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Esta frase é muito interessante porque atribui a um programa muito recente de colaboração contratual entre diferentes organismos do Estado a diminuição de ignições que realmente se verifica há muitos anos (Portugal diminuiu o número de ignições em praticamente um terço, nos últimos anos).
Essa vigilância é paga, uma espécie de pescadinha de rabo na boca em que o Estado impõe aos contribuintes um tributo para um fim de interesse comum, fá-lo entrar numa caixinha de surpresas retóricas e, no fim, entrega o tributo às forças armadas sugerindo que as forças armadas têm uma nova missão, paga pelo seu orçamento, quando na verdade estão a prestar um serviço cobrado a outras entidades do Estado.
Até aqui, nada de novo, faz parte da demagogia normal na gestão pública e em democracias maduras seria fortemente escrutinada, embora em Portugal seja comprada pelo seu valor facial.
O problema está no que vem depois:
"Capoulas Santos salientou o contributo do programa, que coloca patrulhas no terreno e disponibiliza um meio aéreo não tripulado, para a redução do número de ignições nas áreas protegidas e para uma atuação “no primeiro momento, impedindo que o incêndio atinja proporções que depois é mais difícil controlar” e tornando mais eficaz o sistema de combate."
E é um problema porque é uma doutrina largamente consensual, da esquerda à direita, e tem largo curso nas redacções dos jornais, apesar das pessoas que estudam o assunto a acharem profundamente errada e contra-producente o que, na generalidade dos países com grandes problemas de fogo semelhantes aos nosso, tem provocado o seu abandono e a substituição por doutrinas que pretendem integrar o fogo na gestão da paisagem, em vez de o excluir.
Portugal continua alegremente convencido de que a gestão do fogo se faz chegando o mais rapidamente aos fogos para apagar os fogos nascentes, centrado no facto de isso resultar em 98% das ignições, e esquecendo-se que são os restantes 2% que são responsáveis por 90% da área ardida e pelas maiores perdas humanas, de infraestrutura e económicas.
Esta doutrina não está só errada, apesar de largamente popular, nomeadamente entre o dispositivo de combate ao fogo, esta doutrina está na base das tragédias cíclicas e, por isso, é verdadeitamente uma doutrina que mata gente.
Aparentemente, isso não comove muita gente.
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