De comunista a 21.11.2015 às 00:11
Discurso reaccionário, tal como os comentários - o que têm contra a lei? Portugal é hoje um país mais moderno, mais aberto, mais tolerante. Não há crianças que têm pai e mãe e é uma desgraça? A questão não é o sexo dos pais mas a sua capacidade de amar e educar a criança, porquê tanto preconceito?
São fãs da Isilda Pegado ou do Anacoreta Correia?
De facto a direita é ultra-liberal na economia e ultra-conservadora nos costumes.
Não querem também proibir a mini-saia ou o decote da Heloísa Apolónia?
De anonimo a 21.11.2015 às 19:07
A mini-saia e o decote da Heloísa, e o sorriso. Mas apenas por razões estéticas, camarada.
De campus a 22.11.2015 às 16:00
Comunista, claro que é esta Europa que queres. Uma Europa doente, sem filhos e com muitos abortos, de preferencia pagos com o nosso dinheiro. É só esperar que venham os islâmicos , esses não fazem abortos e vem ocupar o vazio . Enfim quando a Europa cair, a vossa esperança, ateus e comunistas é que consigam reabilitar a ideologia do lenine e do stalin. Enganam-se os islamicos não vos vão dar qualquer chanse.
De LL a 21.11.2015 às 06:50
Maria ,
Sou pai de três filhas (a mais velha chama-se Maria, por sinal), heterossexual e grande admirador do que escreve, sobretudo em matéria económica (que me interessa particularmente aprender). E mais uma vez admiro a forma ponderada como exprime a sua opinião.
Mas neste caso tenho de apelar ao conhecimento científico (classicamente definido como "crença verdadeira justificada"). Ciente que estou que normalmente há estudos para "todos os gostos", é esmagadora a opinião da classe científica não panfletária no sentido de que não há desvantagens comparativas para a criança na adoção por casais homossexuais e que tal direito deve ser conferido no sentido de conferir proteção aos direitos da criança. "Linko", entre incontáveis estudos e opiniões de especialistas:
Mário Cordeiro: https://www.youtube.com/watch?v=7x0xe4OIbq8#t=261
http://www.apa.org/about/policy/parenting.aspx
https://www.aap.org/en-us/about-the-aap/aap-press-room/pages/American-Academy-of-Pediatrics-Supports-Same-Gender-Civil-Marriage.aspx
http://www.dn.pt/portugal/interior/psicologos-aprovam-coadocao-por-casais-homossexuais-3307942.html
Percebo (e respeito) que outras razões (convicções pessoais, religiosas, etc.) possam conduzir à defesa de outra posição, mas só por aí. Para o conhecimento científico atual não há grande polémica quanto ao melhor caminho a seguir no interesse da criança.
Cumprimentos cordiais
De ty a 21.11.2015 às 16:15
Os estudos existentes num sentido ou noutro serão, no mínimo provisórios, atenta a a janela temporaral ser exígua. Adiante.
A co-adopção de crianças por pares do mesmo sexo subverte todo o sistema juridico, já que a adopção é, segundo a lei, que é "o vínculo que, à semelhança da filiação natural (...)". E não há filiação natural de pares homossexuais.
Trata-se de um construtivismo social que impõe uma total ficção jurídica. O ficcionismo jurídico é antigo, começa no direito romano e com a adopção - que não tinha qualquer intuito benemérito, mas, confessadamente, o de assegurar posteridade a quem não a tinha (ou não estava satisfeito com a sua) e, de um modo ou de outro, perpetuar-se, através na sua descendência, natural ou ficcionada: foi o instituto da adopção.
O ficcionismo jurídico (que algumas almas - certamente reaccionárias - lembram que surgiu com a decadência de Roma), passado pouco tempo, atingiu novos cumes com a elevação à divindade, por decreto, para assegurar a vida eterna.
Será, certamente, este assunto da eternidade, uma questão para a próxima legislatura. Afinal, não está mais longe da realidade a criação de divindades eternas, do que constar num documento oficial que António ou Maria são filhos de 2 homens ou de 2 mulheres.
De LL a 21.11.2015 às 17:32
Boa tarde, ty,
Na minha opinião o seu argumento assenta num outro constructo jurídico romano: a "petitio principii". O sistema jurídico serve a sociedade e não o contrário. Nesse sentido, o direito é, de facto, maioritariamente uma ficção e é irrelevante para a discussão a definição atual de adoção, pois esta pode ser alterada (não creio que derive de algum direito natural, como aliás o admite implicitamente).
Como referi, respeito profundamente que convicções pessoais, religiosas ou outras possam levar a sustentar uma posição diferente num tema tão polémico, mas "convicções jurídicas" (e também sou jurista) não me parecem particularmente atendíveis.
Quanto aos estudos, têm o tempo possível (e obviamente seria mais validantes se tivessem mais), mas já existem incontáveis maiores de idade educados segundo esse padrão, pelo que os dados me parecem suficientes para passarem o teste do conhecimento científico, seja este definido pelo "teste falsificacionista" popperiano, seja definido positivamente enquanto crença verdadeira justificada.
Cumprimentos cordiais
De Anónimo a 21.11.2015 às 15:35
Tenho pena que a Maria, pessoa que parece inteligente, se engane completamente de campo nesta guerra por uma sociedade mais justa e feliz. Não lhe dou muito tempo para que a Maria mude de campo e de opinião. Não lhe dou muito tempo para que a Maria se cruze com crianças ou jovens adotados, criados e educados por casais do mesmo sexo e se dê conta que essas crianças/jovens são tão felizes como qualquer outra criança/jovem. Não lhe dou muito tempo para que a Maria lamente ter contribuído para uma certa forma de discriminação. Não lhe dou muito tempo para que a Maria peça desculpa a essas crianças/jovens por ter contribuído para fazê-las sentir inferiores e diferentes.
Mas entretanto, passou todo este tempo a lutar contra algo que era inevitável, passou horas "infelizes" a lutar contra uma lei que ninguém, nem nada, vai parar. Que perda de tempo, Maria!
Não sou eu que as vou fazer infelizes, pois não sou eu que as estou a descriminar, pelo contrário, quis evitar que em cima de uma descriminação inevitável venha outra, mesmo que não seja essa a intenção.
«Mas entretanto, passou todo este tempo a lutar contra algo que era inevitável, passou horas "infelizes" a lutar contra uma lei que ninguém, nem nada, vai parar. Que perda de tempo, Maria»
Durante este tempo em que contribui modestamente para que esta lei não fosse aprovada antes, houve crianças que foram adoptadas por um pai e uma mãe. Acha que foi perda de tempo? Não me parece.
:)
De Anónimo a 21.11.2015 às 17:11
Maria, se tiver filhos, sobrinhos ou outras crianças nas suas relações, faça como eu, diga-lhes que essas crianças, abandonadas por diferentes razões - abandonadas por casais heterossexuais -, acabaram por ser adotadas por duas pessoas do mesmo sexo que as vão amar como qualquer qualquer outro casal. Diga-lhes que essas crianças não são em nada diferentes das outras crianças e que tudo o que elas querem é ser amadas, respeitadas, ter amigos e brincar com eles. Se assim a agir, os seus filhos não vão discriminar nem achar estranho que outras crianças vivam com dois pais ou duas mães. Se pelo contrário, lhes mostrar que é errado ser adotado por duas pessoas do mesmo sexo, os seus filhos vão olhar para essas crianças como se fossem diferentes. As crianças tendem a reproduzir o que os adultos dizem e fazem. Vão magoar as outras crianças e fazê-las sentir diferentes. É nisto que eu digo que a Maria contribui para a discriminacão.
Maria, tente desligar um pouco, sociedade, evolução e biologia. Somos seres inteligentes que vamos muito para além da biologia. E ainda bem!
Acredito nas suas boas intenções, mas infelizmente as discriminações não passam pela vontade, nem pelo decretar que são iguais. Uma pessoa que tem duas mães sente-se sempre diferente das que têm pai e mãe e que são a regra e maioria. O que nos resta: desejar que a maioria seja filhos adoptados por pessoas do mesmo sexo? Não quer isso com certeza. A diferença está lá muito para além da boa vontade. Acho que as pessoas que nunca passaram pela situação da discriminação (muitas vezes involuntária) não sabem verdadeiramente o que isso é. Não sabem o que é ser preterido, não sabem o que é os outros que gostamos e que são bem intencionados sentirem-se muito mais seguros com pessoas com vidas normais e comuns e famílias normais e isso interferir nas suas escolhas de vida. Não sabem o que é isso é. As discriminações são tão subtis e não nascem da vontade. Se essa criança, um dia adulto, se apaixonar por outra e essa preferir outra com um pai e uma mãe, o que pode você fazer? Nada. Não se pode acusar as pessoas pelas escolhas que fazem. Nem por sentirem amor pelo que conhecem. As pessoas pensam que ser diferente se resolve com amor e palhaços. Mas não é verdade. Infelizmente não é assim.Isto é uma dupla discriminação para as crianças. Mas enfim, nada a fazer, como diria o Beckett .
De Anónimo a 21.11.2015 às 20:48
Maria, não vale a pena continuarmos com esta discussão, estamos em "campos" opostos e certamente nada do que eu possa dizer agora fará mudar a sua opinião. A única coisa que eu lhe posso dizer é que a Maria irá mudar de opinião. Não sei se daqui a 1 mês, daqui a um ano ou daqui a 10 anos, mas a Maria vai mudar de opinião. E vai lamentar a sua "feroz" oposição a esta lei.
De João. a 21.11.2015 às 17:12
Do que se trata é que o que as crianças de casais homossexuais poderão sofrer especificamente por tal se deve em grande parte à pressão que vão sofrer da sociedade. Pressão essa que não cai do céu mas muito mais se gera nas conversas e educação nesta matéria que se dá aos filhos.
Acho muito hipócrita que muitos dos que são contra esta lei por causa da defesa da criança são os que não hesitam em classificar cruelmente este novo tipo de núcleo familiar.
De Anónimo a 21.11.2015 às 17:17
"Não sou eu que as vou fazer infelizes, pois não sou eu que as estou a descriminar"e"Durante este tempo em que contribui modestamente para que esta lei não fosse aprovada antes, houve crianças que foram adoptadas por um pai e uma mãe. Acha que foi perda de tempo?"
=
(p & ~p)
*queria escrever discriminar
Eu acho que tem a ver muito com o carácter das pessoas que adoptam. Mas há factores formativos da criança que a adopção nunca substituirá. Eu fui criado sem mãe mas com amor do meu pai. E quer queiram quer não nunca consegui transmitir a uma mulher aquilo que não recebi de outra mulher. Nunca namorei nem nunca tive uma amiga.
Paixões que desapareciam com a mesma rapidez que apareciam .É uma das minhas maiores frustações.
Mas admito que não haja melhor solução do que a adopção. Mas não digam que substitui um pai e uma mãe porque não é verdade
De Anónimo a 22.11.2015 às 14:44
Luís, o seu caso é tão particular, que nem sequer sei que utilidade tem. Há muita gente que cresceu sem mãe e que tem uma relação normal com o sexo oposto. Assim como há homens que tiveram mãe e que vieram, já crescidos, a maltratar mulheres. O que interessa é a educação que dá o pai e a mãe, ou só o pai, ou só a mãe.
*queria escrever discriminar
De Anónimo a 22.11.2015 às 13:13
Maria, não entendi. Essas crianças que foram adoptadas por um pai ou uma mãe, iam sê-lo de qualquer maneira, isso não dependeu em nada da sua luta contra a lei, mas sim da vontade desses pais.
Mas se a lei já estivesse aprovada poderiam ter sido adoptadas por dois pais ou duas mães. Sabe na adopção a procura é maior que a oferta.
Durante o tempo que a lei não foi aprovada, crianças foram adoptadas por casais, se a lei já estivesse aprovada podiam teriam sido adoptadas por dois pais ou duas mães.
De Anónimo a 22.11.2015 às 14:53
Maria, eu acho que nem sequer conhece a lei que diz combater. A lei em vigor já permite que qualquer pessoa, a nível individual, adopte, sem precisar de dizer se é homossexual ou heterossexual. Já há muitos casais homossexuais com crianças adoptadas.
Eu sei disso. Mas as crianças são sempre preferencialmente atribuídas a casais. Obedece a certos requisitos de idade, de estado civil, etc
De Anónimo a 23.11.2015 às 09:31
Maria, eu a minha mulher adoptámos uma criança, eu conheço bem o processo e os métodos de seleção. Acontece que muitas crianças não podem esperar que apareça um casal, para além de que é frequente que uma pessoa só tenha mais condições de criar uma criança do que um casal. Há muitos factores. Cada caso é um caso. Se está preocupada com o facto de homossexuais adoptarem uma criança, a única coisa que tem a fazer é procurar saber como estão as crianças que foram adoptadas nessas circunstãncias. São maltratadas? Não têm uma educação adequada? De momento, a única coisa que a Maria está a fazer é lançar suspeitas. Tenho a certeza de que não gostaria que alguém viesse aqui dizer que a Maria não tem condições de criar uma criança, sem sequer a conhecer de lado nenhum.
A adopção não é para mim uma questão de tratar bem crianças abandonadas. É imuito mais que isso. É todo um ser que "renasce" com a adopção e se forma para ser um adulto. Isso é que é preciso ver quando se põe um bebe ou uma criança a ter dois pais ou duas mães. O bom tratamento é óptimo, mas ser filho é muito mais do que isso.
De Anónimo a 23.11.2015 às 13:57
Maria, não tem de me ensinar o que é a adopção. Quem a pode ensinar sobre isso, sou eu, a não ser que a Maria já tenha passado por isso. Mantenho que não pode julgar os outros, sem os conhecer e sem conhecer as condições em que educam os seus filhos, sejam eles hetero ou homossexuais. Pela mesma exata razão pela qual a Maria também não quereria que a julgassem como mãe, sem saber nada de si, da sua familia ou da forma como cria e educa.
Se está mesmo interessada (duvido que esteja) tente contactar homossexuais que têm filhos adoptados e converse com eles e com os filhos.