar recursos, demora mais tempo.
O que é essencial, e isso é mesmo o que interessa, é ir andando sempre no mesmo sentido, ao mesmo tempo que se vai aprendendo com cada novo resultado e se vai conseguindo ir renovando as pessoas que se interessam pelo assunto, porque isto não vai lá com base em pessoas providenciais e conversa sobre soluções ideais para problemas concretos.
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