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Despedimentos: um bem social

por Jose Miguel Roque Martins, em 15.11.22

Nada é mais impopular do que  despedimentos. Não devia ser assim: os despedimentos são um imperativo do bem social.

Hoje, na rádio observador, lá fui agredido por um jornalista, que lembrou a perversidade dos multimilionários das novas tecnologias de informação (Musk, Zuckerberg e Bezzos ) que, confrontados com a queda de resultados, desataram a despedir dezenas de milhar de trabalhadores, com a agravante que ao mesmo tempo, um deles prometeu doar uma quantidade milionária da sua fortuna a instituições de benemerência e culturais.

Não se pode negar que para o despedido, a situação é no mínimo desagradável, podendo atingir o dramático: não há nada pior do que o desemprego. Mas um trabalhador que deixou de contribuir positivamente para a sua empresa, já está, no mínimo, em subemprego, no máximo passou a ser um desempregado que continua a receber o seu salário, mas não contribui na plenitude das suas capacidades para a criação de riqueza da sociedade.

A solução preconizada pelo comentador, a manutenção do posto de trabalho à espera de melhores anos, em termos sociais representa um enorme desperdício, pelo menos em economias livres, como nos EUA.

Dos milhares de trabalhadores despedidos nos episódios descritos, dentro de pouco tempo, a grande maioria estará a fazer outra coisa, acrescentando valor real àsociedade, contribuindo para a sua prosperidade, ao invés de receber um subsidio de emprego da sua empresa, contribuindo pouco ou nada para a criação de riqueza de todos. Não despedir, não é só receber um subsidio de desemprego por parte das empresas (um erro) em vez de receber um subsidio por parte do Estado: é manter, até melhores dias, o estatuto dos redundantes enquanto contribuinte não efectivos para o bem comum, uma condenação ao desemprego perene, mascarado pela ilusão de uma contribuição que não existe ou é muito menos real do que colectivamente assumida. 

Despedir, é pois, um ato de racionalidade que protege os interesses legítimos da empresa, dos seus accionistas mas também um incentivo à prosperidade geral de uma sociedade, que permita mitigar o sofrimento dos excluídos de forma generosa. Despedir pode ser um enorme inconveniente para os visados, mas é um bem social de inegável valor. 

Porque somos quase todos empregados por conta de outrem, é natural que a realidade não pareça aceitável, porque poderemos ser nós a ficar redundantes. É uma opção mas,  enquanto assim for, enquanto quisermos emprego e não trabalho, não poderemos ser um país rico, em que muitos estejam muito bem e os mais desfavorecidos possam estar menos mal. 


9 comentários

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De Vagueando a 15.11.2022 às 16:56

Admitindo que o que refere é 100% verdade, nãp posso deixar de acrescentar ois pontos;
1-É sabido que muitas empresas (não digo todas) também é um desperdício para a sociedade não remunerar de forma justa quem acresecenta valor à empresa, às vezes bem mais do que recebe.
2-Sou plenamente a favor da iniciativa privada, desde que a mesma se vire sózinha, ou seja, invista o seu dinhero, pague os seus impostos, remunere os seus empregados e, quando está em crise que aceite o seu fim, da mesma forma que o que defende que elas próprios despeçam empregados quando o negócio não rende.
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De Luis a 15.11.2022 às 18:11

Sobre o ponto 1, se viver num mercado realmente livre sem a mãozinha constante do estado (algo que não temos neste país verdadeiramente) a verdade é que quem pratica piores salários acaba por perder os melhores quadros para a concorrência e inevitavelmente por perder competitividade e eventualmente até chegar à falência, ou seja, num mercado aberto e com concorrência a sério a política de baixos salários acaba por ser um desastre para quem a pratica (aliás esse é o motivo porque muitos dos nossos jovens vão para fora), portanto nenhum verdadeiro empresário adopta uma política dessas (você vê isso por cá mas boa parte dos empresários portugueses não percebe nada de economia). 
Sobre o ponto 2 disse tudo aquilo que o atual governo não quer que aconteça, que é o desaparecimento de empresas não rentáveis. Isso pode ser facilmente verificado pelo caso TAP e Efacec em que o governo foi a correr meter dinheiro para segurar as pontas a ambas. No final perderemos não só o dinheiro que lá torramos mas ainda manteremos o incentivo errado de dar ajudas a quem não sabe ser competitivo e que acaba assim por funcionar como uma espécie de eucalipto que seca todas as hipóteses de outras empresas mais competitivas e melhor geridas as substituírem. Enfim socialismo do mais rasco que pode haver. 
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De Vagueando a 15.11.2022 às 18:38

Não há nenhum país onde as empresas vivam num mercado totalmente livre. O Estado deve apostar em empresas mas também deve ser remunerado por elas em caso de sucesso. Não vou pela sua definição de socialismo rasco porque fora do socialismo tal como nele, existem exemplos de sucessos empreserais apoiados pelo Estado. 
O governo Sul Coreano reconheceu um potencial na tecnologia HD e foi o governo que apoiou empresas e universidades através de um consórcio R&D Association of Korea que se tornou num caso de sucesso, nomeadamente atrvés da Samsung.
Nos EUA o estado apoiou a Solyndra e a Tesla em 2009. 4 anos depois a Solyndra (empresa de painéis  solares) faliu o Estado perdeu o dinheiro. Quanto à Tesla o estado americano não recebeu qualquer beneficio so seu sucesso. 
Isto são exemplos de como o Esatado não pode ser visto como um empresa pura e dura, razão pela qual o seu texto funciona muito bem na teoria mas a prática não confirma toda a regra. 
Aliás viu-se na pandemia se o Estado não tivesse apoiada as empresa o impacto teria sido muito pior. Isto já para não falar do sistema financeiro que cresceu para alimentar a ganância e depois, com a desculpa de ser demasiodo grande para falir, obrigou o Estado a injetar dinheiro. Ainda a hoje a FTX broker da moeda moda, bitcoiun, faliu. E isto é negócio de uma moeda tque se gaba de estar fora do sistema finaceiro e do seu controlo, mas que, curiosamente, não se importa de ser trocada por USD.

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