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Os encontros e relações pessoais mais desagradáveis com que deparei ao longo da minha vida social e profissional deram-se sempre com aqueles indivíduos com uma autoconfiança desmesurada face às suas reais capacidades intelectuais. Numa relação de continuidade, obrigam-nos a um grande esforço de tolerância e autodomínio. Mais trágico é quando essa segurança não se faz acompanhar pela necessário calibre ético e moral. Estamos a falar do vulgar aldrabão que, se for dotado de uma esperteza acima da média, pode provocar muitos estragos aos seus semelhantes, e mais ainda se tiver enveredado na política. São pessoas que falam alto com frequência, com as certezas na mesma proporção em que lhes faltam escrúpulos. Numa análise precipitada, a mentalidade moderna igualitária favorece-os, mas, na verdade, mais cedo que tarde, a corrida de longo curso que é a existência acabará por fazer justiça. É uma intuição minha, que já vou para velho.
O problema da autoconfiança desmesurada é que ela com frequência impede um olhar panorâmico sobre um problema e, o que é pior, demasiadas vezes inibe a capacidade de se colocar no lugar do outro, anulando-o. A pressa de proclamar um veredicto também não ajuda. A complexidade da realidade é por natureza uma lição de humildade. A riqueza do olhar exterior resultará no mesmo. Por isso é que a insegurança e a dúvida são agentes de empatia entre as pessoas, que são uma amálgama de imperfeições. Um pequeno defeito físico pode até constituir um factor estruturante para uma personalidade mais empática, mais rica, mais inteira.
Esse é o fascínio da humanidade. Como um interminável e intrincado puzzle, com falta de peças e de desenho difuso em constante ajustamento. Pessoas que nunca mais acabam somos todos, a reclamarem olhos suficientemente curiosos e atentos para se deixarem seduzir. Como é que é possível não acreditar em Deus, num desígnio maior? O defeito, o erro, a precaridade revela-nos esse conceito de perfeição, um absoluto, algures.
Eu sei bem quais os pequenos arranjos que a minha pessoa precisava para ser mais perfeita, para que alcançasse superiores patamares de realização, talvez de santidade. Gostava de não me preocupar tanto com o olhar ou a voz dos outros, que às vezes me provocam arritmias e me embargam a voz que queria dizer tudo certinho. Gostava de saber ouvir melhor os outros, de ler mais, ter mais memória, ser mais rápido no pensamento, mais versátil na verbalização, como alguns advogados ou políticos que vemos na televisão.
Não estou é nada certo que a minha gente gostasse dessa pessoa. Estamos bem assim
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Acho que não percebeu a substancia do texto...