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Deus nos acuda

por João Távora, em 22.11.24

BatalhaOurique.jpg

Preocupa-me o progressivo desaparecimento das referências cristãs no Natal pelas nossas paragens. Afonso Costa, cúmplice no assassinato do rei, exulta na sua campa, ou suspeito que não, porque não é possível alegria a quem arde no fogo eterno da Geena. Mas a minha preocupação não é tanto a questão da envangelização, mas a da viabilidade a longo prazo deste condomínio em que se vai transformando Portugal. Uma nação, requer uma alma, sabiam?

A pouco mais de um mês da grande festa do nascimento de Jesus Cristo, inspiração fundacional da nossa Pátria e do nosso continente, o que se vislumbra no espaço publico aqui e no resto da Europa, na comunicação social, nas montras e nas nossas ruas, é o império de uma simbologia pagã, o simples, mas irresistível apelo ao consumo e ao prazer niilista. A ausência da iconografia cristã no espaço público salta-nos aos olhos, grita-nos aos ouvidos. Daqui a pouco tempo ninguém reparará.

A diluição, a fraqueza da simbologia e referências que deveriam ser o denominador comum de um povo constitui um factor de decadência. Defendem os materialistas que a lei é o que basta para garantir esse chão comum, mas eu duvido. O que nos garante os mínimos de urbanidade, o cimento que liga as vizinhanças, as freguesias, as cidades, constituídas á volta de uma língua e de uma história? O que estamos a fazer á nossa língua e à nossa História? E o problema não são os imigrantes, somos nós próprios, que, entretidos nos pequenos interesses imediatos desistimos de um sonho comum. Os imigrantes, perante o vazio que encontram no lugar dos nossos símbolos, cuidarão de o povoar com as suas narrativas inspiradoras, na luta por uma vida com sentido.

Talvez eu esteja enganado, mas suspeito que o iluminismo racionalista concebeu a mecânica para uma monstruosidade inviável a médio prazo. Prescindimos da espiritualidade que sustenta a empatia e confiança entre os vizinhos. Encerrados em quartos, isolados e desconfiados, o condomínio não inspira ninguém a enfrentar ameaças ou aceitar riscos. Isolados e estéreis, satisfazemo-nos com o Marcelo e a Selecção, para levantarmos o sobrolho no intervalo do entretenimento.

Na imagem: "O Milagre de Ourique" por Domingos Sequeira (1793)


15 comentários

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De cela.e.sela a 22.11.2024 às 14:37

não sou crente, mas tem razão.


recordo  'Noite Feliz'
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De Pedro Oliveira a 22.11.2024 às 14:40

Esta notícia é de 2009:
https://www.publico.pt/2009/12/08/jornal/ja-ha-20-mil-estandartes-do-menino-jesus-a-janela-para-contrariar-moda-do-pai-natal-18372341
Continua actual, normalmente, o presépio e a colocação do estandarte só ocorre em Dezembro, hoje é dia 22 de Novembro.
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De Daniel Ferreira a 22.11.2024 às 16:13

Vi hoje um destes estandartes numa rua entre a Praça de Espanha e a Mesquita, nem de propósito.
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De cela.e.sela a 22.11.2024 às 15:17

 Los Guardianes de La Libertad. NOAM CHOMSKY
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De Albino Manuel a 22.11.2024 às 15:32

Há um grande denominador comum: comprar, comer, beber e um bocadinho mais.


Difícil mesmo é uma reunião familiar: o Zé que leva a Maria, sua actual mulher, a terceira, mais os dois filhos dos casamentos anteriores, a mana Roberta, que vai com o seu actual companheiro e leva com ela a filha do casal e os pimpolhos das anteriores relações dele, mais o mano Pedro, que leva o actual namorado; no ano anterior foi outro.


Com uma troupe destas o melhor mesmo é não fazer festa. Pelo menos evitam as dietas de Janeiro e os sustos no cartão de crédito.
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De Anónimo a 22.11.2024 às 15:51


Quereria o João Távora que as autarquias decorassem as cidades com presépios e imagens do menino Jesus?
Mas o Estado, em Portugal, é laico! As autarquias não podem fazer tal coisa.
Os particulares podem. O João Távora pode, por exemplo, montar um presépio no seu jardim (se o tiver) à vista de todos. Qualquer pessoa pode, livremente, exprimir publicamente a sua religiosidade.
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De M.Sousa a 22.11.2024 às 19:35

E então? Mesmo depois do 25 A, e durante muitos anos, as autarquias, das mais variadas cores,  fizeram precisamente isso. E o Estado não deixou de ser laico. 
Só lhe faltam mesmo as penas ...
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De The Mole a 22.11.2024 às 16:05


"Talvez eu esteja enganado"... infelizmente não está; tem toda a razão.


Sem (pelo menos) Língua, Cultura/História e Religião comum não há nação ou povo que resista...
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De Silva a 22.11.2024 às 16:25

Obviamente o problema é muito maior do que o progressivo desaparecimento das referências cristãs no Natal nas nossas paragens.
Este fenómeno estendeu-se a todo o Ocidente e a todo o ano.
Quando se vota no comunismo/socialismo/esquerdismo as consequências mais cedo ou mais tarde irão aparecer.


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De lucklucky a 22.11.2024 às 16:26

O ataque neo-Marxista continua, quanto tempo até cá chegar? Começará na Gulbenkien? será a Torre do Tombo quando PNS, a Alexandra e a Mortágua estiverem no Governo? o que se passa nas bibliotecas municipais?


Nottingham University has assigned Geoffrey Chaucer’s “The Canterbury Tales” a content notice for its “expressions of Christian faith.”
(...)
Citing Nottingham University’s statement on the new warnings, Thorne told The Fix, “Even those students who are practicing Christians will find aspects of the late-medieval worldview they will encounter in Chaucer and others alienating and strange.”


https://www.thecollegefix.com/scholars-blast-nottingham-u-for-content-warning-on-the-canterbury-tales-due-to-christian-themes/
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De Anónimo a 22.11.2024 às 20:21

"a da viabilidade a longo prazo deste condomínio em que se vai transformando Portugal".

Essa questão teve uma resposta no dia 12 de Junho de 1985, ao lado de Belém...
Não está satisfeito com o que nasceu daí?
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De passante a 22.11.2024 às 22:26

> Talvez eu esteja enganado, mas suspeito que o iluminismo racionalista concebeu a mecânica para uma monstruosidade inviável


Está só enganado na parte do inviável. "El sueño de la razon produce monstruos", e a monstruosidade é viável para os nossos donos.


O "Imagine" do John Lennon é o hino, uma massa amorfa de escravos dóceis sem nada que os sustente moralmente. Bestial.

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