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Democracia, alternância e bloqueio

por João Távora, em 02.09.22

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Lê-se por aí que a UNITA, convencida de que a declaração da vitória do MPLA constitui uma fraude, pediu ao Tribunal Constitucional a anulação das eleições gerais de 24 de Agosto. Pelos relatos que nos chegam, não custa a acreditar que a razão esteja do seu lado. Mas não sejamos ingénuos: há quase cinquenta anos no poder, o MPLA confunde-se com o Estado angolano, em todos os seus níveis e orgânica. Num país em que o desemprego e a escassez grassam em números avassaladores e a fome é um ameaça real, ninguém acreditaria que o partido do governo e a sua nomenclatura entregasse o poder de mão beijada aos seus adversários sem estrebuchar, quem sabe com derramamento de sangue, que as histórias de barbaridades cometidas não há muito tempo nesse país a pretexto da guerra civil são arrepiantes. Acredito, no entanto, que estejam a ser dados passos, que sendo curtos, vão no caminho da democratização do regime e (principalmente) da sociedade angolana, sem qualquer experiência na transição do poder, sem que seja pela força.

Este caso leva-me a reflectir sobre a situação política em Portugal no último quarto de século, onde o Partido Socialista alcançou uma extraordinária hegemonia no poder e seus meandros. Também por cá o Estado - os seus organismos, próprios ou dele dependentes - tende a confundir-se com o Partido Socialista e seus aliados conjunturais. Nada disto me leva a crer que haja riscos de que uma  hipotética transferência de poder em Portugal degenere algum dia em violência - as nossas instituições estão desgastadas mas suficientemente sólidas. No entanto desconfio que essa previsível alternância venha a acontecer, debaixo duma ruidosa tensão política, e que rapidamente degenere num gritante empastelamento e inoperacionalidade das estruturas e organismos do Estado, cujos ocupantes acomodados tudo farão para manter o status quo e rejeitar uma nova ordem. Veja-se a título de exemplo o que se passa com a caótica gestão da apanha do lixo em Lisboa, agora com um executivo adverso aos donos disto tudo.

Não nos esqueçamos que a verdadeira democracia implica não só alternância de protagonistas, mas de políticas, que o caminho da pobreza não é a única solução, apesar disso estar inscrito no preâmbulo da Constituição da república.  


7 comentários

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De Sérgio Alves a 02.09.2022 às 20:58

Esse paternalismo bafiento em relação aos outros povos já enjoa.
Trate da sua casa, limpe a porcaria que se instalou desde 1974 na sua democracia. Portugal, um país corrupto e miserável de pobreza que anda a pedir esmola por energia a dar ares de analista africano.
Tenha paciência, colecione tapas de pirolito.
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De João Brandão a 04.09.2022 às 19:00

Muitíssimo bem observado!
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De entulho a 03.09.2022 às 10:28

socialismo
Le Monde

En Ukraine occupée, l’archipel des « camps de filtration » de Moscou

Une vingtaine de camps fonctionnent depuis avril dans les territoires envahis par l’armée russe. Plusieurs millions d’Ukrainiens ont traversé ces lieux où interrogatoires, détention et torture sont de mise pour déterminer leur degré de loyauté.


Par Faustine Vincent (https://www.lemonde.fr/signataires/faustine-vincent/) et Emmanuel Grynszpan (https://www.lemonde.fr/signataires/emmanuel-grynszpan/)

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De lucklucky a 03.09.2022 às 18:00

"Nada disto me leva a crer que haja riscos de que uma  hipotética transferência de poder em Portugal degenere algum dia em violência "


Falso. 
Nunca um governo de direita pode governar à direita em Portugal (e na Europa Ocidental). Os viabilizadores de violência política =  os jornalistas estariam aí a aprovar como fizeram quando foi com o G.Floyd  ou muitas outras (ambientalistas, anti-globalização de esquerda). Aliás aposto que se estes casos de mortes de grávidas tivessem sido num governo da falsa direita PSD nem digo da direita já teríamos largos protestos. Já para não falar da centena de mortos nos incêndios há uns anos.


É preciso perceber como a violência de esquerda viabilizada politicamente pelos jornalistas tem condicionado a política e liberdade no Ocidente.
Isto não se resume a Portugal. 
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De s o s a 03.09.2022 às 22:41

dizer post ridiculo seria dizer o obvio. 


(seria interessante, nessa da treta d mudança de politicos e de politicas, ver se a politica que deu os livros escolares gratis, a outra politica os retirou ou vai retirar. Aqui apetece-me deixar uma bomba (palavrao ).


Mas o que realmente denuncia o autor é a treta maior quando diz
 os aliados conjunturais. 
ó Senhor sujeito, acaso ignora quantas leis o PS aprovou com os aliados conjunturais e com o PSD (contra os tais aliados conjunturais )  ?
PORRA
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De Anónimo a 04.09.2022 às 11:24


Seria melhor que os bloggers e outros que escrevem criticando "tudo e todos", olhassem também para eles.


Por exemplo vemos que escrevem para os outros lerem e comentarem, mas eles não fazem isso. Eles são superiores aos outros e só os seus assuntos lhes interessam.
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De pitosga a 05.09.2022 às 12:19


Temos tanto a ver com Angola como ela tem que ver connosco.
Juízo

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