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Como o IGCP desvendou a factura socialista

por Maria Teixeira Alves, em 14.01.16

Não há milagres quando toca a balanços. Receitas (activos) de um lado, despesas - que quando superam as receitas são financiadas com dívida - (passivo) do outro. 

As promessas do Governo, as benesses, as reversões, os aumentos, tudo custa dinheiro ao Orçamento de Estado. Então o que pensou o bom do Costa e o bom do Centeno? "A gente dá já e paga depois. Se calhar já não estaremos cá nós para pagar. Logo se vê. A gente dá já, e ganhamos o eleitorado para irmos a eleições e ganharmos".

Assim vejamos:

A redução do défice público será mais lenta. O reverso da medalha é que entre 2016 e 2019 será necessário financiar nos mercados mais 10,9 mil milhões de euros

Os défices orçamentais previstos pelo Governo para o período 2016 a 2019 exigirão que o Estado português financie nos mercados 17,1 mil milhões de euros, o que representa um acréscimo de 10,9 mil milhões de euros face aos planos tornados públicos há apenas quatro meses (6,2 mil milhões, quase três vezes menos). O aumento é notado pela UTAO, a unidade técnica a trabalhar no Parlamento na sua última nota de análise à dívida pública.

Estes dados ficaram públicos (grande maçada) porque o IGCP, liderado por Cristina Casalinho, fez uma apresentação aos investidores onde consta aquele mapa.

O défice público será de 2,8% do PIB este ano, o que compara com a anterior previsão de 1,8% do PIB; e baixará para 1,5% em 2019, o que contrasta com a anterior previsão de um excedente orçamental nesse ano.

Segundo a UTAO isso significa em termos de necessidades de financiamento acrescidas: "O défice orçamental do Estado fixar-se-á em 5 mil milhões de euros, 3,8 mil milhões de euros e 3,1 mil milhões de euros em 2017, 2018 e 2019, respectivamente", o que configura "uma revisão em alta face à última previsão [comunicada pelo IGCP aos investidores em Setembro]". "Em termos acumulados, entre 2017 e 2019, será necessário financiar cerca de mais 9 mil milhões de euros do que o previsto em Outubro de 2015".

O Estado atira ainda 6,6 mil milhões de dívida do FMI para pagar depois da legislatura (sendo o custo médio da dívida do FMI de 4,7% e estando nos 2,6% os juros da nossa dívida a dez anos no mercado). Pois o Estado previa pagar antecipadamente ao FMI 16,9 mil milhões de euros, e agora diz que só vai reembolsar 10,3 mil milhões de euros.

Segundo o Negócios: «Como o défice previsto para este ano foi também revisto em alta de 3,2 mil milhões de euros para 5,2 mil milhões de euros, mais dois mil milhões de euros, conclui-se que, na legislatura, o acréscimo de necessidades de financiamento face à anterior previsão será de cerca de 11 mil milhões de euros, que terão de ser financiados nos mercados. Estas não são as necessidades totais de financiamento do Estado. Ao défice orçamental, será necessário adicionar compras de activos e as amortizações de dívida. Ao todo, entre 2016 e 2019, o IGCP terá de financiar 73 mil milhões de euros, quase tanto como o dinheiro pedido emprestado à troika. Este valor representa um aumento de 9 mil milhões de euros face aos planos de há quatro meses».


11 comentários

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De DS a 14.01.2016 às 20:13

A Assunção Cristas não é respeitada pelas televisões. Incrível as opções editoriais a não cobrirem o seu anúncio em directo ou a comentarem por cima da declaração após os primeiros 75 segundos...
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De Maria Teixeira Alves a 15.01.2016 às 12:01

Concordo. Cristas vai ser vítima de um mal que eu conheço bem. É mulher, é de direita e é conservadora (pelo menos na comparação com a maioria). Isso é fatal para esta sociedade mediática. É logo motivo para não se respeitar, nem lhe dar crédito.
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De Ali Kath a 14.01.2016 às 21:29

Sá de Miranda
'ao cheiro da canela o reino se despovoa'


até fiquei amarelo
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De Luís Lavoura a 15.01.2016 às 09:29

"entre 2016 e 2019, o IGCP terá de financiar 73 mil milhões de euros. Este valor representa um aumento de 9 mil milhões de euros face aos planos de há quatro meses"

Ou seja, passou-se de 64 mil milhões para 73 mil milhões, um aumento de 14%. Não me parece uma coisa assim tão escandalosa.

Há também que notar que, desse aumento de 9 milhões, cerca de um terço (3 milhões) correspondem ao rombo causado pelo BANIF. Um rombo que há quatro meses era previsível, mas que Maria Luís se recusou a prever.
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De Maria Teixeira Alves a 15.01.2016 às 11:59

Acho que não vale a pena atirar as culpas do Banif para a Maria Luís. A Maria tem tanta culpa como o Centeno. A realidade estava lá antes e depois. Uma não quis fazer aquilo que o Centeno fez porque estava numa altura difícil para Portugal e o outro fez. É simples. Embora tragico, claro.
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De Luís Lavoura a 15.01.2016 às 12:22

Adenda ao comentário anterior:

(Utilização política que a Maria T.A. faz neste post, em particular - quando se "esquece" de dizer que boa parte do aumento de gastos se deve a uma coisa que já lá estava no tempo do anterior governo.)
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De Maria Teixeira Alves a 15.01.2016 às 15:55

Isto não é verdade 
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De Luís Lavoura a 15.01.2016 às 15:01

Eu não atiro as culpas do BANIF para a Maria Luís. Culpo-a é por ter adiado e ocultado o problema do BANIF. Esse adiamento e ocultação serviram para que a Maria Luís não se queimasse com o problema, e para que agora o BANIF pudesse ser utilizado politicamente contra o governo PS. Como, por exemplo, a Maria T.A. implicitamente faz neste post - ao culpar o PS de gastar mais dinheiro do que o previsto, quando boa parte desse gasto adicional se deve a algo que já deveria ter sido colocado nas previsões anteriores, porque já era sabido que iria rebentar.
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De Maria Teixeira Alves a 15.01.2016 às 15:52

Eu não culpo o PS pelo Banif. O Banif é culpa das gestões. Na minha modesta opinião. :)
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De Luís Lavoura a 15.01.2016 às 16:13

Claro, o colapso do BANIF é culpa de quem o geriu. Nisso estamos de acordo.
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De Fernando S a 15.01.2016 às 12:06

Luis Lavoura : "Não me parece uma coisa assim tão escandalosa."

Então o programa do PS não previa antes uma diminuição do déficit e da divida ainda maiores do que com o governo anterior, tudo graças a um crescimento maior em resultado do fim da austeridade e do relançamento da economia ???!!!...
O contrário ao fim de pouco mais de um mês de governo não é um escândalo ?? 

Quanto "ao rombo causado pelo BANIF. Um rombo que há quatro meses era previsível, mas que Maria Luís se recusou a prever".
Não, não era previsivel.
O que era previsivel é que a perspectiva de um governo de uma esquerda que ameaçava com a falencia do Banco e o anuncio na praça pública de uma resolução iminente tivessem levado a uma fuga de depósitos, à exclusão do Banco do acesso à liquidez do BCE, a uma resolução com uma forte desvalorização dos activos "bons" (na verdade, no final deste processo, o "rombo" até pode vir a ser menor), e à venda precipitada e ao desbarato do que restava do Banco. 

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