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Compreender o regicídio

por Daniel Santos Sousa, em 01.02.23

 

Quando Portugal teve 3 Reis em apenas 1 dia | VortexMag

1-Nas origens da tragédia


O regicídio cultiva nas diferentes fileiras políticas um misto de simpatia e de desprezo, de romantismo e de horror. Assim como na morte de Luís XVI, em França, de Nicolau II, na Rússia, ou  a morte do rei mártir Carlos I, em Inglaterra, não há tragédia que não venha antecedida de uma circunstância, entretecida por motivos e ideais programados à inteligência dos homens. Compreender um crime não é um acto de compaixão, mas de justiça, por mais complexo, arbitrário, obscuro, que nos possa parecer.

Aquilino Ribeiro tece um retrato apaixonado dos regicidas, ele próprio um cúmplice. No livro “Um escritor confessa-se” a descrição mede o rancor e o desprezo com que olhava o regime; ali traça a espera justicialista da redenção pelo crime, do sangue pela virtude. Aquilino escreve: “o regicídio foi a enfloração lógica de ideias, ódios e revoltas, semeados a trouxe-mouxe por monárquicos e republicanos num solo bárbaro, propício à violência”.

Independentemente do contexto a reflexão parece lapidar e soma as várias circunstâncias que altivaram a catástrofe. O século XIX é bárbaro e inclemente numa sinecura de traições e cobardias. A guerra civil dilacerara as consciências, onde apenas poderia restar o divisionismo e o sectarismo partidário. As inteligências não progrediram dessa angústia, restando a evolução dum sistema parlamentar e rotativo muitas vezes olhado com desdém. Ainda que as obras de melhoramentos materiais, as grandes reformas codificadoras, a transformação político-administrativa perpetrada pelo regime tenha mudado Portugal. Acuse-se o facto de o constitucionalismo ter sido imposto de cima para baixo, muitas vezes confrontando a desconfianças do povo e a incompreensão do “país legal” face ao “país real”. O trono fora poupado, mas as forças que avançavam faziam antever o pior. Fialho de Almeida constatava: “Ah, os tempos mudaram! Já não são os reis que fazem os povos”[1].

2 – O radicalismo na monarquia

A maçonaria radicalizava-se no ano de 1907 com a eleição, para grão-mestre, de Magalhães Lima, nele, o discurso contra o trono e o anticlericalismo eram constantes. A carbonária portuguesa, copiada da italiana de onde tem origem, era verdadeiramente uma milícia armada, como comprovam os testemunhos da época. Os populares acorriam à seita e mesmo os próprios republicanos ficaram incrédulos perante uma lista de carbonários apresentada por Antonio José de Almeida. Treinavam o tiro e incentivavam o ódio ao regime, ódio ao Rei sobretudo, e estavam prontos a matar e a morrer por aquela causa.

Como notava um jornalista republicano, Homem Cristo, a antipatia a D. Carlos resultava “unicamente da forte personalidade que, desde príncipe real, D. Carlos revelara…” e como o povo de Lisboa “sentia, por instinto, no futuro reinante, um adversário.” [2] . Outro, Júlio Vilhena, diria que, D. Carlos fora morto, “não pelos seus defeitos, mas pelas suas qualidades”.

Dentro do regime os ânimos acicatavam ódios antevendo o pior. José Apolim, chefe do Partido Regenerador, tivera atitudes desprezíveis e odiosas face a D. Carlos, levando o jornalista republicano Pinheiro Chagas a cognominar esse político como “o regicida”. Constata-se, assim, no seio da própria monarquia, uma vacuidade total para defender o trono. Quanto aos que podiam defender o Rei, esses iam desaparecendo, primeiro Fontes, o líder regenerador, depois Braancamp, líder progressista, mais tarde Hintze Ribeiro, dedicado conselheiro do Rei, que morreria decepcionado por ter sido preterido por João Franco. Desapaixonadamente, D. Carlos confessaria: “Isto é uma monarquia sem monárquicos”.

3 – Um rei entre tragédias

D. Carlos teve grandes êxitos na política colonial, e, ao mesmo tempo, uma grande derrota que foi o Ultimatum Britânico. Teve consciência dos vícios que corroíam o poder e conhecia bem os desígnios da autoridade, suficientemente consciencioso para ser um realista político e perceber a enfermidade de que vivia o regime [3]. Bonacheirão e marialva, bon vivant, verdadeira têmpera aristocrática, tinha ao mesmo tempo o sangue vivo dos Sabóia. Pela têmpera jamais se deixaria desrespeitar, podia ser clemente e rígido, autoritário e impávido, ao mesmo tempo, mas nunca cobarde e jamais recuaria face ao perigo. Mas também um activo estudioso de oceanografia, pintor exímio e homem de estado audacioso e determinante [4].

O rei resistiu à primeira tentativa de golpe republicano no Porto, a 31 de Janeiro de 1891, ali demonstrou que não deixaria ser derrubado. A desordem não ficou por aqui. Em 1906, a tripulação a bordo do cruzador “D. Carlos” amotinou-se, obra de uma sociedade secreta, segundo se apurou, com sangue frio resiste a todas as crises e apercebe-se da insustentável fragilidade do regime. Procurou assim combater a decadência do sistema através de uma "revolução de topo" (conforme propugnara Hegel) e que encontrara expressão, no fim de século, pela  pena de Oliveira Martins no programa da "Vida Nova". Desaparecido na decepção profunda em que mergulhava o país restou a D. Carlos confrontar-se com as exigências de um tempo que parecia ameaçar todas as instituições. João Fraco seria, pois, o último  baluarte face ao avanço da desordem. Sobre o ministro recaíram todas as antipatias e respeitos (conforme se interpretem as suas decisões e conforme se estudem as suas medidas políticas). Não há como concordar na atitude do Rei face à certeza de que nem progressistas nem regeneradores conseguiam governar com o Parlamento.

Sobre a “ditadura” franquista, uma geração de historiadores republicanos, e mais tarde de historiadores marxistas, fez a confusão mais espúria ao ver Franco como uma antecipação do salazarismo (o que não é verdade [5]). João Franco era um liberal, um homem do sistema que compreendia a fragilidade do regime, o que protagonizava não se afastava dos modelos a que a restante Europa propugnava: um regime que mantivesse a liberdade e garantisse a ordem. Tal como Bismarck, na Alemanha, ou Disraeli, na Inglaterra, procurava as medidas necessárias para reformar o sistema. Este tipo de “ditadura” era comum nos sistemas liberais: o rei dissolvida o parlamento e nomeava um chefe do governo com o qual elaboraria decretos que seriam aprovados quando o parlamento reabrisse [6].

A ditadura servia como última consequência do demo-liberalismo, no fundo uma “ditadura administrativa” que mais não agoirou do que em ódios fervorosos tanto dos monárquicos, como dos republicanos, numa crescente de ataques que iam desde vaias ao rei a críticas ferozes a João Franco.

4 – A desordem

Seria fácil acusar apenas o grupo, não muito significativo, de republicanos pelas críticas e conspirações, ou ver na carbonária o braço armado que levou ao assassinato, ou ainda tecer injúrias a Buiça e a Costa. Acontece que os próprios políticos dos partidos monárquicos estavam de conluio no ódio ao Rei alimentados pelo apoio que dava a João Franco, a priori, este seria o homem a abater.

A primeira conspiração correu mal, a 28 de Janeiro de 1908. A ideia era raptar João Franco, o que falhou; enquanto outros que ficaram de invadir a Câmara Municipal foram denunciados e perseguidos. Percebiam-se os ataques à ditadura de João Franco e era necessário que não houvesse tréguas. Procurou-se que o rei soubesse os motivos da revolta e assinasse um decreto onde permitiria que deportassem para o desterro no ultramar os chefes republicanos. O rei assinou, declarando: “Assino a minha sentença de morte”.

 A 1 de Fevereiro quando o rei e a família real desembarcaram no Terreiro do Paço veio a catástrofe. Embora se tenha justificado que o Rei e o filho foram mortos porque os conjurados não encontraram João Franco, o facto é que havia entre os revolucionários quem entendesse ser necessário “abater” o Rei. O tiro que matou D.Carlos foi desferido por Buiça, um professor primário; o outro tiro, que abateu um jovem príncipe de vinte anos, foi desferido por Costa, um caixeiro duma loja de Lisboa. Ambos carbonários, homens idealistas e fanáticos.

A descrição de Aquilino surpreende num homem que a cultura lusa tem por sumidade, demonstra como até as mentes mais esclarecidas conseguem ficar entupidas de fanatismo. A sua critica à monarquia é básica e as suas observações rudimentares, não superam a fragilidade da coscuvilhice e do mal-dizer, não tem argumentos sólidos, mas a forma como escreve e o que o motiva a escrever, é talvez determinante para chegar à mente dos regicidas e da percepção que estes tiveram naquele segundo em que premiram o gatilho.

Ele escreve: “A geração a que pertenço nasceu revolucionária, as gerações que alvoreceram depois de mim revolucionárias perduram.” Era talvez uma verdade mais romântica do que realista, mas é a partir desta declaração que percebemos muitas das contradições de um tempo que ansiava por uma nova alvorada, de utopia e de sonho, de revolução e de morte, de sangue e de martírio.

O século XX português começa então em 1908, num Portugal já sem grandes certezas da sua missão histórica, pessimista quanto ao futuro, dividido em facções políticas entre ambições e desalentos que gerariam as crises das próximas décadas.
_____________________________
[1] PABON, Jesus, A Revolução Portuguesa, colecção Grandes Estudos Históricos 1959.
[2] CRISTO, Homem, Notas, IV, Lisboa,
[3] RAMOS, Rui, D. Carlos, Coleccção Reis de Portugal, Vol.XXXIII
[4] Idem
[5]RAMOS, Rui, João Franco: uma educação liberal (1884-1897) Análise Social, vol.xxxvi (160), 2001, 735-766, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
[6] RAMOS, Rui, …



13 comentários

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De entulho a 02.02.2023 às 08:57

texto impecável
actualmente temos no poder uma dupla de insucesso com a qual não tivemos passado próximo. nem presente e muito menos sem futuro.
a tv já mostrou o PR a mudar a fralda do pm
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De balio a 02.02.2023 às 11:38


Essa argumentação de que João Franco era um liberal que no entanto governava através de uma ditadura parece-me assim a modos que como a Santíssima Trindade - uma contradição nos próprios termos que só pode ser entendida como um mistério.
Ou bem que um sistema é liberal, ou bem que é uma ditadura. Não pode haver uma "ditadura que era comum nos sistemas liberais".
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De Anónimo a 04.02.2023 às 09:48


O ambiente do país era de grande agitação, como acontece sempre em "fim de regime". Mas o descalabro que se atingiu tinha laivos daquela irracionalidade de "quanto pior melhor". João Franco não era um ditador, mas como diz Daniel Sousa, "um liberal que não se afastava dos modelos a que a restante Europa propugnava: um regime que mantivesse a liberdade e garantisse a ordem. Tal como Bismarck, na Alemanha, ou Disraeli, na Inglaterra, procurava as medidas necessárias para reformar o sistema ". 
Naquelas circunstâncias muito precisas de descontrolo do país, João Franco fez o papel do "adulto na sala" e, face ao avanço avassalador da desordem, teve de tomar medidas proporcionais, i.e., com força igual àquela "onda" para garantir a ordem _ palavra que não constava no programa dos revolucionários e muito menos estava nas suas mentes _ e assim, os republicanos lhe chamaram "ditadura" por ter sido uma pedra no caminho que lhes travou o passo e criou entraves aos seus avanços e "planos" revolucionários.
E como o lado vencedor da História "fabrica" sempre alguns mitos da sua conveniência, João Franco tornar-se-ia, à época e para a posteridade, figura antipática para os republicanos jacobinos e, evidentemente, também para os historiadores bolcheviques coevos e futuros... hoje nossos contemporâneos que cunharam este período de "ditadura franquista".
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De Anónimo a 04.02.2023 às 11:20

É preciso entender que, à época, nem "ditadura" nem "liberalismo" tinham o significado e a conotação de hoje.
A palavra "ditadura" _ que muitas vezes também descambam em autocracias _ sofreu uma evolução semântica e hoje só as designamos como ditaduras, à luz do conhecimento e experiências recentes a partir do séc.XX. 
Em tempos mais recuados, houve déspotas que concentraram neles todo o poder com mão de ferro e tinham também o culto da personalidade, e no entanto não eram definidos na época (nem hoje) como regimes "ditatoriais" ou "autocracias" (embora o fossem pelos nossos padrões actruais). Estou a lembrar-me, por ex., do marquês de Pombal.
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De Anónimo a 04.02.2023 às 14:41

Na República da Roma Antiga, em períodos de grandes conturbações políticas difíceis de dominar, era usual suspender-se voluntariamente o "regime" para dar lugar a uma ditadura temporária. Nesse tempo era, portanto, uma prática comum chamar-se um tirano para pôr cobro aos desmandos e aos excessos até que o regime se regenerasse. O lendário pragmatismo dos romanos levava-os a aceitarem a ditadura como uma inevitabilidade em nome de um bem maior: a ordem. O "dictator" era eleito pelo Senado romano, e eram-lhe dados poderes para governar a república em períodos de emergência. Essa função era desempenhada por um general porque _uma vez que dominava o exército_  era temido e fazia-se obedecer. 
Depois de restaurada a ordem, a república regressava ao seu normal funcionamento.
De certa forma, João Franco chamou a si o papel do "general" temporário que se propôs restaurar a ordem e regenerar o regime.  
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De Anónimo a 04.02.2023 às 15:09

A nomeação de um ditador para uma situação de emergência, era legal na República Romana e na cultura etrusca. O termo Ditador não tinha o significado negativo que tem agora.  Um ditador era um magistrado investido de um poder exclusivo e absoluto mas um poder por um período limitado de tempo. No final do mandato, o poder do ditador cessava e o regime anterior voltava. 

 
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De Anónimo a 04.02.2023 às 10:07

(cont.) E ainda lhe digo, Balio, o termo "ditadura" (de João Franco) foi uma "avaliação" enviesada e espúria, porque era a que mais contribuía para atiçar  os excessos fervorosos dos opositores ao regime e engrossar as fileiras anti-monárquicas.  Foi, pois, uma "avaliação" oportunista, que servia os intentos dos republicanos para arrebanhar e instigar os mais fanáticos. Fomentaram a crispação e em consequência, entrou-se num ambiente de intolerância, de irracionalidade e de facciosismo extremado. Havia um clima aceso de conspiração permanente, que desencadearia as acções posteriores dos carbonários e dos bolcheviques da época (estes sim, defensores de regimes opressores). João franco fez o que faria qualquer um naquelas circunstâncias: Tentou salvar o regime.
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De Anónimo a 02.02.2023 às 11:50

AQ era o quarto na linha de assassinos de D. Carlos. Fugiu para França.
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De Anonimo a 02.02.2023 às 16:03

A adjectivação de quem prime o gatilho depende sempre de quem escreve o livro
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De margarida palma a 02.02.2023 às 19:05

O Regicídio é um dos mais tristes acontecimentos da nossa História,e a morte do Rei, daquele Rei, e naquele tempo, foi de facto uma perda enorme de trágicas consequências .Agradeço pois ao autor do post o texto claro, a síntese breve que consegue fazer de um episódio tão complexo no antes e no depois, porque houve muito antes e muito depois em volta deste crime cobarde. Os republicanos eram republicanos. Mas os monárquicos...
Enfim, aqui ficam os meus parabéns ao autor do texto, e, se ele me dá licença,   gostaria apenas de acrescentar três notas:
-  Por estudos recentes, parece ter sido o Buíça quem matou o Rei e o Príncipe. A ser assim, confirma-se o testemunho dado pela Rainha, logo após o assassinato do Marido e do Filho.
-  Porque nem todos os leitores andarão, de há muito, a tentar perceber, o melhor que podem, o que naqueles  anos se passou, e não lhe serão familiares os nomes de algumas pessoas citadas, para que não haja equívocos, esclareço: o jornalista conhecido como Pinheiro Chagas(filho do escritor do mesmo apelido) é Álvaro Pinheiro Chagas, sempre fiel monárquico até à morte, liberal, amigo de Paiva Couceiro, com quem esteve nas incursões. O jornalista republicano, e depois político importante,  é João Chagas, primo dos anteriores, também ele Pinheiro, mas conhecido, como disse, por João Chagas.
- O autor do texto explicou muito bem o que era então a "ditadura" e como acontecia nos regimes liberais. O comentador que teve dúvidas quanto ao assunto se reler o texto fica  esclarecido.
Uma vez mais obrigada ao autor e ao blog.   
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De balio a 02.02.2023 às 21:10

Explique-me a Margarida, por favor, como raio pode uma pessoa que quer "manter a liberdade" ser uma ditadora? Pois a ditadura é, por definição, o oposto da liberdade (política).
E que raio de liberalismo é esse em que se encerra o Parlamento e em que mais tarde se força este a aprovar certas leis que entretanto foram promulgadas. Isto parece-me liberalismo à moda das Arábias...
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De Anónimo a 04.02.2023 às 10:33

Não confundir a existência de uma certa "ordem" com falta de liberdade. Não concebo uma Liberdade ilimitada, sem regras. A Liberdade com regras não é uma ditadura, é um limite que me imponho a mim mesmo, porque a minha liberdade deve acabar onde começa a liberdade do meu vizinho. Fora desta organização com "ordem" e regras, o que existe é um sistema anárquico.
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De passante a 07.02.2023 às 00:09


O assassinato como forma de expressão política - "soap box, ballot box, jury box, ammo box" - tem muita história:


https://en.wikipedia.org/wiki/Harmodius_and_Aristogeiton
https://en.wikipedia.org/wiki/Sic_semper_tyrannis#cite_note-4



https://medium.com/in-medias-res/the-real-source-behind-sic-semper-tyrannis-b2bc3ddc70dc



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