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"Coniventes com um crime"

por henrique pereira dos santos, em 26.12.22

A 16 de Dezembro, o Público trazia uma entrevista com Álvaro Vasconcelos, que não sei quem é nem o que fez na vida, vejo de vez em quando uns artigos assinados por si nos jornais, mas não tenho ideia de alguma vez algum desses artigos me tenha despertado interesse suficiente pelo autor.

Resumindo, é uma pessoa sobre quem não tenho a menor opinião prévia, tenho uma vaga ideia de ser um intelectual que é considerado que se dedica a questões estratégicas.

No entanto, este artigo de João Pedro Marques chamou-me a atenção para essa entrevista.

E chamou-me a atenção porque estranhei que um intelectual considerado dissesse mesmo que o Infante Dom Henrique era o primeiro comerciante de escravos.

Interessou-me ler a entrevista toda (apesar de ser feita por Joana Gorjão Henriques, uma militante disfarçada de jornalista, o que me interessavam eram as respostas, apesar da previsibilidade das perguntas), para perceber em que raio de contexto alguém diria tamanha idiotice.

É verdade que logo no início da entrevista fiquei esclarecido sobre a qualidade das tais respostas ao ver a mistura entre a ascensão actual da extrema-direita, o racismo, lusotropicalismo, o Chega, a escravatura e etc., o conjunto de lero-lero com que os intelectuais de esquerda pretendem ser reconhecidos pelos seus pares como anti-racistas.

E é logo aí, perante uma pergunta sobre o facto das memórias de Álvaro Vasconcelos (a entrevista tem como pretexto um livro de memórias que terá publicado recentemente, sobre coisas de há cinquenta anos, quando viveu na Beira, Moçambique) serem diferentes das de muitos que também viveram o mesmo tempo, no mesmo espaço, que Álvaro Vasconcelos comete e proeza de dizer que o Infante Dom Henrique foi o primeiro comerciante de escravos (além de outras tolices histórias do mesmo calibre e que o próprio contradiz na entrevista, começando por dizer que a narrativa colonial e racista do Estado Novo se baseia no lusotropicalismo, para à frente dizer "a retórica de Salazar, qeu dizia que os negros são de raça inferior". São duas afirmações igualmente falsas, mas manifestamente contraditórias entre si).

Há coisas completamente incompreensíveis para quem exija o mínimo dos mínimos de rigor factual e histórico, como afirmar "a denúncia dos abusos do sistema colonial, da ditadura, da forma como existia, não acontecia" na mesma entrevista em que afirma que D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira entre 1944 até à sua morte em 1967, afirmou em 1944 que havia escravatura na Beira.

Não fui verificar a fidelidade desta citação, mas é irrelevante, visto ser um facto bem conhecido (e que desmente Álvaro Vasconcelos em toda a linha) o tumultuoso relacionamento deste bispo com o Estado Novo (e Salazar, em particular), exactamente porque durante os 22 anos em que foi Bispo da Beira (foi o primeiro bispo da Beira) não se ter cansado de criticar duramente as condições de vida das populações, em especial os abusos das grandes empresas agrícolas que, legal ou ilegalmente, tratavam indignamente os trabalhores que arregimentavam.

Um exemplo, bem no início do seu pontificado "a vida do indígena na palhota, em companhia da mulher e dos filhos, encontra-se permanentente ameaçada pelo temor e pela suspeita constantes da chegadade alguém a qualquer hora do ou da noite, para os arrebatar ao lar tão bruscamente que nem podem anunciar à família o seu destino, ou porque o ignoram ou porque nem tempo lhes resta para tanto" (Colonização portuguesa: sentido, objecto, factores, 1946).

Não vou negar histórias como as que usa para justificar afirmações como "As famílias [brancas] variavam e todas exerciam um poder colonial, todas eram agentes do poder colonial", como uma história de que nunca tinha ouvido falar em toda a minha vida (parte passada em África e com centenas de amigos que viveram em África):

"Um negro que partisse um prato em casa era mandado à esquadra levar palmatórias e ele ia por si próprio, com um bilhetinho, a dizer: "cinco, dez palmatórias"".

Nunca ouvi falar disto, mas não me passa pela cabeça dizer que Álvaro Vasconcelos é um mentiroso que inventou esta história, pode ser que acontecesse, eu não sei (toda a história me parece inverosímil, e nunca os mais violentos e brutais patrões, e existiam pessoas violentas e brutais que usavam a sua posição de poder, iriam mandar a polícia dar palmatórias aos seus criados em vez de lhes bater, diria eu, mas é apenas uma dedução lógica que faço, não tenho informação empírica para dizer que isso não acontecia), o que sei é que seguramente não era regra nem seria socialmente aceitável no mundo em que eu, e a minha bolha social, vivia.

Também não vou perder tempo com estupidezes sobre o facto dos mulatos serem essencialmente o resultado de violações de pretas por brancos (tenho a certeza de que Maria Helena Vilhena, que conheci porque foi minha colega no Parque Nacional da Peneda-Gerês, ficaria ofendida com o facto de alguém achar que a filha, Iva Cabral, que resultou do seu casamento com Amílcar Cabral, corresponderia à descrição feita por Álvaro Vasconcelos da origem da generalidade dos mulatos).

O que verdadeiramente me levou a este post é um truque retórica desta esquerda woke que agora pulula por aí.

"E quando se pergunta se não se lembram de como eram tratados os negros em Moçambique dizem que não era tanto assim.

Negam?

Negam, porque não negar é dizer que foram coniventes com um crime.

Acha que há um pacto de silêncio entre as pessoas que viveram e testemunharam as violências do colonialismo [eu avisei que de Joana Gorjão Henriques não se podem esperar perguntas que sejam diferentes desta indigência]

A ditadura fazia de falar um crime [ver acima o exemplo do bispo da Beira, para avaliar bem o que este tipo de proclamações acrescentam à compreensão do mundo]. E essa mentalidade de silenciar os crimes, aquilo que era inaceitável, manteve-se até hoje [para os pobres mortais, claro, a mim, que sou um génio, este tipo de coisas não se aplicam, claro]. Estas pessoas (os retornados) viveram o trauma da descolonização, de sair como saíram, de terem vindo como retornados e vivido em situações que não eram as melhores. Criaram um espírito de pessoas que também sofreram. Sofreram, não há dúvida, mas era boa altura para olharem para o sofrimento dos outros quando eles estavam lá e pensarem que podia ter sido diferente. Se a ditadura nunca se tivesse recusado a negociar com os movimentos de libertação, a descolonização poderia ter sido menos traumática.

Esse pacto de silêncio existe para evitar responsabilização? [eu avisei que de Joana Gorjão Henriques não se pode esperar mais que isto].

Uma parte das pessoas que hoje são vivas eram jovens e não querem responsabilizar os pais. Era evidente que usufruíam do sistema. Mas culpabilizar os pais... As pessoas têm pruridos em apontar o dedo."

Meu caro Álvaro de Vasconcelos, depois de admitir, logo no início da sua entrevista, que as suas memórias são diferentes das de outros, o que é natural, o camarada entretém-se a considerar-se o único com memórias legítimas.

Todos os outros (com excepção dos que disserem o mesmo que o camarada) são uns débeis mentais que se deixam manipular pela tradição salazarista de ocultar crimes e, para além disso (passemos por cima da contradição), dizerem coisas diferentes das suas para ocultar a sua conivência, e a dos seus pais, em crimes.

Mais, acha que muitos dos que foram expulsos da sua terra (qual é a terra de alguém que há duas, três, quatro gerações vive num sítio e nunca conheceu outro?) pelo simples facto de serem brancos, em vez de clamar por justiça anti-racista, deveriam fazer actos de contrição pelo crime de serem um minoria étnica dominante na sua terra, quando o vento da história passou o poder para ditaduras de grupos que fundaram o seu poder no facto de pertencerem à maioria étnica e terem a força do seu lado.

Eu não deveria responder a um racista tão racista que diz que o seu único colega de escola preto "era filho de um assimilado".

"Filho de um assimilado"?

E eu, que me limito a constatar que o meu chefe dos escuteiros, na zona mais burguesa e branca do que é hoje Maputo, a Polana, era preto, sem fazer qualquer juízo de valor sobre essa constatação, é que sou racista enquanto o camarada, que sente nencessidade de qualificar um antigo colega seu como "filho de um assimilado", é um modelo anti-racista?

Vá dar uma curva e, de caminho, mande também 50 euros anuais à missão em Moçambique das irmãs de S. João Baptista e de Maria Rainha que, com esses 50 euros, pagam a educação (que inclui muitas vezes alimentação, material escolar e roupa) a uma criança durante um ano inteiro, em Nampula, o que posso garantir-lhe que tem um efeito muito mais duradouro num deserdado da vida em Moçambique que continuar agora, 50 anos de regime pós-colonial depois, com a sua conversa de treta.

Faça alguma coisa de útil por alguém concreto, em vez de ficar aí sentado a fazer tiro ao alvo, numa demonstração da atitude célebre que Caetano Veloso descreveu há muitos anos: matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem.


9 comentários

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De mariam a 26.12.2022 às 13:13

Admito que houvesse excessos até 1960.
Em 1971 na plena guerra colonial um soldado foi detido por ter dado um sopapo num nativo (preto) e lá ficou em Moçambique não tendo reembarcado com a sua Companhia de regresso a Portugal.
Os nativos eram altamente protegidos pelo regime de Caetano.
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De entulho a 26.12.2022 às 15:21

em 52-55 convivi com um Gorjão Henriques, monárquico de direita.
em 55-7 vivi numa casa com outros colegas, entre eles um sobrinho do  Bispo da Beira. pareceu-me pertencer à linguagem da minha aldeia onde se chamava bispo ao esturro.
nestes anos convivi com mulatos e pretos e fui amigo de alguns, principalmente uma mulata que casou com um branco, dum Rui que ao telefonar dizia 'fala o Ruisinho preto', dum Papel que me disse ''estou fudido quando os brancos abandonarem a Guiné' porque há demasiadas religiões, línguas e etnias que lutarão entre si.

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De Jorge a 26.12.2022 às 17:28

Estes pseudo ativistas querem é espaço mediatico . Constantemente a promover guerras entre pessoas com cor de pele diferente, não merecem mais que desdém e desprezo. Felizmente que vivo numa sociedade multicultural, num pais aberto aos que vêm de fora em especial das ex- colónias, sem complexos e sem receio do passado nem do presente. Podemos viver a vida ressentidos com o passado e obssecados com pessoas e historias que nao vivemos nem presenciámos ou escolher viver o presente de bem com os outros e com um espirito aberto e solidario. Deixemos os ressabiados no mundo deles a lutar com fantasmas do passado e aproveitemos a luz do bem e da vida plena.
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De Octávio dos Santos a 26.12.2022 às 20:45

O tal «livro de memórias» mencionado vai ser apresentado no dia 10 de Janeiro:


https://www.uccla.pt/noticias/apresentacao-do-livro-memorias-em-tempo-de-amnesia-de-alvaro-vasconcelos-na-uccla-0 
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De anónimo a 27.12.2022 às 01:48

Se foi mesmo  Álvaro Vasconcelos a afirmar aquilo sobre "comércio de escravos", então o homem poderá perceber muito de politiquices mas de este tema não percebe nada. Não é só ele.
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De lucklucky a 28.12.2022 às 04:48


Ele sabe muito bem o que diz.


Perguntem-lhe é sobre o comércio de escravos pelos Árabes... aí é que as coisas ficam interessantes...
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De Anónimo a 27.12.2022 às 08:02

Cabe às Ciências Sociais resolver os problemas da humanidade. Estão no caminho certo.
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De uidade e a 27.12.2022 às 09:44

Também vivi em Moçambique e podia comprovar (se pudesse relatar) que pertenço ao tal grupo de pessoas que não partilha as mesmas memórias de África nem do poder branco colonialista referidos pelo AV. As minhas experiências são, de facto, "diferentes" das dele  _ e a memória delas também_ e até vão num sentido diametralmente oposto, o que muito me orgulha. Se houve quem tivesse tido uma experiência riquíssima de aceitação mútua das diferenças étnicas, linguísticas, religiosas, sociais, culturais, geográficas e até gastronómicas foram os retornados que a tiveram. Viveram genuinamente, pacificamente e abertamente  o "multiculturalismo" avant la lettre.
Se os "actos" relatados pelo entrevistado existiram, certamente foram raros e pontualmente, mas AV não só afirma que era uma prática comum generalizada, como afiança que era um "exclusivo" dos colonialistas brancos portugueses que tinham esta peculiaridade intrínseca  de serem patrões brutais e selvagens, racistas e esclavagistas. É chocante! E diria que se tratava de delírio ou duma alucinação, não fosse o facto de saber que esta distorção da realidade é intencional e deliberada, com fins políticos ao serviço de uma ideologia específica e da cultura "woke". Provavelmente o AV vende-se bem.


De volta ao tema, também no meu mundo e na "minha bolha social"  tais costumes não eram praticados nem seriam aceitáveis. E posso acrescentar mais: se essa fosse uma prática tão comum e tão disseminada como ele afirma, seria  impensável que passasse despercebida . Claro que há e  haverá sempre patrões brutais em todos os tempos, em todas as latitudes e longitudes e certamente em todas as etnias. 
O que AV se "esqueceu" foi de fazer a distinção absolutamente indispensável  entre dois conceitos civililizacionais inconfundíveis: ser "colonialista" e ser colonizador! Sem estes "azimutes" ... não vai lá, porque isso lhe permitiria ter as coordenadas do que "viveu" em África.  Foi pena. E foi um desperdício de  valor...  "engoliu" uma pérola como fez o galináceo da fábula latina que a comeu por não ter sabido...  distingui-la!
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De Francisco Almeida a 27.12.2022 às 11:26

Reproduzo um comentário que deixei ao artigo de João Pedro Marques, <i>Alvos a abater: o Infante e o Padrão</i>
Os artigos de João Pedro Marques são habitualmente excelentes e este não destoa. Reconhecendo-lhe o valor informativo e a qualidade, para mim, pessoalmente, foi duplamente inútil.
Primeiro porque Álvaro Vasconcelos foi há muito eliminado da minha atenção. Não oiço nem leio. Desligo.
Segundo porque o Infante D. Henrique é - para mim, repito - uma figura desinteressante com muito de fraude e aproveitamento comercial. <i>Prince Henry, the Navigator</i> foi em grande parte uma criação inglesa e é hoje uma imagem de marca que Portugal já não dispensa.
Mas não é essa a realidade.
Como pessoa, apesar da época, dos usos etc., mesmo assim, acho chocante que assistisse a cavalo ao apartar das famílias dos escravos separando casais e filhos. Bem sei, que na época, ninguém sabia que a relação familiar era muito mais intensa entre africanos do que entre europeus. E que muitos entendiam que os negros não tinham alma. Reconhecendo tudo isso, não deixo de achar chocante.
Depois é, no mínimo dos mínimos, suspeito o ter-se atrasado no apoio a seu irmão D. Pedro em Alfarrobeira. Tanto mais que D. Pedro não morreu em combate, foi assassinado, depois de já vencido, por um criado do bastardo de Bragança o que nunca teria podido acontecer se a hoste de D. Henrique estivesse presente.
Depois ainda porque inicialmente até foi contra os Descobrimentos, De facto o país e até a família real, dividiu-se numa concepção mais feudal que pretendia o prosseguimento das conquistas no Norte de África e outra - a que, com todas as falhas dos rótulos, chamo atlantista ou mercantilista - que desejava os descobrimentos, aspirando à exploração comercial. O verdadeiro pai dos Descobrimentos foi o Infante D. Pedro, que como regente, decidiu contra os irmãos D. Henrique e D. Afonso de Bragança.
Morto D. Pedro, o que antes se fazia com rendimentos dos senhorios reais e da Ordem de Santiago, com D. Henrique já não se fez com a Ordem de Cristo. Assim a empresa foi arrendada a um particular, diz-se que judeu, com a obrigação de todos os anos descobrir 100 milhas de costa africana, Entretanto D. Henrique preocupava-se com as suas ilhas e o monopólio dos sabões. O que a história oficial entendeu substituir pelo mito da Escola de Sagres, de que tudo se desconhece pelo simples motivo de nunca ter existido.
Se contraprova fosse necessária, pouco depois, D. João II, a quem o pai outorgara a maior parte dos senhorios da costa, no fundo repondo  o património antes administrado por D. Pedro, logo reimpulsionou os descobrimentos, com esses rendimentos e os da Ordem de Santiago, não precisando para nada de capitais privados, chamemos-lhe assim.

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