Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
"A tensão levou a que Frederico Pinheiro tentasse sair do edifício, mas as saídas foram fechadas. “Arremessou a sua bicicleta contra os vidros da fachada” numa tentativa de fuga, contam o Expresso. As assessoras, adjuntas e chefe de gabinete envolvidas (João Galamba não estava no edifício) procuraram refugiar-se na casa de banho e ligaram para o 112, chamando a polícia. Paula Lagarto e Rita Penela, assessoras de comunicação, a chefe de gabinete Eugénia Correia e ainda de Cátia Rosas, adjunta, foram, ao que sabe o Expresso, ao hospital nessa mesma noite, depois do episódio, e apresentaram queixa à polícia. Também Frederico Pinheiro contactou a PSP para o tirar do edifício onde tinha ficado retido - o que acabou por acontecer. (...)"".
Cito o post anterior do Corta-fitas, de João Távora, que está a citar os jornais.
Caro Santos Silva, quer retomar o assunto da degradação institucional?
Não, não estou a falar de uma pessoa que irritada e sequestrada resolve atirar a sua bicicleta contra um vidro, isso é da natureza humana, pode acontecer a qualquer um (é verdade que mais a uns que a outros) num momento de descontrolo emocional.
Estou a falar da longa história que se conduz a bicicleta contra o vidro.
A renacionalização de uma companhia aérea por puros motivos eleitorais e com base em argumentos falsos, a forma como o Estado trata o sector público (já reparou quantas entidades do sector empresarial do Estado nem sequer cumprem as suas obrigações de reporte?), a forma como o primeiro ministro conduz o seu governo e escolhe os seus ministros (ou os manda para o parlamento europeu, quando lhe dá jeito) pro meras razões de mercearia partidária e de fidelidade absoluta aos interesses do primeiro ministro, a forma brutal como o primeiro ministro trata quem, por alguma razão, passou a ser uma ameaça ao controlo da informação e do poder em que se esgota a acção do primeiro ministro, a forma como os membros do governo passam horas infindas em intrigas e manobras de controlo de informação, a forma como membros dos governos e da assembleia da república tratam informação classificada, a forma como membros do governo e da assembleia convivem alegremente com mentiras despudoradas, a forma como fazem ataques completamente absurdos a terceiros por mera conveniência política, sem o mínimo escrúpulo sobre o efeito corrosivo de médio/ longo prazo nas instituições, como a inacreditável acusação de Eurico Brilhante Dias às bancadas da direita a propósito da divulgação de informação supostamente confidencial (e confidencial porquê, poderia perguntar um institucionalista?), etc., etc., etc..
Não, caro Santos Silva, o que degrada as instituições é o seu silêncio cúmplice durante o período socrático e a sua amnésia selectiva posterior, não é tanto o circo montado pelo Chega numa situação propositadamente montada para obter esse efeito e que convém à sua facção e ao Chega.
Meu caro Santos Silva, o seu sectarismo é muito, muito mais corrosivo para as instituições que pateadas e peixeiradas parlamentares, o sectarismo da sua facção, que defende sempre, sempre, contra toda a decência, é muito mais dissolvente para o prestígio das instituições que os números, previsíveis, ridículos e sem nível que qualquer deputado faça no parlamento.
É no dia a dia do funcionamento das instituições que se constroi ou destroi o seu prestígio, e o dia a dia deste governo, do partido que o apoia e da maioria da Assembleia que o elegeu, chegou a um nível degradação que, não sendo nenhuma surpresa (é o mesmo há pelo menos uma década) é muito deprimente.
PS (Post scriptum, não confundir com o outro): depois de escrito este post, tenho conhecimento de umas perguntas feitas pela Iniciativa Liberal ao Senhor Primeiro Ministro. Acho bem, mas poderiam perguntar a Santos Silva se era a isto que se referia quando dizia que chega de degradação institucional? "“É prática habitual do Governo dar instruções aos serviços de informações para que estes pratiquem atos próprios de entidades com funções policiais, ainda que a lei e a Constituição da República Portuguesa o proíbam”, questiona a Iniciativa Liberal."
“De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra.” (Eça de Queiroz, sempre atual).
A atual maioria absoluta parlamentar do PS conseguiu a proeza de transformar o país numa verdadeira choldra...
A atual maioria absoluta parlamentar do PS conseguiu colocar o país ao serviço de um partido político, sem escrúpulos, sem ética e sem moral...
A atual maioria absoluta do PS conseguiu transformar as instituições do Estado em extensões de um partido político e subverter o funcionamento das mesmas...
Este país tornou-se numa anedota de mau gosto...
Agradeçamos a quem votou neles...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.